Por Oleg Almeida

Meus pais me viam formado em medicina:                                  Aviary Photo_130721569284833431

segundo eles, um cirurgião conhecido

era um semideus.

“A saúde é bom negócio” – diziam com insistência –

“de qualquer coisa morre o médico,

menos de fome!”

A opinião dos avós

convencidos de que, pelejando,

eu chegaria a ministro

ou, na pior das hipóteses, funcionário da prefeitura

era bem semelhante:

dão segurança os cargos públicos, alegavam,

além de treze salários ao ano;

quem tiver um, nunca se arrepende.

Logradas as esperanças de todo o mundo,

tornei-me poeta,

ou seja, um híbrido de filósofo e palhaço

que trata por “tu” as autoridades,

até as supremas,

sem delas ganhar um tostão furado.

Faz tempos que vivo brincando com as palavras,

cultivo-as qual um jardim florescente,

componho de sílabas e acentos meu próprio universo –

tão louco,

tão lindo,

tão multifário, talvez, como o verdadeiro,

repleto de música,

rico em cores, sabores, olores.

E quando proclama o cético de colarinho fechado

que não se vendem os versos,

respondo amavelmente:

do mesmo jeito que não se compram as almas!

 

Sobre o autor: 
Nome completo: Oleg Andréev Almeida. Nasceu em 1º de abril de 1971 na Bielorrússia, uma das repúblicas ocidentais da então União Soviética. Começou a escrever com 9 anos de idade. Quer conhecer mais? clique aqui