O jornalista Glenn Greenwald, que atuou na Vaza Jato, ação jornalística que revelou as fraudes da Lava Jato, que se revelou comandada por Sérgio Moro, parece ser uma espécie de Marco Aurélio Mello do jornalismo. Tanto Glenn quanto Marco Aurélio, ex-juiz do Supremo Tribunal Federal, mantêm um grande rigor nas respectivas áreas, mas se deixam contaminar por uma espécie de sedução do ego. Parecem querer sempre ser a voz da razão que se destaca da maioria em busca de um brilho a todo custo fora do senso comum. O problema é que não raras vezes agem de forma complacente com as formas reacionárias, violentas e autoritárias.

Glenn e Aurélio (foto de vídeo)

Glenn se destacou ao divulgar as monstruosidades do governo dos EUA. Em junho de 2013, através do jornal britânico The Guardian, Glenn Greenwald foi um dos jornalistas que, em parceria com Edward Snowden, levaram a público a existência dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos, efetuados pela sua Agência de Segurança Nacional (NSA).

Marco Aurélio também teve posições importantes em defesa da democracia. Outras não, sempre dissonante. Mas tudo parece ser uma vontade ególatra. Quando havia o lawfare judicial hegemônico contra Lula, ele tomou decisões contrárias. Na época, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello concedeu liminar favorável à Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) n. 54, que concedia liberdade aos presos com condenações em 2ª instância. Com a decisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia ter sua liberdade decretada, assim como outros presos na mesma condição. Mas talvez não tenham sido por convicção jurídica, mas sim por simplesmente ser o desejo da voz dissonante.

Agora Glenn decidiu atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que está combatendo os terroristas que depredaram a Praça dos Três Poderes, tendo o respaldo da maioria da Corte, dos democratas do Senado e da Câmara. “Existe agora, ou já existiu, uma democracia moderna onde um único juiz exerce o poder que Alexandre de Moraes possui no Brasil? Não consigo pensar em nenhum exemplo sequer próximo”, postou Glenn expurgando a depredação de Brasília. Os ministros do Supremo podem e devem ser criticados, mas fazer coro ao fascismo é incapacidade de compreensão histórica.

Parece que Glenn e Marco Aurélio não conseguem enxergar uma palmo além da letra jurídica ou jornalística. Parece haver dificuldade de entender o contexto social e histórico. Eles enxergam o fato, seja jurídico ou jornalístico, de forma pontual e não medem consequências. O importante talvez seja o próprio brilho dissonante.