(foto rdne – pxl)

Da RBA – Os Estados Unidos estão prestes a promover uma mudança histórica em relação à maconha. A agência federal de combate às drogas (DEA–Drug Enforcement Administration) deve reclassificar a cannabis como “droga menos pesada”. A informação foi divulgada pela agência de notícias Associated Press nesta terça-feira (30) . A CNN Brasil confirmou, e disse que o governo do presidente Joe Biden deve adotar ainda hoje medidas que passam a considerar a maconha como droga de “menor risco”.

Há mais de cinco décadas, os Estados Unidos consideraram a maconha uma droga “sem uso médico aceito” e com “alto potencial de abuso”. Na mesma Tabela I das substância controladas (drogas, substâncias e medicamentos) também estão a heroína e o LSD. A cocaína e outros analgésicos e anestésicos pesados, por exemplo, ocupam a Tabela II, com “alto risco de abuso” e “potencial severo de dependência física e psicológica”.

De acordo com a mudança proposta pelo DEA, órgão do Departamento de Justiça, a maconha passaria para a Tabela III, menos arriscada. Ocuparia, assim, o mesmo nível de medicamentos prescritos como codeína, cetamina, esteróides anabolizantes e testosterona. E passaria a ser então uma substância com “médio a baixo potencial de dependência”.

Benefícios científicos e eleitorais
Desse modo, a reclassificação facilitaria os estudos científicos relativos ao uso da maconha medicinal. Atualmente, as pesquisas com drogas pesadas são mais restritivas e recebem menos recursos. O Canabidiol (CBD), por exemplo, um subproduto da maconha cada vez mais estudado para fins terapêuticos, tem seu uso aprovado nos Estados Unidos somente para o tratamento da epilepsia.

Ao mesmo tempo, o presidente Biden está de olho na maconha como forma de atrair o eleitorado jovem para a candidatura democrata. No tradicional discurso do Estado da União, em março, ele disse que “ninguém deveria ser preso só por usar ou portar maconha”.

Em agosto de 2023, o Departamento de Saúde dos Estados Unidos mudou sua recomendação de risco para a maconha e recomendou que o DEA fosse na mesma linha, o que deve ocorrer agora.

Além disso, no final do ano passado, Biden concedeu perdão para todos os estadunidenses condenados por porte ou uso de maconha sob a lei federal do país. A medida, porém, não se aplica a indivíduos envolvidos em acusações de distribuição e venda da substância.

Hoje em dia, a maioria dos americanos apoia a legalização, independentemente das suas tendências políticas. Entre os americanos adultos, 88% afirmam que a maconha deveria ser legal para fins médicos, de acordo com a última pesquisa do Pew Research Center, e 59% dos adultos acham que deveria ser legal para usos recreativos para pessoas com 21 anos ou mais.

Nesse sentido, 21 estados americanos já legalizaram inclusive o uso recreativo da maconha. Ao todo, 38 dos 50 estados passaram por algum processo de legalização, mesmo que apenas para tratamento médico. (Tiago Pereira – RBA)