Por Luís Fernando Praga

Poema de uma dama arrependida

Ela acordou em dor naquele dia,
Revendo sua longa trajetória,
Sua marca perpétua na história
E uma humanidade que sofria

Ela se viu crescendo no segredo,
Alimentada pelos poderosos,
Hipócritas em atos cancerosos,
Gerando mil metástases de medo

Rememorou as mortes que trazia,
E as vidas que sobravam, mais escuras,
As cicatrizes e as queimaduras
E o ódio que espalhou quando foi fria.

Por terra, céu e mar seus descaminhos,
Privaram tantos filhos de um colo…
Ela não teve culpa, teve dolo
E pelos interesses mais mesquinhos.

No saldo desses incontáveis anos,
Criou corruptos e oprimidos,
Rebanhos de cordeiros iludidos,
Ela só fez escravos e tiranos.

Então, naquele dia colorido,
Ela se foi pra nunca mais voltar,
Deixando reluzentes pelo ar,
Palavras do seu último pedido:

“Não me perdoem, não me ressuscitem!
Não mostrem minhas faces às crianças!
Reajam sem alimentar vinganças,
Pois lutam ao meu lado os que se omitem.

Ensinem o amor aos generais,
Já que nunca fui útil nessa Terra.
Me arrependi, quero morrer em paz,
Repleta de esperança, assino: Guerra”