(Fernando Frazão/Agência Brasil)

A estupidez da guerra às drogas (e a política proibicionista) é tanta que o Brasil produz 22 mil assassinatos por questões relacionadas às drogas para proteger apenas 50 vidas. Exatamente 50 pessoas morreram de overdose no primeiro semestre de 2023, segundo dados levantados pelo jornal da Record junto ao Ministério da Saúde. Ainda que fosse levantados dados do ano inteiro, o número continuaria vergonhoso diante do aparato de guerra usado para o combate.

Para tentar evitar que essas 50 pessoas morram de overdose, o Brasil gasta bilhões de reais e mata 22 mil pessoas nos conflitos das guerra às drogas, ainda que essas 22 mil mortes seja dados de 2017, desatualizados.

O estudo ‘Custo de bem-estar social dos homicídios relacionados ao proibicionismo das drogas no Brasil‘, de Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, investigou dados oficiais e pôde afirmar que um terço das mortes violentas ocorridas no país em 2017 foi consequência da guerra às drogas. Dos 65 mil assassinatos, em torno de 22 mil (ou 34%) estavam relacionados às drogas ilícitas.

No estudo, o pesquisador também estimou o custo econômico das mortes causadas pela política de guerra às drogas. “O modelo baseia-se na ideia geral que a prevalência de homicídios afeta o
consumo e a geração de renda não apenas das vítimas, mas de toda a sociedade, uma vez que essas vítimas indiretas verão suas chances de sobrevivência mudarem (…) Estimamos que os homicídios atribuídos ao proibicionismo das drogas no Brasil geram um custo de bem estar anual da ordem de R$ 50 bilhões, ao passo as perdas no Rio de Janeiro equivalem a mais do que o dobro das estimadas em São Paulo”, anotou.

Ou seja, o Brasil gasta bilhões de reais com efetivo policial, operações e armamentos, produz mais de 20 mil mortes por ano e gera um prejuízo de R$ 50 bilhões para tentar evitar que 50 ou 100 pessoas morram de overdose. Isso só tem uma explicação. Não é uma política para proteger a sociedade, mas uma política para alguns setores ganharem muito dinheiro com essa loucura. Quem lucra com a guerra às drogas?