(fotos: toninho oliveira pmc – div – e cartacampinas)

Dois fatos que aparentemente não têm relação estão marcando o governo Dario Saad (Republicanos) na Prefeitura de Campinas. Apesar de aparentemente distintos, os fatos estão relacionados à especulação imobiliária e a forma como o empreendimento das classes ricas e a moradia dos pobres são tratados pelo governo municipal.

As micro casas de 15 metros quadrados inicialmente programadas para a Ocupação Mandela mostram como o governo municipal lidou com o problema da falta de moradia popular. Mostrou uma espécie de má vontade política para resolver o problema habitacional, mas não deixa de ser uma avanço em relação aos partidos de direita que antes costumavam apenas fazer a desocupação com bombas e tiros, jogando famílias nas ruas. Veja, evoluíram para 15 metros quadrados!

O certo é que o governo Dario Saadi (Republicanos) passou vergonha nacionalmente com a divulgação de que a Prefeitura de Campinas estava financiando micro casas de 15 metros quadrados para população de baixa renda. A notícia das casas de 15 metros quadrados repercutiu nos principais jornais do Brasil e foi criticada em discurso pelo presidente Lula.

Com a repercussão negativa nacional, a primeira reação do prefeito de Campinas foi usar a tática da extrema direita e acusar a “esquerda” e o “PT”, mas depois fechou acordo para ampliar os “embriões” do Loteamento Residencial Nelson Mandela, que passaram a ter entre 33 e 54 metros quadrados. Ou seja, a má vontade com a população pobre foi amenizada após repercussão.

Em outro caso, mais recente, o governo Dário fez poda drástica em uma figueira (ficus elastica) centenária que era uma espécie de símbolo ambiental do distrito de Barão Geraldo, local em que fica a Unicamp. A árvore que era frondosa, de repente começou a perder folhas. “A ‘poda’ que, muito provavelmente, matou a árvore-símbolo de Barão, começou a acontecer no final de agosto e durou cerca de dez dias. A ação causou revolta e tristeza na comunidade de Barão e da cidade. A Prefeitura alega que havia doença fúngica na árvore”, anotou Wagner Romão em artigo. Segundo a Prefeitura, a ideia não foi matar a árvore.

Moradores de Barão Geraldo organizaram protesto e pedem uma investigação sobre o que realmente causou a doença da figueira. O violeiro Paulo Freire expressou essa inquietação dos moradores em rede social. “Esse mundo é muito curioso. Quando o empreendimento imobiliário iniciou os seus trabalhos, a figueira estava exuberante. O tempo foi passando e os galhos da árvore começaram a secar. O condomínio ficou pronto e, numa coincidência incrível, os fungos surgiram e a figueira foi condenada. Todos nós, moradores de Barão Geraldo, assistimos a este processo. Crônica de uma morte anunciada. Da janela de seus apartamentos, os novos moradores do empreendimento agora podem desfrutar desta vista privilegiada”, anotou.

A condenação da figueira símbolo de Barão Geraldo é uma espécie de ponto de partida do que vem por aí. A prefeitura usou um projeto da Unicamp de expansão e desenvolvimento tecnológico, chamado HIDS (Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), para alterar padrões de urbanização da região. O HIDS surgiu com a aquisição da Fazenda Argentina pela Unicamp onde fica o Polo 2 de Alta Tecnologia de Campinas 2 (ou Ciatec 2), área reservada pela Prefeitura de Campinas para receber indústrias de alta tecnologia. O Polo foi idealizado pelo professor Rogério Cerqueira, inspirado no modelo do Vale do Silício, na Califórnia (EUA).

Numa artimanha do governo Dario Saadi, a Prefeitura de Campinas tenta passar um mega projeto de urbanização junto com o HIDS da Unicamp. Para isso, a Prefeitura deu o nome de PIDS (Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável) que não tem nada a ver com o HIDS, mas gera confusão e associação pela semelhança dos nomes. Com isso, os projetos caminham juntos e poderão ser alteradas leis de preservação e controle da especulação imobiliária no Distrito. Um jeito de “passar a boiada” de uma mega urbanização embolado com o nome da Unicamp.