(foto reprodução instagram)

A Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) emitiu uma nota de alerta sobre o desmonte da pesquisa científica e epidemiológica que ocorre no estado de São Paulo após a confirmação das mortes por febre maculosa do empresário e piloto de Fórmula C300 de Jundiaí (SP), Douglas Costa, e da namorada, Mariana Giordano, após terem sintomas de febre, dor e erupções vermelhas no corpo. O casal provavelmente foi contaminado em uma área rural de Campinas (SP). O Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, confirmou o diagnóstico de febre maculosa.

Os pesquisadores lembram que nos últimos anos (com os governos ligados à extrema direita) o Estado de São Paulo vem sofrendo um desmonte da estrutura de pesquisa científica, essencial para orientar ações de vigilância epidemiológica.  “A Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN), responsável pelos estudos nesta área, foi extinta em 2020, durante o governo de João Doria. A estrutura, composta por 14 laboratórios, sendo dois na Capital Paulista e 12 em diferentes regiões do Estado, está até hoje com operações comprometidas, afetando e até cancelando novas pesquisas”, alerta.

Os pesquisadores também ressaltam que “sem investimentos em ciência, a resposta a casos como este, de morte provocada por uma bactéria, fica comprometida e expõe a sociedade ao risco de novos casos e mortes. É urgente investir em Institutos de Públicos de Pesquisa, alguns há 20 anos sem concurso público, além de salários defasados em relação a outros Estados da Federação”. 

Veja nota abaixo:

Sobre as mortes causadas pela febre maculosa e o desmonte da pesquisa científica no estado de São Paulo

Campinas, 12 de junho de 2023 – A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo recebe com preocupação a notícia de mortes provocadas pela Febre Maculosa. Nos últimos anos, o Estado vem sofrendo um desmonte da estrutura de pesquisa científica, essencial para orientar ações de vigilância epidemiológica.  

Importante alertar que a Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN), responsável pelos estudos nesta área, foi extinta em 2020, durante o governo de João Doria. A estrutura, composta por 14 laboratórios, sendo dois na Capital Paulista e 12 em diferentes regiões do Estado, está até hoje com operações comprometidas, afetando e até cancelando novas pesquisas. A APqC e o Instituto Pasteur chegaram a entregar uma proposta para que os laboratórios sejam incorporados ao Pasteur, em março deste ano, mas aguarda decisão do Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

Em 2016, uma resolução conjunta entre o Estado e o Ministério Público (MPSP) estabeleceu diretrizes para o controle da Febre Maculosa. O documento atribuía à SUCEN pesquisas em locais com casos confirmados da doença, identificando os tipos de carrapatos, além do monitoramento e orientação aos municípios.   

Sem investimentos em ciência, a resposta a casos como este, de morte provocada por uma bactéria, fica comprometida e expõe a sociedade ao risco de novos casos e mortes. É urgente investir em Institutos de Públicos de Pesquisa, alguns há 20 anos sem concurso público, além de salários defasados em relação a outros Estados da Federação.  

Mesmo nestas condições, Institutos Públicos, como o Adolfo Lutz, responsável pela análise das amostras coletadas das vítimas, ainda são referência em atendimento à população brasileira e merecem o reconhecimento da sociedade. 

Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC)