Em São Paulo – De 06 a 12 de junho, na Oficina Oswald de Andrade, cerca de 30 artistas, grupos e coletivos dividirão com o público seus processos de criação. A “FarOFFa do Processo” reúne pesquisas que estão em estágios diferentes, dos primeiros ensaios às vias de estrear.

Quando quebra queima (Foto: Marilia Scharlach)

Como anotam os organizadores, “esse texto deveria ser chamado de release para contar tudo que será a nova edição da FarOFFa. Mas ainda estamos em processo e, por isso, faltam algumas confirmações. Na verdade, ainda estamos em fase de descoberta, abrindo espaço para errar, testar, experimentar, até chegar nas pistas do que, de fato, será este evento/encontro. É sempre um desafio para a equipe e os artistas porque nesta época que vivemos não parece que seja possível transitar por incertezas e reflexões. […] Compartilhar os diversos momentos de uma criação, exige perspectivas muito diferentes. Afinal, são artistas que vêm de escolas e caminhos muito distintos entre si”.

Os espetáculos e criações que terão seus processos abertos são:

“4, 5, 4, 3…Um passo por vez” – Cynthia Margareth

[08/06, 11h – 09/06, 15h]

“A Canção Urbana de Amor Política” – Carmen Luz e Muato

[11/06, 19h30]

“A Morte da Estrela” – Cia Livre

[07/06, 14h30 – 08/06, 19h30]

“A Origem do Mundo” – Luisa Micheletti e Julia Tavares

[10/06, 19h – 11/06, 14h ]

“AfroLove Songs” – Muato

[12/06, 17h]

“ÁGORA – leitura dramática” – Embriões Trans

[07/06, 19h]

“Améfrica – Ato 2 – A Retomada” – Legítima Defesa

[10/06, 19h30]

“Amores que___” – Núclea de Pesquisa Tranzborde

[12/06, 15h]

“Carangueja” – Fernanda Silva e Teresa Seiblitz

[De 06 à 10/06, sempre às 10h30]

“Carta-resposta paranóia ou mitificação?” – VULCÃO [criação e pesquisa cênica] – [10/06, 14h]

“Culpa (abertura)” – Oliver Olivia

[Dias 06 e 08/06 às 16h30 – 11/06, 17h]

“d e l í r i o d a s p a l a vr a s” – Heterônimos Coletivos de Teatro – [10/06, 20h]

“Desmontagem – para quando bate a saudade” – Robson Vieira

[11/06, 20h – 12/06, 11h]

“Ele” – Oliver Olivia

[08/06, 19h – 11/06, 15h]

“Erupção – o levante ainda não terminou” – ColetivA Ocupação

[18/06, 18h]

“HILEIA – Semeadora de Águas” – Cia Mundu Rodá

[11/06, 15h]

“Humano Invaso” – Danilo Dal Farra

[09 e 10/06 às 10h30]

“JORGE pra sempre VERÃO” – Aline Mohamad, Diego Mesquita e Rodrigo França

[11/06, 19h – 12/06, 15h]

“Boneca Pau-Brasil – lapsos de processos” – Marina Mathey

[06/06, 19h45]

“Mini-BiUs,BiLs, BiOs – estratégias de sobrevivência da criança desviante” – Andreya Sá y Carlos Jordão

[09/06, 11h – 10/06, 14h30]

“Não Ela- O que é bom está sempre sendo destruído” – Oliver Olivia

[06/06, 19h – 11/06, 13h]

“O Avesso da Pele” – Beatriz Barros

[08/06, 10h30 – 09/06, 14h30]

“O País que perdeu as cores” – Companhia Barco

[11/06, 10h30 – 12/06, 10h]

“Procedimento para Evocar a Leveza – Demo #5” – Carolina Sudati

[09/06, 18h]

“Rio Vermelho” – Zeferina

[10/06, 18h]

“Transborda” – Albert Magno

[06/06, 18h]

“Tremores” – Leticia Sekito

[09/06, 20h – 11/06, 14h30]

“Verdade” – Tablado de Arruar

[09/06, 10h e 19h]

“VIR VER OU VIR TORQU4TO” – Zé Ed

[06/06, 19h30]

O processo criativo em destaque

“O que importa para a FarOFFa do Processo é que a experimentação protagoniza o encontro. Nesse sentido estamos colocando na mesa tudo que envolve um evento, um festival, um encontro. Mas sempre indagando como subverter as receitas tradicionais, ou seja, aquilo que é do jeito que já testamos. Como divulgar um encontro de processos? Não tem foto, não tem sinopse, nem ficha técnica, como fazer? Se o que vale é o produto e só sabemos dos processos, como fazer valer esse “quase”? Como a FarOFFa é pensada por produtores, estamos sempre indagando os modos de produção vigentes e nosso principal interesse é destacar os pontos que compõem a cadeia de produção. Investigar, aprofundar e pensar sobre ela. Nesse período pandêmico, o processo foi ainda mais achatado e ilusório fazendo muita gente acreditar que é viável criar uma obra em um piscar de olhos. Só que não. Criar é diferente de exibir e de aprontar algo para alguém e alguma circunstância. A criação apronta para o processo em si e não finaliza nunca, porque a pesquisa não acaba com data marcada, mas sim, no ritmo próprio da sua maturação. FarOFFa do Processo deseja valorizar o tempo e o processo. Criar, distanciar, avaliar, pensar, jogar fora questionar, criar de novo e assim por diante no movimento complexo que é a criação artística. Sem se ater a causas, efeitos e determinismos. Como produtores, percebemos que é o momento de mudar a lógica da eficiência de mercado. A FarOFFa em Processo e a seleção de artistas que a ocupam, desejam valorizar o estar no agora ao invés de correr rumo à estreia”, anotam.

Coletivo Legítima Defesa, Améfrica, Ato 2 – A Retomada (Foto: Cristina Maranhão)

O público como parte

“Se, nesta edição, vamos trazer para o centro do palco o processo e dar a ele o espaço que merece, acreditamos que isto não seria possível sem a troca – entre artistas, entre público e quem desejar estar junto. O público será convidado a assistir os processos e participar das trocas pós apresentação, com os artistas. Nesta troca de olhares e sensibilidades, acreditamos que a experiência se potencializa e o processo (de criar ou de assistir) ganha um novo escopo, ainda maior. Ainda que os processos criativos sejam o núcleo da FarOFFa do Processo, a programação também contará com espetáculos já estreados – afinal, faz parte do processo criativo apresentar e reapresentar, uma vez que a obra nunca finaliza.

Serão quatro espetáculos: “Manifesto Transpofágico” – Renata Carvalho, “Traved” – Dodi Leal, “Involuntários da Pátria” – Fernanda Silva e Sônia Sobral e “Quando Quebra Queima” – coletivA Ocupação.

Assim, cobrindo desde os primeiros estágios do processo criativo, até o pós-estreado, vamos experimentar os processos dos processos dos processos….”, complementam os organizadores.

A FarOFFa nasceu a partir de uma provocação durante a MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo de 2020: a de que houvesse uma “cena off”, uma mostra que corresse em paralelo e fosse uma alternativa para o público. Assim, a partir desta primeira experiência e nas que se seguiram, o conceito da FarOFFA foi se cristalizando no que ela não é: a FarOFFa não é um festival de teatro nem uma mostra de dança, mas tem um pouco de tudo isso. É no OFF que compõe sua grafia, que está a essência de seu conceito.

Instalada a pandemia do novo coronavírus a partir de março de 2020, o ambiente das artes foi para o formato digital. Neste contexto nasceu a FarOFFa no Sofá, uma plataforma de encontro internacional com artistas, público, curadores e programadores nacionais e internacionais, estes últimos reunidos na Kombi, um espaço de reflexão que reuniu 250 profissionais das artes do Brasil e de mais 30 países, em agosto de 2020. A FarOFFa é, a cada vez, um mergulho em questionamentos sobre o olhar e o fazer nas artes. 

A FarOFFa é, antes de mais nada, ações de aproximação, sejam elas quais forem, e aonde forem. Em um ano, a FarOFFa e suas ideias e pensamentos já estiveram em eventos pelo Brasil e internacionais como: na Coréia, no Chile, na Bélgica e na Armênia.

A FarOFFa não tem uma periodicidade regular, ou seja, não se pauta em calendários fixos, mas sim na urgência de temas e inquietações e parcerias. Não há regras dadas. Desde março de 2020, quando houve a primeira versão da FarOFFa, presencial, já aconteceram a FarOFFA no Sofá em agosto de 2020, a Ocupação Faroffa em maio de 2021 e o Dispositivo FarOFFa em outubro de 2021.

FarOFFa do Processo

Idealização e Realização: Corpo Rastreado

De 06 a 12 de Junho (seg à dom)

Diversos Horários | Programação Gratuita

Na Oficina Cultural Oswald de Andrade

Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo

Telefone: (11) 3222-2662

Mais informações e programação completa em:

www.faroffa.com.br

Abaixo, alguns destaques dessa edição especial:

ESPETÁCULOS + PROCESSOS

ESPETÁCULOS

Quando Quebra Queima – 07/06, 20h

Em outubro de 2015, o Governo do Estado de São Paulo tentou impor um projeto para fechar mais de cem escolas estaduais, sem consultar os estudantes ou a comunidade. Como resposta a esse projeto, alunos de todas as regiões paulistas e, em seguida, de diferentes estados ocuparam suas escolas e barraram a proposta de sucateamento da educação.

Com um autonomismo sem cartilha, os corpos insurgentes reunidos em cena construíram um novo capítulo de resistência da juventude contra os ataques à democracia e à educação, defendendo uma nova escola, livre das amarras de um projeto pedagógico conservador e alienante. Dramaturgia: ColetivA Ocupação | Direção: Martha Kiss Perrone | Criação e performance: Abraão Santos, Alicia Esteves, Alvim Silva, Ariane Fachinetto, Beatriz Camelo, Gabriela Fernandes, Ícaro Pio, Letícia Karen, Marcela Jesus, Matheus Maciel, Mel Oliveira, Mayara Baptista e Pedro Veríssimo | Duração: 90 minutos | 14 anos

Traved – 08/06, 11h30, 14h e 19h

 Espetáculo de Dodi Leal sob direção de Robson Catalunha, mistura cenas realizadas no ambiente físico com a realidade virtual. O foco é investigar a linguagem da palestra-performance no território digital por meio das vivências de uma mulher artista, travesti e doutora. Professora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Dodi coloca em perspectiva o que é ser uma “corpa travesti no Brasil de hoje”. Para isso, fusiona linguagens como teatro, cinema, performance, instalação e realidade virtual, na encenação de Robson Catalunha. Direção: Robson Catalunha | Intérprete Dodi Leal

INVOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, Fernanda Silva & Sonia Sobral – 08/06 às 18h

Baseada no texto da aula pública proferida pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, em abril de 2016, nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a performance remonta às complexas relações entre os índios brasileiros e o Estado moderno: uma história de dominação vista pelo prisma pós-colonial. Fernanda Silva, performer e representante de tantos involuntários da pátria, índia, negra, pobre, LGBTQ+, grita e dança as palavras em todas as direções, dando com seu corpo e voz, uma nova dicção ao texto do antropólogo sobre a guerra em curso contra os indígenas do Brasil.  Assim, a histórica aula pública de Viveiros de Castro se transformou no gesto político-performativo concebido pela diretora Sonia Sobral. Concepção: Sonia Sobral | Criação: Sonia Sobral e Fernanda Silva |  Performance: Fernanda Silva | Texto: Eduardo Viveiros de Castro | Duração: 45 min | Livre

MANIFESTO TRANSPOFÁGICO – 08/06  às 20h – 09/06 às 14h

Manifesto Transpofágico é a transpofagia da transpologia de uma transpóloga.  “Hoje eu resolvi me vestir com a minha própria pele. O meu corpo travesti”. Renata “se veste” com seu próprio corpo para narrar a historicidade da sua corporeidade. Renata se alimenta da sua “transcestralidade”. Come-a, digere-a. Uma transpofagia. O Corpo Travesti como um experimento, uma cobaia. Um manifesto de um Corpo Travesti. Letreiro pisca TRAVESTI. TRAVESTI. TRAVESTI. Dramaturgia e atuação: Renata Carvalho | Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi)

PROCESSOS

A Morte da Estrela – Cia Livre

Carangueja – Fernanda Silva e Teresa Seiblitz

Erupção – O Levante ainda não terminou – ColetivA Ocupação 

JORGE pra sempre VERÃO – Aline Mohamad, Diego Mesquita e Rodrigo França

Terminal – O Ensaio de um processo – Yara de Novaes, Kelzy Ecard e Gustavo Vaz

Tremores – Leticia Sekito

A Morte da Estrela – Cia Livre

No texto inédito, escrito por Vana Medeiros, sideradas por uma aparição fantasmagórica, três atrizes brasileiras do teatro independente, “de pesquisa”, são lançadas à missão de salvar uma estrela do passado da morte por esquecimento. Ao decidir explorar diferentes formas de encarnar e desentranhar a figura-espectro da Estrela e seu mandato, ainda que sem convicção plena da propriedade do pedido, debatem sobre as mudanças na cena e na sociedade, em diálogos afiados e canções icônicas, sempre marcados pela ironia. 

Atrizes-criadoras | Lúcia Romano, Fernanda Haucke e Thais Dias | Composições de trilha original, Direção Musical e Arranjos | Natalia Mallo Direção de Arte, Cenografia e Figurinos | Carla Caffé | Desenho de luz | Cibele Forjaz | Dramaturgia: Parte 1 – Vana Medeiros; Parte 2- Lúcia Romano, Cibele Forjaz e Lu Favoretto e Parte 3 – Cláudia Schapira | Preparação corporal e Direção de movimento | Lu Favoretto  

Carangueja – Fernanda Silva e Teresa Seiblitz

É um projeto que nasce de vários encontros em tempos diversos. Fala de um bioma, o manguezal, num flerte com a visão perspectivista da antropologia enquanto traz à tona questionamentos filosóficos contemporâneos. Podemos dizer que CARANGUEJA vem como uma força andarilha que pretende fazer respirar epistemologias calcificadas há muito tempo no poder. De maneira sutil e bem humorada, o texto passeia pela noção de feminino, maternidade, gênero, antropocentrismo e desigualdade social.

Atuação: Fernanda Silva e Texto e direção: Teresa Seiblitz

Erupção – Coletiva Ocupação

A coletivA ocupação provoca um novo levante nesta abertura de processo: a transfiguração de nossos corpos em criaturas de diferentes tempos e cosmologias. Corpos em erupção, corpos encantados, seres que sustentam o mundo para ele não acabar. Quais erupções podem ocorrer no presente? Em um momento de catástrofes, a coletivA retoma a cena, retoma o chão depois de quase dois anos, produzindo formas de encantamento com outros aliados – humanos e não humanos. 

Direção Martha Kiss Perrone | Dramaturgia: Coletiva Ocupação

JORGE pra sempre VERÃO – Aline Mohamad, Diego Mesquita e Rodrigo França

Você tem uma chance, uma única chance: entrar num camarim e bater um papo com Jorge Verão Vera Laffond. E então, o que você diria?

JORGE pra sempre VERÃO é sobre a arte como possibilidade,  a arte como cura. Não é uma biografia, mas é. A biografia de um artista, uma personagem, uma sociedade.  Você topa abrir a porta desse camarim?

Texto Original: Aline Mohamad e Diego Mesquita | Direção: Rodrigo França
Elenco: Alexandre Mitre, Aretha Sadick e Noemia Oliveira | Trilha Original: Dani Nega | Idealização: Aline Mohamad 

Terminal – O Ensaio de um processo – Yara de Novaes, Kelzy Ecard e Gustavo Vaz

Como seria ensaiar o formato de um processo de ensaio de uma peça em que ela mesma – a peça – é um processo de ensaio? Buscando encontrar suas perguntas inaugurais, “Terminal – uma peça (ou um ensaio) sobre a verdade” abre as portas do seu prólogo, lugar de experimentação e reconhecimento, onde os primeiros encontros da equipe de criação, as primeiras leituras, dispositivos de atuação iniciais e exercícios de imaginação serão experimentados sob os olhos do público, fator e presença essencial na instauração do acontecimento teatral e dos pactos que o sustentam. Texto: Gustavo Vaz | Direção: Yara de Novaes | Atuação: Kelzy Ecard e Gustavo Vaz

Tremores – Leticia Sekito

“Tremores” é um projeto voltado à pesquisa coreográfica, criação, produção, formação e difusão da nova criação solo de mesmo nome do núcleo Leticia Sekito|Companhia Flutuante, que em 2021 comemora 18 anos de existência e atuação contínua no campo da dança contemporânea experimental paulistana e envolverá 16 profissionais das artes para a sua realização.   

Concepção, coordenação geral, criação e dança: Leticia Sekito|Companhia Flutuante

Colaboração dramatúrgica e Interlocução teórica: Fernanda Raquel | Provocação artística: Estela Lapponi

(Carta Campinas com informações de divulgação)