(foto div – minha mãe é uma peça 3)

.Por Marcelo Mattos.

Qual a dimensão e intimidade da alegria e da dor?

Toda alegria tem um peso e um flagelo, ainda que ocultos em sua leveza terna emolduram um encanto das quermesses de chita e flores de crepons, um sol amorfo estático.  

No mesmo dia em que um louco invade uma creche para matar à golpes de facão crianças e mulheres em Saudades/SC, o país perde o magnífico ator Paulo Gustavo, mais uma vítima do morticínio, da barbárie institucional e desumanização da dor: uma morte cerzida pro dentro da gente.

Saudades do Brasil. As perdas de vidas pelo ódio incontido, desmesurado pelo preconceito, pelas diversas formas de racismo, pelo negacionismo religioso e ideológico. A não implementação de políticas públicas de saúde e vacinação, expõe o flagelo de um modelo de governo de ocupação militar que fomenta e projeta mais de 500 mil mortes de brasileiros, pela omissão negligente e exasperação ou simplesmente pelo ardil do prazer mortuário.

A cultura do ódio fomentado está matando o Brasil, dia-a-dia estamos todos morrendo de brasil: nos leitos de UTI’s, na solidão de cômodos, no deserto íntimo da falta, sob os viadutos de fome e cobertores de pelica, no isolamento asfixiado dos gestos.

Estamos diante de um, mil, milhares de diversos crimes glorificados por uma casta irascível que apraz odiar, que se alegra da dor alheia, que não se compadece de nada, na mais crua incivilidade funesta e substantiva.

Paulo Gustavo que era todo luz, púrpura e alegria permanecerá sempre em nós.