Relato de um coronado

Pois é, minha gente, ao que tudo indica eu peguei o maldito. Oficialmente, estou na estatística dos suspeitos. Quando o corpo começou a doer, na noite de segunda-feira, veio a autonegação. “É uma gripe qualquer”, você tenta se convencer.

(foto ilustrativa – gerd altmann – pl)

Na terça-feira, veio a tosse, a coriza e a febre forte, com alguma dificuldade para respirar. Isolamento total. Entrei em contato com o serviço de saúde e me disseram para ficar em casa e que só fosse ao hospital se sentisse falta de ar.

Na quarta-feira, ainda com febre, e ansioso por não saber exatamente o que tinha, resolvi ir ao Hospital Nove de Julho, ao lado de minha casa, em SP. Arrependimento!! Foram quatro longas horas para ser atendido.

O que mais me chocou foi a falta de estrutura do hospital (e olha que estamos falando de um hospital de referência, na lista dos mais bem equipados do país). Os gripados todos confinados em uma sala sem janela, quente. Em determinado momento contei e eram 27 pessoas tossindo – se alguém ali não tinha o Corona, pegou.

Em determinado momento houve uma revolta dos pacientes. Mas o que fazer?? Brigar com os profissionais de saúde, os mais expostos ali? Pois bem…. depois de tanto esperar, fui atendido.

Segundo a médica, era possivelmente o Covid-19. Mas como eu estava relativamente bem, me foi receitado novalgina, xarope e soro para limpeza nasal. Exame para Covid-19?? Nem pensar. Segundo me foi dito, os kits são limitados e apenas os pacientes em estado grave estão sendo testados. Ou seja, o número de infectados é muuuuito maior do que os casos divulgados oficialmente. E os números que vemos, já se pode dizer, são relativos a pacientes com algum grau de gravidade. Portanto, cuidem-se.

A calamidade está apenas começando. Se em estágio inicial um hospital privado como o Nove de Julho já estava o caos, o que dizer quando a doença chegar ao pico?? Por isso, mais do que nunca, é hora de defender o SUS e ter gratidão aos profissionais de saúde. No mais, fiquem em casa e cuidem de seus velhos. (Maurício Moraes – via Facebook)