Em São Paulo – Fica em cartaz a partir do dia 20 de março a mostra “Hélio Oiticica: a dança na minha experiência”, no MASP (Museu de Arte de São Paulo).

Nildo da Mangueira em HO, filme de Ivan Cardoso (Rio
de Janeiro, 1979) – fotografia de Eduardo Viveiros de
Castro

O trabalho pioneiro de Hélio Oiticica destaca-se por seu caráter radical e experimental. Inicialmente, suas obras dialogavam com as experiências concretistas da época e o artista participou do Grupo Frente, em 1955-56, e do Grupo Neoconcreto, em 1959. Em 1957, iniciou a série de guaches sobre papel denominada Metaesquemas. Segundo Oiticica, esses trabalhos geométricos são importantes por já apresentarem o conflito entre o espaço pictórico e o espaço extra-pictórico, muitos deles com composições marcadamente rítmicas e dinâmicas, prenunciando a posterior superação do suporte do quadro e da abertura de sua obra para o contexto da rua e do cotidiano, apontando para uma relação entre arte e vida. 

Em 1964, Oiticica passou a frequentar a Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, no Rio de Janeiro, e ali se tornou passista. Essa experiência transformadora foi um divisor de águas na vida e na obra do artista. A partir da Mangueira, Oiticica aprofundou suas reflexões sobre experiências estéticas para além das artes visuais, bem como das artes plásticas tradicionais, incorporando relações corporais e sensíveis ao seu trabalho através da dança e do ritmo. Neste momento, Oiticica começa a produzir os Parangolés, que, segundo o artista, são anti-obras de arte.

Os Parangolés são capas, faixas e bandeiras construídas com tecidos coloridos, às vezes com sentenças de natureza política ou poética, para serem usados, transportados ou dançados pelo espectador que se torna participante, suporte e também intérprete do trabalho. 

Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, organizada pelo MASP e pelo MAM Rio, apresentará uma ampla seleção de Parangolés, incluindo cópias de exposições que podem ser usadas pelo público. Além disso, outros trabalhos serão reunidos sob a perspectiva da dança e do ritmo, apresentando uma trajetória que culminará no Parangolé, compondo uma espécie de genealogia deste trabalho radical: MetaesquemasRelevos espaciaisNúcleos e Bólides. A exposição também contará com extenso material documental, incluindo fotografias e escritos do artista.

A mostra contará com um catálogo ilustrado, editado pelos curadores, com ensaios inéditos de Adrian Anagnost, Cristina Ricupero, Evan Moffitt, Fernanda Lopes, Fernando Cocchiarale, Sergio Delgado Moya, Tania Rivera e Vivian Crockett, incluindo material de arquivo e textos do artista. 

A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP e Tomás Toledo, curador-chefe do MASP.

A exposição poderá ser vista até o dia 7 de junho de 2020. (Carta Campinas com informações de divulgação)