A região metropolitana do Rio de Janeiro, área com maior número de grupos de milicianos que atuam no crime organizado, registrou 772 tiroteios ou disparos de armas de fogo em março de 2019, de acordo com balanço divulgado pela Fogo Cruzado, plataforma digital colaborativa que mapeia o uso de armas de fogo em locais públicos. O número apresenta aumento de quase 17% na comparação com fevereiro, que teve 662 registros.

(foto ebc)

Segundo reportagem de Antonio Werneck, do ExtraGlobo, as milícias se proliferaram nos últimos 20 anos no estado carioca. “Assim como a Hidra de Lerna, monstro da mitologia grega quase invencível porque suas cabeças, quando decepadas, se reconstituíam, as milícias parecem se regenerar depois de cada golpe imposto por investigadores e promotores”, anota Werneck.

Há 20 anos, existia apenas um grupo paramilitar no estado, em Rio das Pedras. Hoje, esses criminosos que funcionam como um Estado Paralelo, estão em 14 cidades do Rio e fincaram raízes em 26 bairros da capital. “Só no município do Rio, estão sob o jugo de milicianos, direta ou indiretamente, 2,2 milhões de pessoas”, anota Werneck.

Os 772 tiroteios ou disparos de armas do mês de março produziram 126 feridos e 124 mortos. Em fevereiro, foram registradas 145 mortes por disparos de arma de fogo, além de 116 feridos.

O número de vítimas de balas perdidas se manteve praticamente estável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro na passagem de fevereiro para março. No mês passado, foram registrados 17 casos com cinco mortes, enquanto em fevereiro 18 pessoas foram atingidas por balas perdidas e também cinco morreram. 

O município com mais ocorrências de disparos de arma de fogo em março foi a capital, com 484 casos. Na sequência, aparecem Belford Roxo, na Baixada Fluminense, com 66 ocorrências, e São Gonçalo, na região metropolitana, com 65.

A área com mais registros foi a Praça Seca, na zona oeste do Rio. O bairro, que vive uma rotina de confrontos entre quadrilhas de traficantes e milicianos que atuam na região, teve 46 tiroteios no mesmo período. Em seguida aparecem o Complexo do Alemão, na zona norte, com 31 registros, e a Vila Kennedy, na zona oeste, com 28. (Carta Campinas/ Agência Brasil)