Por Luís Fernando Praga

o viajante

De família tradicional, caçula de três filhos de um pai rigoroso e uma mãe submissa, logo aprendeu que devia brincar pouco, estudar o máximo, pedir muito a Deus e sempre obedecer; e nem reparou em como seu sorriso foi ficando raro.

O irmão mais velho, engenheiro e orgulho do pai, nascera em melhores tempos, de casa recém-construída, fartura, viagens e escola cara.

A situação mudara e agora ele levava uma vida sem confortos. Ia de ônibus à escola pública do bairro de classe média e voltava para o almoço com a família, quando sempre ouvia do pai que o mundo estava perdido e perigoso, que era preciso guardar dinheiro e desconfiar de todos, que era preciso dar um jeito nesses nordestinos, nesses pretos, nesses viados, nesses comunistas… Era preciso dar um jeito nos outros, senão não tinha jeito. O irmão concordava e dizia para ele deixar de ser preguiçoso, estudar e ser melhor do que os concorrentes. Queriam que ele se tornasse um médico.

Ele era criança, entrando na adolescência, gostava de brincar, não gostava de acordar cedo e entrar no ônibus lotado nem de levar broncas do pai e do irmão. Gostava dos colegas de escola e de aprender coisas. Gostava de estudar o que gostava, mas precisava estudar mais aquilo de que não gostava.

Dormia num quartinho abafado com a irmã. Antes, o quarto era dela, que agora usava a parte de cima do beliche, como sempre, sem reclamar. Ela aprendia, forçosamente com o pai e tristemente com a mãe, a arte de ser mulher numa sociedade cruel e machista.

Não lhe agradava ver o pai gritando com as mulheres da casa nem a ideia de que precisava competir e deixar alguém pra trás. Também não queria ter que corrigir ninguém para poder ser feliz, não via sentido nesse raciocínio.

Nas raras vezes em que viajavam, sentia-se muito satisfeito, mesmo que fosse para bem pertinho, mudava de ares e isso o fascinava. Sabia que as maiores viagens da família ocorreram antes de ele nascer e sonhava viajar mais longe.

Iam à igreja aos domingos; o irmão, não mais. Lá, aprendeu sobre o amor ao próximo, a culpa, a virtude, o pecado, o perdão e o medo. O pai parecia assimilar melhor a parte do pecado e da culpa; a mãe e a irmã ficavam com o medo e o perdão. Ele aprendeu a pensar a respeito.

Assim, por anos ele ouviu que devia divertir-se menos, não pecar e não se aproximar dos pecadores. Por anos foi pressionado a estudar mais, competir para entrar em medicina e conseguir um bom trabalho. Por anos ele viu o pai e o irmão agredindo a mãe e a irmã, ouviu o discurso de ódio contra minorias promovido por ambos e conviveu com mulheres oprimidas. Por anos ele ouviu a pregação do irmão contra a corrupção no governo e recebeu dicas infalíveis de como colar em provas. Por anos ele cultivava um estranho desconforto e por anos ele pensou a respeito…

Então, depois de viver muito tempo no mesmo lugar, sentiu uma angústia insuportável e aos 17 anos deixou um bilhete dizendo que amava a todos e deu sumiço de casa. Partiu na madrugada, pegou carona na estrada levando a roupa do corpo. Oferecia-se como ajudante em bares e restaurantes ou fazia pequenos serviços em casas de família em troca de comida, banho e pouso.

Ficou feliz ao confirmar que não era preguiçoso, que não tinha necessariamente que competir e que havia gente confiável no mundo. No começo, não se estabeleceu em lugar algum, queria ganhar distâncias, depois experiências.

Após um ano e pouco viajando, chegou a uma cidade de praia que pediu que ele ficasse e ele aceitou. Aprendeu a pescar, cultivar uma horta, um pouco de carpintaria e marcenaria. Adorou navegar e o vento do mar no rosto. Tinha comida da melhor qualidade, sentiu-se forte, livre e por crescer. Tempos depois, teve vontade de conhecer ainda mais longe, despediu-se com gratidão e partiu.

Passou a correr o mundo atrás de todos os lugares onde alguém já tivesse pisado. Ele admirava os horizontes e a cada amanhecer almejava alcançá-los. Aquela vida garantia um dia a dia sem rotinas e foi tomando conta do seu sangue, alimentando suas células e sustentando seu esqueleto, até que ele sentiu que morreria se parasse de viajar.

Arranjou emprego num navio cargueiro e chegou à costa africana, onde viveu por muito tempo numa aldeia primitiva, pois o lugar pedira que ele ficasse. Era uma pequena vila com poucas regras e pessoas, em regra, felizes. Todos sabiam de suas tarefas e era natural que as executassem, pois era clara a responsabilidade de cada um naquela coletividade. O pescador pescava, sabendo que alguém estaria buscando água, outro estaria tecendo, outros caçando ou reparando as casas e, no fim do dia, todos exibiam, orgulhosos, o fruto de seu trabalho. As crianças brincavam e aprendiam naturalmente suas futuras ocupações. Ele ficou feliz ao sentir a força da cooperação e confirmar que o ser humano era essencialmente bom, sem precisar que o pressionassem a isso. Não havia luxo, mas o conforto de não se viver angustiado fazia do luxo um detalhe esquecido.

Ficou até que o lugar e ele se conhecessem o bastante; então, agradeceu e partiu…

Embrenhou-se pelo interior da África e sentiu a grandeza da Natureza, a beleza dos animais exóticos, o poder dos elementos. Peregrinou solitário pelo deserto semanas a fio, queimou a sua pele, sentiu frio, fome e adoeceu. Quedou-se, um dia, com a cara na areia quente e relembrou sua infância. Teve medo de morrer sem ter, mais uma vez, o abraço da mãe e de seus familiares. Teve saudades e sentiu que os amava de um modo muito especial, enquanto permitia que o Sol o cozinhasse até ficar inconsciente…

Tinha um corpo forte, amava viver e a vida tinha vontade dele vivo por mais algum tempo.

Acordou numa casa simples e bebeu da água suja e amarga que a moça sem uma das pernas oferecia a ele. Havia outros doentes a seu lado, mutilados. Pela porta aberta, viu a rua de terra em que crianças descalças brincavam de bola. Algumas sem braços, outras sem pés, outras portando fuzis. Havia uma guerra civil. Antigos aliados na luta contra a colonização, agora, com as armas que restaram, matavam-se pelo poder. Minas terrestres matavam e mutilavam diariamente pessoas contrárias à guerra que, tanto quanto ele, amavam viver.

O viajante, então, sofreu como nunca antes. Ficou por alguns dias, jogou bola com as crianças, ajudou como pode, mas aquele lugar não queria que ele permanecesse ali; então agradeceu muito e partiu constrangido, pesado e amargo.

Viajou seguindo o Sol nascente. O vento, as chuvas no corpo, os perfumes da vida, os ocasos e as alvoradas, os ciclos da lua e os horizontes foram curando seu sofrimento, mas ele fez questão de que as cicatrizes nunca se apagassem.

Teve contato com pessoas admiráveis, amou, apaixonou-se algumas vezes. Conheceu culturas diferentes, normas sociais questionáveis e costumes tão exóticos que facilmente seriam entendidos como crimes ou graves desvios morais em seu país. Da mesma forma, viu que os costumes de seu país eram considerados bizarros e condenáveis naqueles outros confins.

Apesar de tais discrepâncias, o ser humano compartilhava o mesmo DNA em todos os cantos do mundo e se adaptava a todas aquelas diferentes convenções, crescendo e vivendo como se fossem as únicas corretas, aquelas influências sob as quais nascia.

Quando chegou à China o viajante era um homem vivido e marcado pela vida. Havia aprendido muito sobre si ao aprender sobre os outros e muito sobre os outros, ao aprender sobre si. Aprendera a ouvir o silêncio e a conversar com ele. Havia desempenhado as mais diversas tarefas, de ajudante de cozinha até auxiliar de um médico, para orgulho de seu pai e, depois de muitos anos, pela primeira vez desde que saíra de casa, estava novamente numa grande cidade.

Havia muita gente na China, muitos carros, barulho e o cheiro da poluição. Instalou-se numa decrépita pensão e perguntou ao proprietário sobre algum emprego. O homem indicou a fábrica em que seu filho trabalhava e no dia seguinte o viajante foi apresentado a Quon, um garoto tímido na faixa dos 14 anos. Entraram no ônibus antes de o Sol nascer e a fumaça não os deixou ver seu nascimento. Quon explicou o trabalho ao viajante, uma linha de montagem de consoles para videogames. Centenas de operários trabalhavam ininterruptamente sem se ver ou falar. No almoço, o viajante pode conversar rapidamente: contou passagens da sua aventura, o que fez Quon se admirar, sorrir e dar risadas e logo voltaram ao trabalho. A carga horária de 11 horas era exaustiva e muitos ali não tinham nenhuma outra perspectiva, inclusive Quon. No turno da tarde, aquela velha e esquecida angústia que o fizera sair de casa caiu com peso redobrado na alma do viajante, multiplicando-se segundo após segundo. Voltaram calados no ônibus e ele não dormiu aquela noite. Na manhã seguinte ele e Quon tomaram um desjejum dos mais simples e saíram antes que mais alguém acordasse. No ponto do ônibus o viajante pagou ao menino o que devia pela hospedagem, agradeceu a Quon e à angústia, despediu-se de ambos e partiu.

Nesse momento ele aprendeu que não havia ocupações úteis que fossem ao mesmo tempo indignas, mas o mundo havia criado uma série de ocupações inúteis e indignas, maquiadas de imprescindíveis, que escravizavam milhões de seres humanos.

Caminhou para a claridade do Sol e passou por um bairro nobre de Pequim, onde foi vigiado com a mesma suspeita com que seu pai vigiava os negros que passavam por sua rua. Havia milionários na China que não precisavam trabalhar como escravos numa linha de montagem de videogames. Era estranho que alguém precisasse.

Deixou os limites da cidade, ficou feliz em ver o céu, o Sol e pela angústia ter aparecido a tempo de alertá-lo. Torceu para que ela também fosse um aviso mais forte do que a inércia, na vida de Quon.

Longe da metrópole, o viajante chegou a uma pequena e isolada província entre altas montanhas e conheceu uma China de paisagens maravilhosas, que carregou dentro de si como se portasse milhões de fotografias, para que a alma pudesse ver de vez em quando. Uma China de homens sábios, onde a Natureza era preservada e reverenciada. Nesse lugar a vida humana era considerada uma dádiva, um bem que, apesar de gratuito, era o que tinham de maior valor. Viam-se as mais belas aves e borboletas espalhando cores e levezas pelos ares. Lá o viajante recarregou suas energias, renovou a esperança, respirou fundo e pausadamente, reverenciou e partiu.

Ao Norte ele conheceu uma simpática mariposa branca que raramente se via. Sua lagarta era criada em larga escala e alimentada com as folhas da amoreira, mas morria antes de ter asas e poder voar. Não completava seu ciclo natural, a fim de produzir a seda, um caro tecido que era sinal de prestígio para o ser humano. Então, lembrou-se de Quon…

O viajante pensou em sua família e desejou que soubessem que ele não havia morrido jovem, sem poder ter vivido. Queria que soubessem que era feliz e tinha saúde. Queria abraçá-los. Tinha saudade dos cheiros e cores do seu lugar. Não precisava mais conhecer todos os lugares onde alguém houvesse pisado. Decidiu voltar…

A viagem de volta era monótona, mas, para quem passara 25 anos viajando, um voo de 30 horas não podia ser considerado muito demorado. Era a primeira vez que ele viajava de avião e via o planeta tão do alto. Isso o fez pensar e ele teve 30 horas para isso.

Conseguiu enxergar a circunferência de um mundo onde não havia fronteiras e onde tudo era uma grande extensão de seu quintal, assim como era a extensão do quintal de todos os seres humanos e todos tinham o mesmo direito a usufruí-lo. Não via mais o mundo como um grupo de países onde uns eram mais bem-sucedidos do que outros. Via que era uma grande cidade com poucos bairros muito nobres e muitos bairros operários e favelas, onde os mais humildes trabalhavam para garantir o luxo dos poderosos e onde o poder, o direito à saúde, ao descanso, à cultura, à diversão e à vida eram proporcionais ao dinheiro que se tinha. Depois imaginou que não era mesmo diferente de uma casa de família, onde os membros aumentaram e um pai tirano, centralizador e equivocado destinava atenção e recursos de forma desigual a cada um de seus filhos. Uns eram acomodados na mordomia enquanto outros viviam sob pressão, dormiam em áreas insalubres da casa e recebiam sobras e migalhas, mas eram irmãos da mesma família. A harmonia era impossível e a situação, insustentável.

Sobrevoando as verdes montanhas onde monges pregavam amor à vida e à Natureza, respirou profundamente e lembrou-se de que, no lugar de onde viera, atribuía-se pouco valor e se menosprezavam as coisas gratuitas. Pensou que ser um filho da Natureza e relegar a segundo plano seus ensinamentos e suas dádivas em prol de uma vida dedicada a consumir o planeta de forma parasitária e irresponsável talvez fosse um dos motivos da angústia humana, pois era um desperdício inconsciente da própria vida.

Lembrou-se novamente de Quon, o menino que desperdiçava sua vida produzindo coisas que fariam desperdiçar vidas de outros meninos. O viajante gostava de crianças e lhe incomodava vê-las presas àquela situação. Isso o fez pensar muito a respeito…

Crianças aprendiam com os ensinamentos e atitudes dos adultos e era estranho que seres humanos fundamentalmente iguais, mas nascidos em locais diferentes do globo, viessem assimilando e defendendo as mais distintas verdades repassadas secularmente por adultos que não sabiam bem o que diziam, mas, por serem adultos, exigiam ser obedecidos.

Nenhum pai, de nenhuma cultura do mundo, ensinava seu filho a tomar estricnina, brincar de roleta russa ou se atirar de precipícios, mas, se ensinasse antes que a criança adquirisse conhecimento, ela confiaria e morreria. Por outro lado, os adultos ensinavam suas suposições regionais como se fossem verdades universais e as crianças cresciam com elas tão arraigadas a suas mentes que não conseguiam mais se abrir a conhecimentos conflitantes.

Dizer a uma criança verdades que não valem para todos, como “você precisa aprender a competir” criava adultos temerosos, desconfiados e capazes de tudo por efêmeras vitórias. O viajante sentiu o quanto era leve e possível uma vida em que humanos cooperassem entre si.

Pregar a uma criança a superioridade absoluta de um sistema político sobre outro, mesmo sabendo que nenhum deles fora capaz de promover a justiça social no mundo, era criar um adulto incapaz de pensar soluções alternativas para aqueles modelos imperfeitos.

Inflamar a mente de uma criança com ideias preconceituosas, discursos de ódio, discriminação e racismo era fruto de ignorância, da falta de conhecimento de particularidades regionais e individuais e fazia perpetuar no planeta gerações de adultos ignorantes e odiosos.

Servir de exemplo às crianças tentando resolver conflitos com guerras, cultuar a guerra e prosperar através dela era a melhor forma de criar adultos belicosos e desinteressados na paz.

A criança que crescia numa sociedade ou num ambiente onde mulheres eram tratadas como criaturas inferiores tinha sua noção de valores deturpada, perdia referências importantes e era, para o planeta, um ser humano privado de grande parte de sua sensibilidade.

Incutir dogmas e idolatrias em crianças criava intolerantes religiosos e pessoas incapazes de enxergar que o primeiro e mais importante ensinamento era simplesmente o amor ao próximo, o amor incondicional à vida e o respeito ao livre arbítrio. Esse ensinamento era coincidente nas doutrinas cristã e muçulmana, assim como em tantas outras religiões ainda mais antigas, como o judaísmo, o budismo e o taoísmo. Adorar e defender um ídolo, uma divindade ou um messias parecia mais fácil do que seguir seus ensinamentos, mas não tinha o mesmo efeito… Dizer que “só Jesus salva!” soava tão fundamentalista quanto “o Islã é a solução!”.

A aeromoça interrompeu seus devaneios, oferecendo a refeição que ele comeu e não gostou, mas foi melhor do que nada. Era uma moça bonita e em seu quepe havia um par de asas brancas estampado que lembravam a mariposa do bicho da seda. Lembrou que em seu país as pessoas admiravam as borboletas, as amarelas, as azuis, as vermelhas e as multicoloridas, mas costumavam se enojar e pisotear as lagartas. As pessoas adoravam seus messias, gurus, homens santos e filósofos, mas reprimiam, aprisionavam e matavam crianças e jovens, impedindo que completassem suas metamorfoses pessoais e se tornassem seres humanos ainda mais admiráveis.

Ele se aproximava de seu país e não podia conter a ansiedade. Tinha dúvidas sobre como seria a experiência do reencontro, mas tinha maturidade para não ter medo. Pensou se seus pais ainda o culpavam ou culpavam-se a si próprios. Muito tempo antes, ele mesmo já culpara seu pai, seu irmão, sua mãe e até sua pobre irmã por seu sofrimento. Também já se culpara a si próprio, mas aprendera que culpa é um peso morto que se carrega e que apenas torna a jornada mais sofrível. Hoje, ele se entendia como o único responsável por colocar ou não fim a uma angústia que o afligia e que era dele e de mais ninguém. Ele optou por sair de casa, cortar os vínculos com a família e viajar: a responsabilidade era apenas dele. Se isso resultou em sofrimento para seus pais, ele era responsável também, mas, a partir daí, seus pais tornavam-se responsáveis por continuarem ou não sofrendo por algo sobre o qual não tiveram escolha. Todos possuíamos imperfeições; logo, ninguém deveria despejar culpas sobre as costas de outras pessoas e ninguém deveria carregar culpas eternas, mas todos deveriam aprender sobre os efeitos de seus atos, assumir suas responsabilidades e entender que a vida merecia ser leve para todos.

Um solavanco e o cantar dos pneus na pista de pouso o fizeram abrir os olhos e o coração disparou.

O táxi dobrou a esquina e ele reviu a casa onde nascera e vivera seus primeiros e decisivos 17 anos.

Tocou a campainha e, depois de alguns segundos, um senhor de 75 anos colocou a cara pela fresta da porta.

O viajante sorriu com os olhos marejados e o velho disse “pois não?”… e abriu a porta por completo. Entreolharam-se por outros intermináveis segundos. O pai do viajante, com olhar confuso, disse mais alto e seco dessa vez “pois não, posso te ajudar, moço?”

Ele ainda estava mudo quando viu a mulher que se aproximava pelo corredor com os olhos fixos nos dele.

A frágil senhora dividiu o vão da porta com o marido, olhou por alguns segundos e então quebrou o silêncio.

_ Betinho? Betinho!!! É o Betinho!!!! E desabou num pranto entre risos, agarrando forte seu menino.

O pai juntou-se ao choro e ao abraço dizendo entre soluços: Luiz Roberto! Luiz Roberto, meu filho! Por que você fez isso?

O viajante tornara-se um homem racional, entendia que o choro era fisiológico, salutar, e muito reparador quando era incontrolável. Entregou-se feliz ao pranto e só conseguiu dizer as primeiras palavras depois de alguns minutos de muita troca de afetos. “Ah, que saudade de vocês, meus pais! Amo vocês!” E só então entrou na casa. Haveria muito tempo agora, para reencontrar os irmãos, contar e ouvir muitas histórias e, acima de tudo, demonstrar amor, antes que chegasse a próxima viagem, pois a vida ainda tinha planos para ele… e ele para ela.