Por Eliane Honorato

medico
Gustavo Silva 

Realizar uma alimentação exagerada em gordura pode causar desconforto após a refeição. Porém esse mal-estar causado pelo alimento gorduroso pode ser um sinal de que a vesícula não está funcionando corretamente.

Várias são as causas que desencadeiam cálculos na vesícula, patologia gastrointestinal mais comum na população. Entre elas estão a obesidade, alimentos ricos em gordura e sedentarismo. Por isso, uma alimentação equilibrada e mais saudável, além da prática de exercícios físicos, contribui para evitar esse tipo de diagnóstico.

O médico Gustavo Santos Silva fala sobre o tema em entrevista ao Carta Campinas.  Ele aborda o desenvolvimento da pedra na vesícula, como proceder nos casos de dor, quanto tempo pode durar uma crise de vesícula, como é o tratamento e outras informações.

Carta Campinas: O que é e como é formada a pedra na vesícula?
Gustavo Santos Silva: A pedra na vesícula é chamada de colecistolitíase, que é definida pela presença de cálculos na vesícula biliar. É a patologia gastrointestinal mais comum e estima-se que acomete cerca de 15% da população. Uma série de fatores de risco está envolvida no desenvolvimento dos cálculos biliares, dentre eles, destacam-se: genética, sexo feminino, quinta década de vida, obesidade, paridade.
Existem dois tipos de cálculos: os de colesterol (que são mais comuns) e os cálculos pigmentares. Cada um deles é composto por diferentes substâncias e se desenvolvem de maneiras diferentes, porém, mantendo o mesmo princípio, que é resultado da solubilização alterada. Ou seja, o composto excede sua solubilização máxima na bile, precipita-se e gera os cristais.

CC: Quais são os sintomas de quem tem pedra na vesícula?
Gustavo Santos Silva: O sintoma mais comum é a dor em cólica no quadrante superior do abdome que melhora espontaneamente após algumas horas ou após uso de medicações simples. Essa crise tem o nome de Cólica Biliar. No entanto, a colecistolitíase, ou seja, o paciente que tem pedra na vesícula pode desenvolver a enfermidade chamada Colecistite Aguda. Esta doença é formada em 95% dos casos devido uma obstrução por um cálculo na via de saída da bile pela vesícula biliar. Essa obstrução gera um aumento de pressão dentro da vesícula, o que leva a uma obstrução venosa e linfática, edema, sofrimento vascular e, finalmente, infecção bacteriana. A duração e o grau de obstrução são fatores que ajudam a determinar a extensão da inflamação e a progressão da doença. O quadro clínico é caracterizado por dor no quadrante superior direito do abdome, associada à anorexia, náuseas, vômito e febre. História prévia de episódios similares é relatada em 75% dos casos.

CC: Quanto tempo pode durar uma crise de dor na vesícula biliar, ou seja, dor causada pelas pedras na vesícula?
Gustavo Santos Silva: Em se tratando de cólica biliar, a dor pode ter a duração de algumas horas, com melhora espontânea ou após de uso de medicações antiespasmódicas. Por outro lado, na colecistite aguda, em função do processo inflamatório, a melhora não ocorre, e a dor se torna persistente.

CC: Como proceder quando a dor se manifestar?
Gustavo Santos Silva: A primeira coisa a ser feita quando o paciente tiver uma dor abdominal que não cessa, é procurar um médico. Existem diversas enfermidades abdominais cirúrgicas e não cirúrgicas que somente uma avaliação médica completa com história e exame físico, pode diagnosticar ou levar a uma suspeita diagnóstica.

CC: Os sintomas de pedra na vesícula em mulheres no período da gestação são os mesmos?
Gustavo Santos Silva: Sim. Podem existir algumas variações do tipo intensidade da dor e das náuseas, mas em suma, ocorre da mesma forma.

CC: Como é o tratamento de quem tem cálculo biliar?
Gustavo Santos Silva: O tratamento definitivo tanto para quem tem colecistolitíase quanto para quem tem colecistite aguda é a remoção cirúrgica da vesícula biliar. O que difere entre as duas enfermidades é o momento em que é indicada a colecistectomia (cirurgia de remoção da vesícula biliar). No caso de colecistite aguda, é realizado antibioticoterapia juntamente com a exérese cirúrgica da vesícula.
Os pacientes com risco cirúrgico elevado podem ser tratados clinicamente de forma não cirúrgica inicialmente, por meio de medicações sintomáticas, antibioticoterapia, oferta de dieta leve pobre em gordura.

CC: Para quem não fez a cirurgia, como deve ser os cuidados?
Gustavo Santos Silva: A vesícula biliar serve como armazenamento da bile. Para que ela libere a bile, é necessária que haja uma contração da vesícula, contração essa que se dá devido liberação de colecistoquinina após a alimentação. Quanto mais gordurosa for a alimentação, maior será o estímulo à contração da vesícula biliar. Se esta vesícula tiver cálculo em seu interior, irá produzir dor. Portanto, o paciente que tem cálculo biliar, ou seja, colecistolitíase deve evitar consumo de alimentos ricos em colesterol. Além disso, deve evitar a obesidade, pois contribui para a formação de cálculos.

CC: Quais as mudanças no hábito alimentar devem ser praticadas?
Gustavo Santos Silva: Deve-se ter uma alimentação balanceada, idealmente com uma orientação do profissional nutricionista, rica em fibras e com baixa quantidade de colesterol. É importante evitar longos períodos de jejum e sempre se hidratar, beber água antes de ter sede.

CC: Quais são as recomendações para prevenção do cálculo na vesícula?
Gustavo Santos Silva: As recomendações de prevenção tangem os fatores de risco para desenvolver a colecistolitiase. Os fatores de risco que são passíveis de se evitar são: a obesidade, uso em demasia e não controlado de estrógeno, multiparidade, alimentação desregrada, dentre outras. (Por Eliane Honorato para Rede Carta Campinas)