Marcos Nobre -
Marcos Nobre –

No dia 1 de fevereiro deste ano, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. Apenas uma semana depois, o professor da Unicamp, Marcos Nobre, deu uma entrevista à revista Época em que previu as chantagens de Cunha e a grave crise política no país.

Para ele, Dilma não governaria com Eduardo Cunha na presidência da Câmara. “Teremos uma situação em que a presidente é a Dilma, mas quem tomará as decisões finais, do ponto de vista político, é esse novo PMDB, tendo como satélites todos esses pequenos partidos. Não será um governo liderado pelo PT, apesar de a presidente ser do PT”, afirmou na entrevista.

Para o professor, o governo Dilma tentou evitar a chantagem do PMDB, por meio de um processo de fragmentação partidária, mas não deu certo. “Cunha está com a faca e o queijo na mão. Ele quer que o governo atenda a suas demandas e de sua bancada, que é enorme e passa por todos os partidos”, afirmou.

Para Nobre, o deputado Eduardo Cunha percebeu antes dos outros que era possível formar bancadas fortes, “capazes de chantagear o governo fora da esfera partidária”.

Autor do conceito “peemedebismo”, o professor da Unicamp afirmou que Cunha, ao galgar postos dentro do PMDB, foi bloqueado pela cúpula partidária. Como resposta, o deputado criou um modelo novo no qual não há um partido que funciona como um PMDB, mas figuras dentro do PMDB que passam a organizar bancadas que incluem deputados e senadores de todos os partidos. É uma espécie de peemedebismo expandido.

“A Dilma não tem nem o boom de comércio nem carisma. Pelo contrário. Está enfrentando uma crise econômica mundial. Então, ela não consegue mais atender ao sistema político nos termos em que o Lula fez e  tem de baixar o apetite de todo mundo.  Para fazer isso, apostou na fragmentação partidária. Por um lado, dá mais trabalho para negociar, mas, por outro, fica mais barato, porque um partido do tamanho do PMDB exige muito em troca. A eleição do Eduardo Cunha foi uma reação a esse processo de fragmentação, que teve efeito inverso ao esperado pelo governo. A estrela explodiu, e agora seus pedaços estão orbitando em torno do PMDB, no qual o Eduardo Cunha passou a ser uma referência”, afirmou. Veja entrevista completa na Revista Época. (Glauco Cortez/ Carta Campinas)