Obra do artista Hélio Oiticica, em exposição (foto: projeto hélio oiticica)
Em São Paulo – A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, se posicionando e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época estará presente na mostra “Arte Subdesenvolvida”, a partir de hoje (29) até 5 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP). A entrada é gratuita, com retirada do ingresso na bilheteria ou pelo site.
O conceito de subdesenvolvimento durou cinco décadas até ser substituído por outras expressões, como países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso, o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, afirma o curador Moacir dos Anjos.
A exposição apresenta pinturas, livros, discos, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentos. São peças de coleções particulares, dentre elas dois trabalhos de Candido Portinari. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago cedidas pelo Museu de Arte do Rio (MAR).
Alguns destaques
Obras de grande importância para a cultura nacional estão presentes em “Arte Subdesenvolvida”. Entre as instalações estará a obra “Sonhos de Refrigerador”, do artista Randolpho Lamounier. O trabalho apresenta um grande volume de objetos que materializam sonhos de consumo de pessoas ouvidas na Praça da Sé, em São Paulo, e vai ocupar todo o vão central do CCBB São Paulo. Outra obra de destaque na mostra é “Monumento à Fome”, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino.
Ao todo mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras terão obras expostas na mostra, entre eles Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Artur Barrio, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.
O subdesenvolvimento em décadas
A mostra ocupará quatro pisos do CCBB SP, incluindo o subsolo, e será dividida por décadas. O primeiro eixo, “Tem Gente com Fome”, apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento, nos anos de 1930 e 1940. No segundo eixo, “Trabalho e Luta”, haverá uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, entre outras regiões do Brasil onde começaram a proliferar as greves, as lutas por direitos e melhores condições de trabalho.
O terceiro bloco se divide em dois. Em “Mundo e Movimento”, a política, a cultura, a arte se misturam , com documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), do Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Já na parte “Estética da Fome”, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião.
No subsolo, ficará o último eixo da mostra, “O Brasil é Meu Abismo”, com obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro.
Durante a exposição, serão desenvolvidas atividades especiais, como visitas mediadas, lançamento do catálogo e mesa-redonda com convidados para discutir o conceito de países subdesenvolvidos.
(com informações de divulgação)
Serviço
Exposição “Arte Subdesenvolvida”
Data: 29/5 a 5/8
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112, Centro Histórico, São Paulo-SP
Horário: todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras
Ingressos: gratuitos, disponíveis em bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB SP
Estacionamento: estabelecimento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14,00 por seis horas, com traslado gratuito ida e volta, das 12h às 21h)
Mais informações: (11) 4297-0600