(foto divulgação cptm)

Um levantamento do portal g1 mostrou que, apenas na CPTM, a Via Mobilidade responde por 63% falhas registradas neste ano. Foram 73 ocorrências nas linhas 8 e 9, enquanto as demais linhas sob controle do governo do estado registraram 33 falhas. Em função desses índices alarmantes de falhas, os trabalhadores apelidaram a concessionária de “Via Calamidade”.

Mesmo assim, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), vê uma mina de recursos e quer privatizar tudo incluindo CPTM, metrô e Sabesp.

Um histórico de falhas minimizado pelo governador Tarcísio de Freitas para defender seu projeto. ”Na verdade, a gente está tendo um decréscimo de falhas nas linhas operadas pela iniciativa privada, fruto dos investimentos que começam a se materializar”, afirmou Tarcísio ao atacar a greve na manhã de terça. “Quais são as linhas que estão funcionando hoje? Aquelas concedidas à iniciativa privada. Isso mostra que estamos na direção certa”, acrescentou.

A linha de trem 9 – Esmeralda, operada pela concessionária Via Mobilidade, em São Paulo, segue causando transtornos para os usuários na manhã desta quarta-feira (4). No dia seguinte à greve de metroviários e ferroviários contra privatizações, as linhas operadas pelo Metrô e pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) funcionam normalmente.

Segundo assessoria de imprensa da Via Mobilidade, foram acionados 70 ônibus do Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) para atender os passageiros.

A concessionária destacou, em nota, que o “trabalho de manutenção envolve cinco frentes de trabalho formadas por cerca de 70 colaboradores, que priorizam a solução do problema para que a linha possa operar normalmente o quanto antes”.

Pane

A falha começou na tarde dessa terça-feira (3), com uma pane elétrica por volta das 14h, deixando a volta do paulistano para casa ainda mais difícil, tendo em vista que nove linhas do Metrô e da CPTM estavam em greve. Quem estava nos vagões da Linha 9, durante a falha, precisou caminhar pelos trilhos.

Na Estação Pinheiros, zona oeste da capital, o problema na linha da Via Mobilidade continuava depois das 19h e a fila para pegar o ônibus deu a volta no quarteirão.  A gerente de atendimento, Ariane de Nascimento, esperou mais de duas horas. “Não sabemos se pegou fogo nos cabos. Não temos informações”.

A diarista Veroneide Rodrigues e as amigas cansaram de esperar e fizeram a pé um trajeto de três quilômetros. “Viemos da Estação Cidade Jardim até aqui a Estação de Pinheiros a pé, via Marginal [Pinheiros], correndo risco. Ninguém consegue entrar nos ônibus [do sistema Paese].”

A falha ocorreu depois de o governador Tarcísio de Freitas criticar a greve e exaltar as privatizações. “O que está disponível para o cidadão? Linha 4, que está com a iniciativa privatizada, a Linha 5, a Linha 8, a Linha, que está com a iniciativa privada. O protesto é contra a privatização”, ironizou.

Desde que a Linha 9 passou a ser administrada pela Via Mobilidade, foram registradas, em média, três vezes mais problemas do que quando era operada pela estatal, a CPTM.

Por terem descumprido decisão judicial para manter 100% da operação em horário de pico e 80% nos demais horários, os sindicatos dos metroviários e ferroviários devem pagar uma multa de R$ 500 mil cada por não terem cumprindo a determinação judicial.

O discurso do governador é alvo de manifestações da população e trabalhadores, que repudiam o argumento de que a privatização acarretaria em melhoria nos serviços. Pelo contrário, eles denunciam que as linhas que passaram à iniciativa privada apresentam um número crescente de falhas e acidentes. Com o fim da greve, todas as linhas estatais voltaram a operar normalmente nesta quarta, sem intercorrências. O que foi ressaltado também pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP).

Reações

“Quem trava São Paulo não é grevista, é quem dá dinheiro pra iniciativa privada destruir serviço público e humilhar a população da nossa Metrópole todo dia. Se Tarcísio de Freitas tivesse aceito a proposta de catraca livre no dia de hoje, todas as linhas estariam funcionando normalmente. Menos essa, privatizada”, apontou a parlamentar. O deputado estadual Emídio de Souza (PT) contestou também a afirmação do governador que as privatizações do Metrô, CPTM e Sabesp foram “aprovadas nas urnas”.

“(Tarcísio) tentou jogar a população contra grevistas. Está inventando, se comportando como um caixeiro viajante. A privatização da Sabesp é contra a lógica de gestão pública. Isso não está no programa de governo dele. A desculpa é que a empresa não dá lucro. A Sabesp é lucrativa. O Estado não põe um centavo na Sabesp há mais de 30 anos. Ele vai ter de recuar da privatização da Sabesp”, disse ao site Brasil 247. Para o parlamentar, o governador também deu um “tiro no pé” porque a “sociedade viu as falhas das linhas privatizadas”. (Da RBA e Agência Brasil)