Documentário ‘Música no Quintal e a cultura popular’ revisita o folclore musical e discute legado deixado pelos modernistas

O projeto Música no Quintal, formado por artistas da música e produtores audiovisuais de Campinas/SP, lança neste mês de novembro o documentário “Música no Quintal e a cultura popular”. A primeira exibição da obra acontece no dia 30/11, quarta-feira, a partir das 19h, no espaço Circalonna, localizado no distrito de Barão Geraldo (com transmissão simultânea no YouTube do projeto). A entrada para o evento é gratuita e mais informações podem ser obtidas no Instagram @projetomnq.

MNQ Cultura Popular (Foto: Ana Laura Cintra)

Idealizado pela pianista Carol Leão, abraçado pela produção audiovisual de Gabi Perissinotto e Marcel Vecchia (GAMA Produção Visual) e pelo pesquisador Antô Netto, o documentário “Música no Quintal e a cultura popular” revisita o folclore musical e a cultura popular como forma de fazer manutenção da cultura brasileira e também questionar o que é folclore na atualidade. Ele traz um olhar crítico sobre a disseminação e valorização da cultura de diferentes povos do Brasil e também do legado deixado pelos modernistas, em referência ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, celebrado neste ano.

“Rememorando os feitos modernistas da Semana de 22 e questionando os questionamentos trazidos por eles cem anos atrás, quais partes de nós ainda se identificam com os manifestos que inundaram o Theatro Municipal?”, questionam os membros do projeto.

“Quantos ‘bois da cara preta’ e ‘diablos blancos’ se escondem em nossas encruzilhadas internas? Quais muros permanecem intactos, evidenciando as diferenças que insistimos em perdurar? Esta produção audiovisual olha para a história do Brasil de maneira mais integrada e ousa evidenciar outros vieses que vão para muito além do que é ensinado pelo eurocentrismo na formação básica educacional”.

O projeto “Documentário Música no Quintal” foi contemplado pelo Edital ProAC nº 36/2021 ‘Artistas Iniciantes’, é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e produção da GAMA Produção Visual.

Modernistas

O ponto de partida para a produção do documentário se deu pela celebração dos cem anos da Semana de Arte Moderna de 1922 aliado ao fato de que, durante os últimos quase três anos, a pandemia causada pelo Covid-19 trouxe a muitas pessoas uma necessidade maior de conexão com a terra e com espaços externos – daí a valorização dos quintais.

Ao longo da produção, o espectador poderá então passear pelo interior de São Paulo visitando ‘quintais modernistas’, assim apelidados pelos próprios integrantes do projeto – lugares projetados e construídos por modernistas, ou que representam fortemente a presença destes artistas em seus espaços de origem. Entre os locais estão a Fazenda Capuava em Valinhos, o Balneário Municipal de Águas de Lindoia, o Teatro Estadual de Araras e a cidade de São João da Boa Vista.

“A gente queria sair de dentro de um teatro como os modernistas saíram. O documentário vem justamente neste ano em que a gente comemora o centenário da Semana de 22 e os modernistas, o Movimento Antropofágico como um todo, falam de algo muito parecido com o que nós falamos que é o nosso folclore, a nossa cultura popular”, conta a produtora audiovisual Gabi Perissinotto.

Assim como os modernistas, os participantes do Música no Quintal buscam nesta produção trazer uma reflexão profunda sobre o que está sendo feito com a formação cultural, artística e intelectual do Brasil na atualidade. Alguns artistas recebem homenagens e são também questionados para gerar um pensamento conjunto sobre o que de fato, do legado modernista, ainda nos serve nos dias atuais. O projeto contempla os nomes de Pagu, Guiomar Novaes, Flávio de Carvalho, Roberto Burle Marx, Lívio Abramo, Oswaldo Arthur Bratke e Oscar Niemeyer.

Diversidade cultural

Outro ponto importante exaltado pelo documentário Música no Quintal é a diversidade cultural existente hoje em nosso país e como a própria sociedade brasileira valoriza (ou não) estas riquezas imateriais. Para isso, a produção convidou artistas que representam, por suas próprias trajetórias de existência, as histórias dos povos originários desta terra, dos povos negros, do povo caipira e da colonização pelo homem branco.

“Nós temos bastante consciência hoje de que o que eles (modernistas) criaram naquele momento foi de certa forma uma apropriação cultural de muitas culturas populares de nosso país. A gente sente receio de cometer a mesma apropriação e isso mostra que olhar para o Modernismo é a gente se ver… e repensar nós mesmos”, aponta Gabi.

Os convidados presentes na produção são a cantora, percussionista e arte educadora Djotana Puri AKA Siba Carvalho; o músico, multi-instrumentista, pesquisador, produtor e educador moçambicano Otis Selimane; o violeiro e artesão de instrumentos Levi Ramiro; e a cantora e professora de canto Bruna Lucchesi.

Enquanto versam sobre a presença da cultura que representam, os convidados, junto à pianista Carol Leão, apresentam em duetos músicas/cantigas da cultura popular para refletir sobre como o imaginário coletivo é construído sobre este elemento artístico. Entre as canções estão ‘Boi da Cara Preta’ e ‘Cuitelinho’, entre várias outras que são apresentadas ao longo da produção.

Ficha técnica

Música no Quintal e a cultura popular

Brasil, Colorido, 60 min

Classificação: Livre

Direção Geral e Musical: Carol Leão | Direção Executiva e de Arte: Gabi Perissinotto | Direção de Fotografia e Produção Audiovisual: Marcel Vecchia | Pesquisa Histórica e Argumentação: Antô Netto | Artistas convidados: Djotana Puri AKA Siba Carvalho, Otis Selimane, Levi Ramiro e Bruna Lucchesi | Edição e Transmissão: GAMA Produção Visual | Produção Musical: R. Monteiro | Fotografia Still e Making of: Ana Laura Cintra | Maquiagem: Jaqueline Ramirez | Comunicação: Miguel Von Zuben

Programação completa

Temporada de exibições do documentário “Música no Quintal e a cultura popular”