Em uma parceria com quatro casas culturais e uma instituição educacional, o artista Bruno Novaes estará circulando pelo centro de Campinas pelos próximos dois meses. Trata-se de uma primeira edição do projeto_ por enquanto apelidado de “Na Vizinhança”_ cujo objetivo é colaborar com a circulação de artistas e público interessado, que geralmente estão de passagem pela região central, fomentando ocupações e diálogos culturais pelas ruas, calçadas e praças de uma das regiões históricas do município. 

(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)

A começar pelo próximo dia 08, quarta-feira, às 19h, acontecerá a abertura da exposição Diário 366 no Museu de Arte Contemporânea de Campinas. A mostra exibe as páginas do diário do artista em um projeto colaborativo onde a documentação de sua história pessoal se mistura com a de voluntários, em um processo que se estendeu por um período de quatro anos. 

Depois, no próximo sábado, dia 11, a partir das 15h, será a vez da abertura de Trabalho em Dupla, no Espaço Marco do Valle. Com curadoria de Erica Burini, a mostra apresenta situações sobre relacionamentos a dois, como pai e filho/ professor e aluno, e as fricções entre a arte e a educação.

Já em meados de julho, Bruno Novaes estará na Fêmea Fábrica, incubadora de artistas, onde fará uma residência artística após suas andanças pela região. E é em julho também, que acontecerão as mesas de conversas com artistas e convidados para dialogar sobre Arte, Educação, Sociedade e Produção Cultural, evento realizado em parceria com o Senac Campinas. A programação estará disponível nas redes sociais de todos os parceiros.

E para além deste percurso todo, outra experiência interessante para o público acompanhar (sob agendamento), é a passagem de Novaes pelo Serafina, espaço de experimentações da artista Valéria Scornaienchi, onde ela recebe artistas para uma troca de convivência e de apoio mútuo em processos produtivos.

Todos os eventos contaram com  o apoio do Centro Educacional Integrado Santi Capriotti – CEI Campinas, que tem se empenhado cada vez mais em realizar ações artísticas como um dos pilares da transformação social, e de Julyana Troya, quem coordena o Instituto Marco do Valle (Vórtice), realizando um movimento de produção cultural entre artistas, projetos arte-educativos e trabalhos com arquivos.

Sobre Diário 366

(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)

Com início em 08 de junho, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, a mostra Diário 366 exibe as páginas do diário do artista e objetos que compõem um projeto colaborativo onde a documentação de sua história pessoal se mistura com a de voluntários, em um processo que se estendeu por um período de quatro anos.

O projeto teve início com registros diários feitos pelo artista no ano bissexto de 2016, usando diferentes linguagens, como texto, desenho, colagem e fotografia. Em seguida, os participantes escolheram datas e receberam as páginas correspondentes do caderno, digitalizadas em forma de cartão postal. Estes colaboradores responderam com o envio de itens que comentavam o motivo da escolha por aquele dia, criando uma relação de troca de confidências com o artista. Todo esse processo foi documentado em um grande calendário, onde Novaes fez o controle das devolutivas por meio de aquarelas dos itens recebidos, e também se tornou um livro, que foi lançado em 2021 por meio de premiação da Lei Federal de Incentivo à Cultura Aldir Blanc. 

(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)

Entre as motivações para as participações, as escolhas das datas misturaram aspectos individuais e íntimos com acontecimentos culturais e coletivos, resultando em um arquivo que coloca objetos ordinários, trabalhos de arte, documentos pessoais e lembranças afetivas em um mesmo plano. Assim, criou-se um diário que, além de servir como instrumento para o conhecimento de si, se tornou uma narrativa coletiva das memórias, afetos e histórias de vida de mais de trezentas pessoas.

Longas cartas contando sobre experiências pessoais, fotografias, documentos e outros objetos estão entre os itens recebidos, que muitas vezes chegaram sem explicações. Entre eles uma certidão de óbito, que levanta perguntas sobre como aconteceu tal perda. Em outro caso, foram enviados pares de ingresso de cinema e uma camiseta com cheiro de guardado, sugerindo um fim de relacionamento. Também chegaram ao artista documentos e coisas de família que aproximam histórias e personagens desconhecidos. De modo geral, os itens que chegaram acabam por exigir o uso da imaginação para que se tente deduzir ou mesmo ampliar seus significados, o que confere ao livro um caráter simultâneo de documentação e narrativa de ficção.

(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)
(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)
(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)

Com uma produção que passa por questões como identidade, memória e afeto, para Novaes, é importante jogar luz sobre histórias que muitas vezes passam despercebidas, levantando dúvidas sobre o poder dos arquivos tradicionais, que perpetuam a produção de conhecimento. Seu trabalho nos convida a refletir sobre quais outras narrativas deixam de ser documentadas, questionando o que mais pode ter ficado de fora dos livros e de outros meios de comunicação.

A mostra está sendo realizada por meio do Edital de Agendamento para Exposições Temporárias no Museu de Arte Contemporânea de Campinas “José Pancetti” para o 1º Semestre de 2022.

(Imagem: Felipe Perazzolo/Divulgação)

Exposição Diário 366

Local: Museu de Arte Contemporânea de Campinas 

Endereço: Rua Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas – SP

Visitação: de 08 de junho a 16 de julho de 2022

Horário: terça a sexta-feira, das 10h às 17h

Entrada gratuita

Acesso para pessoas com deficiência

Classificação etária: Livre

Agendamento de visitas: [email protected]

Sobre Trabalho em Dupla

A partir de um convite feito pelo Núcleo Curatorial do Espaço Marco do Valle, o artista apresentará a mostra Trabalho em Dupla no Espaço Marco do Valle, a partir de 11 de junho, às 15h, trazendo diversas reflexões sobre as relações a dois _ como pai e filho / professor e aluno / curador e artista _ e  sobre as fricções entre a arte e a educação. 

Segundo o texto da curadora Erica Burini, a  tarefa comum de se juntar com um colega para realizar um trabalho, frequentemente dada pelos professores nas escolas, pareceu um bom jeito de falar sobre as várias formas de encontro entre dois elementos, que ora se parecem, pensam igual; e em outra hora não, discordam, se diferenciam, mas se empenham juntos na construção de algo. Esta ideia oferece uma possibilidade (dentre as muitas) de leitura dos trabalhos de Bruno Novaes e da situação desta exposição como um todo, que já nasce como duplo: ao mesmo tempo que o trabalho de Novaes está sendo exposto no Espaço Marco do Valle, também é exibido, no MAC-Campinas, o Diário 366

Novaes apresenta em Trabalho em Dupla, desenhos, objetos artísticos e instalações com lousas e carteiras, algumas interativas, que resgatam, historicamente, a via de mão dupla entre o ensino e a aprendizagem. São questões muito reflexivas sobre as metodologias educacionais que acabam por limitar o desenvolvimento criativo e sensível do indivíduo. Modelos que, certamente, muitos terão identificação e recordação.  

A mostra está sendo realizada como apoio do CEI Campinas, instituição que tem se empenhado cada vez mais em realizar ações artísticas como um dos pilares da transformação social, e  da curadora do Núcleo Curatorial Espaço Marco do Valle (espaço cultural do CEI Campinas) Julyana Troya, quem também coordena o Instituto Marco do Valle, realizando um movimento de produção cultural entre artistas, projetos arte-educativos e trabalhos com arquivos.

Exposição Trabalho em Dupla

Local: Espaço Marco do Valle 

Endereço: Rua Dr. Quirino, 1856 – Centro, Campinas – SP

Visitação: de 11 de junho a 22 de julho de 2022

Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h – sábados das 9h às 12h

Entrada gratuita

Acesso para pessoas com deficiência

Classificação etária: Livre

Agendamento para visitas: [email protected]

(Carta Campinas com informações de divulgação)