Em março de 2020, a temporada de Por Que Não Vivemos?, da Cia. Brasileira de Teatro, corria com plateias cheias e filas. Originalmente programada para o CCBB-SP, a reforma do teatro fez com que a estreia fosse realizada no Teatro Municipal Cacilda Becker, na Lapa, em São Paulo.  Em virtude da pandemia da covid-19 e com o fechamento das casas de espetáculos, a peça interrompeu suas apresentações e os artistas entraram em quarentena.

O resguardo inquietou artistas e produtores em suas casas e as pesquisas cênicas no âmbito digital começaram a virar realidade. Os estudos realizados começaram a dar frutos e um deles é a transposição do espetáculo para o universo digital.

(Foto: Nana Moraes)

A temporada digital de Por que não vivemos?, baseada na obra de Anton Tchekhov, acontece nos dias 11, 12 e 13 de dezembro, com entrada gratuita e reservas a partir de 1º de dezembro pelo Sympla.

A peça está dividida em três atos, cada um deles apresentado em um único dia, em duas sessões, sempre às 18h e 21h. Dias 15 e 17 de dezembro também será oferecido gratuitamente um curso/palestra “Dramaturgia, Performance e Processos Criativos no Teatro Contemporâneo”, com Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar. 

Em junho de 2020, a cia brasileira de teatro iniciou uma pesquisa sobre a escuta, a manipulação e detalhe do som, em especial àquele aliado às palavras, às dramaturgias. Duas peças sonoras da série “Escutas Coletivas” foram realizadas pelo grupo: “Maré”, uma reação artística ao real sobre o Complexo da Maré, localizado no Rio de Janeiro, e “Luto”, um exercício sonoro a partir da peça “Rubricas”, de Israël Horovitz. 

Dessa experiência de Escuta Coletiva nasceu o primeiro ato da transposição de Por que não vivemos? para a versão digital. Nesta adaptação de linguagem e meios da peça, a equipe criativa voltou ao trabalho dramatúrgico e reescreveu cenas, moldando cada ato do espetáculo a uma passagem individual. Isto manteve a dimensão e roteiro do texto em três episódios, esteticamente distintos, como no espetáculo produzido presencialmente. 

No primeiro ato, o destaque é para o formato da Escuta Coletiva, sem imagens e com a apresentação, pelo elenco, de suas personagens e relações na obra, além da “festa de reencontro”, proposta na dramaturgia de Tchekhov.  

O segundo ato dá novo significado às imagens gravadas para o espetáculo presencial, com cenas executadas ao vivo pelos atores, o que torna mais próxima a experiência realizada digitalmente. 

O terceiro e último ato tem os atores e atrizes, a partir de suas casas, em super closes narrando as ações/cenas para o desfecho da peça.

“Criar uma experiência online a partir de uma peça que existe presencialmente e que tem grande proximidade com o público apresenta desafios de como buscar o vínculo com as pessoas através da escuta e da percepção dos aspectos mais fundamentais da peça, numa adaptação em três episódios, mantendo as diferenças de linguagens em cada parte que caracterizam a montagem original”, diz o diretor Marcio Abreu.

Escrita pelo dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904) por volta dos 20 anos, a história do professor Platonov foi descoberta nos arquivos do seu irmão após a sua morte e publicada em 1923. Até então inédita no Brasil, a obra foi publicada em diversos países como Platonov em homenagem a um dos personagens, o professor Mikhail Platonov. Giovana Soar ressalta que o título escolhido pela companhia, Por que não vivemos?, traduz o drama que permeia o espetáculo. “São pessoas que gostariam de estar em outro lugar, mas não fizeram nada para isso. Mostra como a trama da vida vai se desenrolando e as pessoas vão caindo na armadilha de ficar onde estão”. 

A peça trata de temas recorrentes na obra de Tchekhov, como o conflito entre gerações, as transformações sociais através das mudanças internas do indivíduo, as questões do homem comum e do pequeno que existem em cada um de nós, o legado para as gerações futuras – tudo isso na fronteira entre o drama e a comédia, com múltiplas linhas narrativas. “É o primeiro texto de Tchekhov, um texto muito jovem, mas muito revisitado em diversos países porque tem nele o que depois vem a ser o cerne do Tchekhov”, diz o diretor. 

“A montagem tem um foco muito específico nas personagens femininas. São elas que causam transformação, que caminham, que querem mudanças, contravenções e que enfrentam conceitos pré-estabelecidos na sociedade da época”, conta Giovana. A artista complementa que esses traços estavam no texto de Tchekhov, mas foram acentuados na adaptação. Para ela, o olhar do autor causava uma espécie de premonição para os movimentos futuros que se sucederam. 

Sinopse: Na adaptação da companhia brasileira de teatro, a história não se desenrola num lugar definido, tampouco na época em que foi escrita. Ambientada numa propriedade rural de uma jovem viúva, a história se passa durante uma grande festa, na qual está presente Platonov, um aristocrata falido. Ele se tornou professor, por despeito e para camuflar sua revolta contra seu falecido pai e a sociedade. Bem articulado, brilhante e sedutor, ele é admirado e invejado. Seu reencontro com Sofia, um amor de juventude, reaviva seu desespero. 

Ficha Técnica
Da obra Platonov, de Anton Tchekhov
Direção: Marcio Abreu
Assistência de Direção: Giovana Soar e Nadja Naira
Elenco: Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josy.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Ferrarini, Rodrigo de Odé e Rodrigo Bolzan

Adaptação: Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar
Tradução: Pedro Augusto Pinto e Giovana Soar
Direção de Produção: José Maria 
Produção Executiva: Cássia Damasceno
Assistência de Produção: Leonardo Shamah

Iluminação: Nadja Naira
Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino
Direção de movimento: Marcia Rubin
Cenografia: Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura
Figurinos: Paulo André e Gilma Oliveira

Direção de arte das projeções: Batman Zavareze
Edição das imagens das projeções: João Oliveira
Câmera: Marcio Zavareze
Técnico de som | projeções: Pedro Farias
Assistente de câmera: Ana Maria

Operador de Luz: Henrique Linhares e Ricardo Barbosa
Operador de vídeo: Marcio Gonçalves e Michelle Bezerra
Operador de som: Bruno Carneiro e Felipe Storino
Contrarregragem: Hevaldo Martins e Alexander Peixoto
Máscaras: José Rosa e Júnia Mello

Fotos: Nana Moraes
Programação Visual: Pablito Kucarz
Assessoria de Imprensa São Paulo: Canal Aberto 
Difusão Internacional: Carmen Mehnert | Plan B
Produção: companhia brasileira de teatro

Projeto realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura
Apoio: Secretaria Municipal da Cultura
Patrocínio: Banco do Brasil e Eletrobras Furnas
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

companhia brasileira de teatro
Direção de Produção: Giovana Soar e José Maria
Administrativo e Financeiro: Cássia Damasceno 
Assistente Administrativo: Helen Kaliski

Por que não vivemos?
Temporada Digital: 11, 12 e 13 de dezembro de 2020 

Dia 11 de Dezembro – Sexta – 1o. Episódio – sessões às 18h e 21h. Duração: 60 minutos
Dia 12 de Dezembro – Sábado – 2o. Episódio – sessões às 18h e 21h. Duração: 30 minutos
Dia 13 de Dezembro – Domingo – 3o. Episódio – sessões às 18h e 21h, seguidas de bate-papo com elenco, direção e produção sobre a obra e sua experiência digital. Duração: 90 minutos

Gênero: Comédia Dramática | Classificação indicativa: 16 anos | Grátis

Baixe do App da SYMPLA para Android ou IOS na App Store ou Google Play e adquira seu ingresso gratuitamente a partir de 1º de dezembro de 2020. 

Ingressos individuais e limitados à capacidade da plataforma.
Em todas as sessões haverá Intérprete em Libras.

Curso Palestra
Dramaturgia, Performance e Processos Criativos no Teatro Contemporâneo 
Com Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar
Dias 15 e 17 de dezembro das 19h às 21h. 
Inscrições gratuitas a partir do dia 1º de Dezembro. Vagas limitadas. 
Inscrições pela Plataforma Sympla

Esta oficina parte do estudo de alguns exemplos de escrita de teatro contemporâneo, incluindo o repertório da companhia brasileira de teatro, especialmente a obra “Por que não vivemos?, de Anton Tchekhov. A partir da análise dos textos, das suas estruturas e suas ferramentas de escrita, tenta-se compreender seus desdobramentos na cena e no ator. 

(Carta Campinas com informações de divulgação)