Morte do trabalhador Luís Ferreira do MST em Valinhos completa um ano

(foto mst -div)

Neste sábado, dia 18 de julho, completa 1 ano do atropelamento e morte do sem terra Luís Ferreira durante uma manifestação que exigia abastecimento de água no Acampamento Marielle Vive!, em Valinhos-SP. O responsável pelo atropelamento, Leo Ribeiro, está em liberdade provisória e as famílias seguem em luta pela terra e clamam justiça para este crime.

https://cartacampinas.com.br/2020/07/para-evitar-que-assassinato-de-lider-destrua-o-movimento-blacklivesmatter-usa-estrategia-do-mst/

Naquela data, os Sem Terra do Acampamento Marielle Vive!, do MST em Valinhos/SP, estavam organizados nas primeiras horas da manhã para realizarem um “ato simbólico” com doação de alimentos na Estrada do Jequitibá, em frente a comunidade, e exigir o abastecimento regular de água potável por parte da Prefeitura Municipal. O acampamento foi criado em abril de 2018 e não havia conseguido, até aquela data, o acesso à água. Como direito humano fundamental, a água é mais que necessária para a vida.

Há um mês, a Justiça determinou, em primeira instância, que a Prefeitura de Valinhos garanta transporte escolar e acesso à saúde e educação para crianças e adolescentes do Acampamento.

Segundo o MST, no dia 18 de julho de 2019, o ato se iniciou de forma pacífica e alegre, mas se tornou trágico e triste quando uma caminhonete saiu da fila de carros parados, entrou na contra mão e acelerou para cima dos manifestantes atingindo diversas pessoas, entre elas, de forma fatal, o companheiro, Luis Ferreira, trabalhador sem terra de 72 anos, muito conhecido e querido na comunidade.

O motorista, que após matar um trabalhador fugiu do local é, segundo informações do MST, “é bolsonarista e de extrema-direita”. Ao avançar com sua caminhonete sobre centenas de pessoas para atropelá-las, deixou Seu Luis no chão já praticamente sem vida. “Na delegacia seu irmão disse em “alto e bom tom” para todos presentes que “se tivesse com caminhão passariam por cima de mais pessoas”, demonstrando o total desprezo pela vida dos trabalhadores sem terra”, informou em nota o movimento.

Após ser encontrado em Atibaia (SP), algumas horas depois do crime, a aproximadamente 60 quilômetros do local do atropelamento, Leo Ribeiro ficou preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória de Hortolândia/SP. Atualmente se encontra em liberdade provisória desde o dia 16 de dezembro de 2019, aguardando a sentença do caso. A família do Seu Luis e o MST exige justiça pelo assassinato.

 “Luis Ferreira virou um marco de inspiração para as famílias do Acampamento Marielle Vive!, conhecido por sempre estar disposto a contribuir com as necessidades coletivas, pelo cuidado com a sua horta e por participar assiduamente da turma de alfabetização de jovens e adultos do acampamento. Era um exemplo de garra, homem que migrou do Pernambuco, trabalhou duro como pedreiro para criar seus filhos e lutava para realizar o sonho de ter um pedaço de terra para a família e poder voltar a sua origem camponesa”, diz a mensagem do Acampamento Marielle Vive! do MST.

       Atualmente Seu Luis é uma referência no Acampamento que possui uma escola com seu nome, conforme diz uma representante da comunidade: “Seu Luis Ferreira um dia falou que só sairia da terra morto, temos certeza que não descansaremos enquanto não houver justiça pelo seu assassinato e justiça social com a realização da Reforma Agrária. A Escola Popular Luis Ferreira é um marco da força que Seu Luis passa pra gente e uma homenagem, assim como a Marielle é outra grande referência que nos dá força todos os dias”.    

            Atualmente o Acampamento enfrenta uma luta jurídica pela permanência das famílias na Fazenda Eldorado Empreendimentos Imobiliários. A fazenda estava improdutiva, foi ocupada para fazer valer o que estabelece a Lei sobre o necessário cumprimento da função social e realização da política de Reforma Agrária, conforme previsto na Constituição Federal, no entanto, há uma decisão em primeira instância determinando o despejo das famílias da área, para que ela continue improdutiva e abandonada. Segundo o MST, as famílias seguem firmes e em luta, aguardando recursos da defesa que estão atualmente no Tribunal de Justiça de São Paulo. (Com informações de divulgação)


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