Pelo menos por um mês, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-SP) e a Polícia Civil do Rio sabiam do depoimento do porteiro e não fizeram a apreensão do computador com a prova do áudio da portaria do condomínio de Bolsonaro, ainda que apenas para manter a prova em segurança. Por causa do foro privilegiado, o computador com a prova não poderia ser periciado, mas poderia ser mantido sob custódia da Polícia e aguardar liberação do STF. Hoje, em entrevista, Bolsonaro disse que está de posse dos arquivos do condomínio para, segundo ele, “evitar que sejam adulterados”.

(foto de vídeo – internet – reprodução)

A falha da investigação foi revelada pelo próprio Jair Bolsonaro. Ele disse que o governador do Rio, Wilson Witzel, o avisou no início de outubro sobre o depoimento do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra. Apesar de em segredo de Justiça, ele teria contado que Bolsonaro foi citado na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. Portanto, os arquivos poderiam ter sido apreendidos no início de outubro.

“No dia 9 de outubro, às 21 horas, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando o governador Witzel chegou para mim e disse: “o processo está no Supremo, comentou o presidente a jornalistas, em Riade (Arábia Saudita). “Que processo? O que eu tenho a ver? E o Witzel disse que o porteiro citou meu nome. Ele sabia do processo que estava em segredo de Justiça”, acrescentou, segundo informou o Correio Brasiliense.

Em vez de fazer a apreensão dos arquivos da portaria e mantê-los em segurança, representantes o MP-RJ fizeram algo totalmente fora de padrão e não previsto em lei. Segundo o Jornal Nacional, eles foram no dia 17 de outubro para Brasília para consultar o presidente do STF, Dias Toffoli, sem avisar juiz do caso, para perguntar se deveriam continuar com as investigações. Toffoli ainda não respondido a consulta, obviamente.

A ação do MP-RJ foi totalmente diferente da ação da Lava Jato, em Curitiba. A Lava Jato não só apreendeu , mas também analisou os áudios de conversas da então presidente da República, Dilma Rousseff, de forma ilegal e sem autorização do STF. Mais que isso, aindaa divulgou para a imprensa.