Poderá ser vista até o dia 14/12, a exposição “MESMO – Para o Público Acidental” no Museu da Cidade (MuCi).
A exposição do artista visual holandês MESMO (Kjell van Ginkel) traz para o Museu da Cidade obras de sua trajetória na rua e promove a interação do público por meio do aplicativo inédito My Street ABC.
MESMO, nome artístico de Kjell van Ginkel, é um artista visual que extrai do espaço urbano as ideias para seus trabalhos. E não é só a ideia que ele traz para a arte. Recortes literais da rua vão para dentro do museu em forma de fotografia, placas, esculturas e, sobretudo, de materiais (lixos e sobras) que são encontrados em suas derivas e empregados na construção de seus objetos e intervenções urbanas. Todos inspirados ou feitos no espaço público com uma visão contemporânea da arte.
Em sua primeira exposição individual no Brasil, MESMO apresentará cerca de 20 trabalhos que promovem a interação do público por meio da observação e da exploração das peças e do ambiente e, também, pela aproximação dos cenários urbanos presentes na mostra devido a seus trabalhos em site-specific, um conceito da arte que trata, em geral, de trabalhos planejados em local certo, cujos elementos esculturais dialogam com o meio circundante para o qual a obra é elaborada.
“O trabalho de intervenção urbana lida com o conceito de site-specific, por isso não posso simplesmente deslocar uma intervenção urbana para dentro do museu, isso quebraria a obra, tiraria o sentido dela. Mas posso mostrar indícios dessas ações para que o público perceba, ao sair do museu para a rua, as possibilidades de interação com o espaço por meio da arte”, explica MESMO.
A ideia de público acidental corresponde a uma provocação que também se relaciona com o conceito de intervenção urbana e da arte pública. “É Para o Público Acidental porque o expectador da intervenção urbana, em geral, não espera sair de casa para encontrar a arte, o que acaba acontecendo de forma espontânea no espaço urbano”, comenta o artista entusiasmado com a ideia de que os transeuntes da região central da cidade adentrarão o museu para uma experiência que faz uma ponte entre uma instituição de arte e a rua. “Apesar de hoje estar no museu, meu foco é a rua e o espaço público, pois são ambientes acessíveis a todos, podem brincar, aprender e também fazer arte”.
Além dos trabalhos artísticos, a mostra apresentará a primeira versão (beta) do aplicativo My Street ABC. O desenvolvimento do seu aplicativo é um desdobramento das interações com o livro que também se chama My Street ABC lançado por MESMO no início deste ano. O ponto de encontro entre público, aplicativo, livro e arte ocorre através de ações fotográficas extraídas de imagens da rua, dos objetos e das estruturas arquitetônicas que se assemelham com as letras do alfabeto.
A exposição estará aberta para de terça a sexta-feira das 13h as 18h e aos sábados das 10h às 14h.
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
O educativo da mostra Para o Público Acidental fez uma parceria com a Faculdade de Educação – Unicamp e por meio da Extecamp Escola de Extensão (EXTECAMP / Escola de Extensão da Unicamp) será oferecido o curso Intervenções Urbanas – Para o Público Acidental (EDU 0298).
Constituído de 30h (com estrutura semipresencial), o curso fará um panorama sobre escultura, objetos, instalação e intervenção urbana com objetivo de apresentar ao público (estudantes, artistas, professores e interessados) possibilidades de interação da arte com o espaço urbano, além de discutir possíveis projetos regionais aplicados à educação.
O curso será ministrado pelo próprio artista e também pela pesquisadora de arte contemporânea Julyana Matheus Troya Melo. Terá a participação dos artistas Ricardo Cruzeiro e João Cunha.
As inscrições poderão ser feitas pelo site da Extecamp a partir de novembro. Os encontros presenciais acontecerão às quartas-feiras de novembro e de dezembro (datas e horário à confirmar), no Museu da Cidade (MuCi). (Carta Campinas com informações de divulgação)
PROGRAMAÇÃO
– Abertura: sábado, 5 de Outubro de 2019, das 10h às 14h
– Lançamento do aplicativo “My Street ABC” de MESMO
– Atividades pedagógicas: Julyana Matheus Troya Melo
– Finissage: sábado, 14 de Dezembro de 2019, das 10h às 14h
VISITAÇÃO
– de 5 de Outubro até 14 de Dezembro de 2019
– de terça a sexta, das 13h ás 18h; sábado, das 10h às 14h
LOCAL
Museu da Cidade – MuCi (Fundição Lidgerwood)
Avenida Andrade Neves, 33 – Centro – Campinas (SP)
COMO CHEGAR
Ônibus:
Terminal Central
Estação Expedicionários (em frente a Estação Cultura)
Terminal Rodoviária de Campinas.
Os estacionamentos na frente e atrás (Vila Industrial) da Estação Cultura estarão liberados durante o evento para quem vier de carro. Há ainda estacionamentos pagos na esquina da Av. Andrade Neves com o começo da Campos Sales ao lado do Museu.
Recomendo. A arte de van Ginkel namora com o abstrato (no momento, falo apenas do pictórico produzido pelo artista) – e poderia ser diferente, se o artista vem da terra de Mondrian? -, mas caminha/corre/para além disso: um viés político cruza a obra, quando o artista usa a paisagem urbana para criar e impressionar, fazendo dançar a beleza da forma na pintura com as rugosidades visuais da cidade. Um invasão do cinza urbano pelo colorido, no qual ganha a forma, bebendo da agrura dos ângulos urbanos e se humanizando com a gente comum que passa e contempla, e a cidade, suavizada em seu pathos no ponto em que o artista trabalhou. Deve-se notar ainda que o anonimato torna tudo mais potente, uma vez que van Ginkel cria e naturalmente se vai, restando a obra a criar a dúvida no transeunte: quem? Por quê? Quando? Essas perguntas, que a um apreciador da arte, um crítico ou um terceiro artista pareceriam desnecessárias, podem ocorrer a gente comum que passa, levando a outros questionamentos que tocam a sensibilidade, quem sabe chamando a contemplação, ao mirar estético – van Ginkel, podemos dizer, faz sua parte em nossos atuais tempos sombrios para a arte e a cultura neste país, ao não negar ao comum do povo a chance da apreciação estética.