A cada dia fica mais claro para os brasileiros o principal motivo do golpe parlamentar de 2016. As petrolíferas estrangeiras fizeram a festa durante a 5ª Rodada de Licitação do Pré-Sal, realizada nesta sexta-feira, 28/9, quando arremataram mais de 90% dos 17,39 bilhões de barris de petróleo que foram leiloados. Fazendo a equivalência entre os R$ 6,82 bilhões que o governo arrecadou em bônus de assinatura e o valor atual do barril de petróleo, chegaremos a bagatela de R$ 0,34 o preço médio pago por cada barril do Pré-Sal leiloado. O barril saiu praticamente de graça.

(fotos agência brasil)

Todos os quatro blocos ofertados pela ANP no leilão foram arrematados em questão de minutos. A britânica Shell e a norte-americana Chevron levaram sozinhas o bloco de Saturno, na Bacia de Santos, o mais valioso, com reservas estimadas em 8,3 bilhões de barris de petróleo. A ExxonMobil (EUA), a BP (Reino Unido), a CNOOC (China), a QPI (Catar) e a Ecopetrol (Colômbia) dividiram os outros dois blocos da Bacia de Santos (Titã e Pau Brasil), enquanto a Petrobrás se contentou com o bloco de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos, o menos disputado.

Ao todo, 13 multinacionais já se apropriaram de reservas equivalentes a 38,8 bilhões de barris de petróleo, de um total de 51,83 bilhões de barris que foram leiloados.  Juntas, essas empresas concentram 75% das reservas, onde são operadoras em seis dos 14 blocos licitados.

Esse é mais um resultado do golpe parlamentar de 2016, que derrubou a presidente Dilma Rousseff (PT). Assim que o impeachment fraudulento foi aprovado no Senado, o Congresso aprovou imediatamente o projeto do senador José Serra (PSDB/SP), que, atendendo à promessa feita às petrolíferas estrangeiras, tirou da Petrobras a exclusividade na operação do Pré-Sal e acabou com a obrigatoriedade da estatal ter participação mínima de 30% nos leilões.  Vale lembrar a euforia de alguns deputados com o golpe parlamentar, até parecia que haviam ganhado na loteria.

Em dezembro de 2017, a presidente Dilma em entrevista disse que foi a mudança do regime de exploração do pré-sal está relacionada ao projeto do golpe de 2016. “Nós descobrimos o pré-sal. Nós sabemos onde está: tem um polígono no meio do oceano. Nós sabemos onde o petróleo está, qual é a qualidade dele e sabemos que há muito petróleo.

Em todos os lugares em que se sabia onde ele [o petróleo] estava, com risco baixo, e ainda com muito óleo, você tem controle do processo. Ninguém no mundo fez outro modelo que não o de partilha. E isso vale pro mundo inteiro. Vale para a Noruega, que está aqui comprando, através da sua empresa pública, que se chama Statoil”, compara. 

“Nós fizemos o modelo do pré-sal, que é a partilha. O que e a partilha? A maior parte do óleo, a mais importante, é do Estado brasileiro. Portanto, do povo brasileiro. A parte menor vai para os exploradores. Na partilha é mais ou menos: 70% da União e 30% das empresas”, afirmou na época. 

As britânicas Shell e BP já acumulam 13,5 bilhões de barris de petróleo em reservas do Pré-Sal. Mais do que a própria Petrobrás, que detém 13,03 bilhões de barris em campos leiloados nas cinco rodadas da ANP.  “É o pagamento do golpe. Ou alguém ainda tem alguma dúvida?”, indaga o coordenador em exercício da FUP, Simão Zanardi Filho, lembrando que,

Para protestar contra mais esse crime de lesa pátria, a FUP e seus sindicatos realizaram manifestações em frente às sedes da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no Rio de Janeiro, e da Petrobrás, na Avenida Paulista (SP), além de atos e mobilizações nas bases da petrolífera brasileira. Na terça-feira (25), a FUP também ingressou com uma Ação Civil Pública, cobrando a suspensão da 5ª Rodada.

“Essa foi a primeira de várias outras contas do golpe que foram pagas pelo povo brasileiro. Por isso, é fundamental elegermos um governo e um Congresso comprometidos com os interesses nacionais . Só assim, conseguiremos deter a entrega do Pré-Sal”, afirma Simão. (Com informações da FUP e 247)