A política do desconstruir para construir de Bolsonaro pegou de surpreso uma série de educadores que discordam do decreto do Ministério da Educação que simplesmente suspende, até 2021, o exame nacional de avaliação da alfabetização de crianças.
A portaria que paralisa a avaliação foi divulgada pelo Estadão nesta segunda (25) e, segundo o jornal, o documento é obra do secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim, mais um discipulo de Olavo de Carvalho.
O diário ouviu da atual secretária de Educação do Estado do Ceará que a medida anunciada pelo governo Bolsonaro “é um retrocesso, uma triste notícia”. Segundo Eliana Estrela, sem a avaliação não é possível saber se as crianças estão aprendendo a ler e escrever na idade certa, quantas já foram alfabetizadas, onde deve haver um investimento maior, onde dar um olhar especial.
“Nadalim”, de acordo com o Estadão, “também foi quem elaborou a minuta do decreto revelado pelo Estado na semana passada sobre uma política de alfabetização no País. Ele defende o método fônico, considerado antiguado e limitador por muitos especialistas. Segundo fontes, Nadalim quer mudar a alfabetização para o que considera ideal e depois voltar a avaliar.”
O jornal afirma que a mudança na avaliação foi atribuída pelo Inep à secretaria de Alfabetização. “E diz que intenção é adequar a avaliação tanto à nova política do governo Bolsonaro quanto à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O problema é que as duas políticas não conversam. A BNCC, por exemplo, não privilegia nenhum método de ensino e diz que alfabetização deve ocorrer até o fim do 2 ano. No MEC, há a indicação para que isso aconteça no fim do 1 ano.”
O diretor presidente do Instituto Natura, David Saad, disse que se o MEC “pretende avaliar a alfabetização de outra forma ou se esta transferindo essa responsabilidade para Estados e municípios”, deve comunicar.
“O Instituto trabalha justamente com projetos de alfabetização em parcerias com secretarias estaduais e municipais. Atualmente, são poucos os municípios do País que avaliam a alfabetização de seus alunos. Todos contavam com as provas feitas pelo MEC.” (Do GGN)