Em São Paulo – Depois de um ano longe dos palcos paulistanos, a Cia. Dos à Deux volta a São Paulo para uma curta temporada do seu trabalho mais recente. “Gritos” reestreia em 25 de outubro, no Sesc Pompeia. A peça fica em cartaz de quinta a sábado, às 21h, e domingos, às 18h, até 04 de novembro.

Foto: Renato Mangolin

Com concepção, dramaturgia, cenografia e direção de André Curti e Artur Luanda Ribeiro, a montagem da Cia. Dos à Deux é formada por três poemas gestuais metafóricos criados a partir de um tema: o amor. “Gritos” estreou em novembro de 2016, no CCBB Rio. Depois, seguiu em turnê para as unidades do CCBB em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Em uma atmosfera onírica, os três poemas que compõem “Gritos” são revelados por meio de uma partitura gestual sutil e minuciosa. Inspirada em temas da atualidade, a dramaturgia foi criada durante o processo de pesquisa e de criação artística. As pessoas invisíveis na sociedade, o preconceito, o desprezo, os refugiados a guerra e o amor permeiam os três poemas gestuais – os três gritos.

Há anos trabalhando com teatro gestual, a dupla experimenta, neste novo trabalho, a transformação de seus próprios corpos em bonecos de proporções humanas, como se estivessem refletidos no espelho. Com colaboração da marionetista russa Natacha Belova (responsável também pelos bonecos do espetáculo “Irmãos de sangue”) e do brasileiro Bruno Dante, André e Artur tiveram partes dos seus corpos – cabeça, mãos, pés e braços – esculpidos com gesso e depois trabalhados em diferentes materiais.

“Essa pesquisa, na fronteira entre artes plásticas, formas animadas, teatro e dança, nos fez ter uma nova sensação gestual que, até então, não havíamos experimentado. Um gestual potente, complexo e contido”, explica Artur. “Ao longo da criação, na pesquisa de formas animadas, nós fomos dando vida ao invisível dos corpos, aos poucos. Como se a vida tivesse arrancado um pedaço desses personagens, nos obrigando a dar poesia e intenção a objetos que se tornaram corpos, e corpos que se tornaram objetos”, explica André.

A cenografia de “Gritos” é uma instalação plástica composta por estruturas de colchões de mola que vão se transformando em objetos insólitos ao longo da peça. Em alguns momentos, os colchões formam labirintos de onde os personagens procuram uma saída. Em outros, um quarto para um encontro amoroso. Na pesquisa da Cia. Dos à Deux, a cenografia é mutável, com arquitetura servindo organicamente à dramaturgia – à qual, assim como nas criações anteriores, a luz se funde, sublinhando os espaços cenográficos criados pela dupla. “Trabalhar a luz como um personagem sempre fez parte de nossa pesquisa”, conta Artur. “Nosso universo é construído pensando num todo: luz, cenário, bonecos e dramaturgia caminham juntos”, complementa André.

OS TRÊS POEMAS| OS TRÊS GRITOS

Grito 1: Louise
Louise nasceu num corpo de homem que ela não quer. Ela deseja ser invisível aos olhares dos outros, mas se choca sempre num turbilhão de preconceitos, intolerância e homofobia. A mãe de Louise é uma velha senhora doente, também invisível perante a sociedade e depende totalmente de seu filho (a) para existir.

Grito 2: O homem
Um poema metafórico sobre o homem que perdeu a cabeça. Um muro os divide. A cabeça de um lado, dentro de uma gaiola, o corpo de outro. Um poema gestual entre o sonho, o onírico e o absurdo.

Grito 3: Kalsun
Numa atmosfera surrealista, uma mulher vestida de negro surge revelando sua beleza e seus gestos lentos. Uma dança de amor misteriosa começa, com som de bombas ao longe. Uma bomba interrompe a noite de amor.

Artur Luanda Ribeiro e André Curti se conheceram durante um festival em Paris, em 1997, e decidiram começar juntos uma pesquisa teatral e coreográfica, tendo como inspiração a obra Esperando Godot, de Samuel Beckett. Um ano mais tarde, em 1998, nascia o primeiro trabalho, “Dos à Deux”, peça que deu nome à companhia e já foi apresentado em quase todos os países da Europa, além da África, América do Sul, Coréia do Sul e na Índia.

Depois de mais de duas décadas morando na França, a Cia. Dos à Deux passou a ter duas sedes há cinco anos, sendo uma em Paris e outra no Rio – onde a dupla reformou um cortiço construído em 1846, no bairro da Glória. O lugar é a sede do grupo no Brasil e está se estabelecendo como um espaço para abrigar residências artísticas. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ficha técnica:

Espetáculo: Gritos
Concepção, dramaturgia, cenografia e direção: Artur Luanda Ribeiro e André Curti
Interpretação: Artur Luanda Ribeiro e André Curti
Pesquisa e realização objetos/bonecos: Natacha Belova e Bruno Dante
Assistente de realização objetos/bonecos: Cleyton Diirr
Criação Musical Grito 1: Fernando Mota
Colaboração: Beto Lemos e Marcello H
Gritos 2 e 3
Direção Musical: Beto Lemos
Criação Musical: Marcello H
Cenotécnico: Jessé Natan
Iluminação: Artur Luanda Ribeiro e Hugo Mercier
Figurinos: Thanara Schonardie
Contramestra: Maria Madelana Oliveira
Comunicação visual: Bruno Dante
Técnica de Luz : Daniela Sanchez
Técnico de Som: Gabriel Reis
Contrarregra: Leandro Brander
Direção de Produção: Sergio Saboya e Silvio Batistela
Produção Executiva: Ártemis
Equipe de produção: Alex Nunes e Adriana Gusmão
Realização próteses: Dra. Rita Guimarães de Freitas
Fotos: Renato Mangolin
Produção: Cia Dos à Deux e Galharufa Produções Culturais

Gritos
Temporada: 25 de outubro a 4 de novembro. De quinta a sábado, às 21h; e aos domingos e feriados, às 18h
Local: Teatro
Ingressos: R$7,50 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$12,50 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$25 (inteira)
Classificação: 14 anos
Duração: 1h15 minutos

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93, Pompeia. Informações: (11) 3871-7700. Não temos estacionamento. Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/pompeia