O Acelerado J-Rock

.Por  Sandro Ari Andrade de Miranda.

O J-rock, ou Japanese Rock, ou J-pop-rock, como o próprio nome diz, é uma corrente de rock nascida no “País do Sol Nascente”. Originalmente, quando surgiu na década de 1960, os cantores adotavam o inglês nas suas composições, algo que ainda é seguido por algumas bandas, como Supercell, em algumas bandas, ou por cantores (as) individuais, como Nano. Todavia, uma das grandes marcas desta vertente musical é a utilização da língua pátria, algo que é comum no rock latino-americano, mas não é seguido pelos europeus, que preferem o inglês.

Com forte influência do rock urbano, especialmente punk, metal, e rock progressivo, é possível notar o crescimento da miscigenação com outros gêneros, como a música tradicional japonesa e elementos teatrais do Kabuki (como faz a ótima Wagakki Band) ou do jazz (Masayoshi Ōishi).

Outro aspecto interessante do j-rock é a elevada presença de vozes femininas e de bandas formadas exclusivamente por mulheres (Scandall e Steoreopony, por exemplo), algo que no difere do rock ocidental, onde as principais bandas, com poucas exceções, são dominadas por vozes masculinas. Com o crescimento da internet e a popularização dos animes entre jovens e adolescentes, o j-rock vem ganhando um merecido espaço e superando as barreiras ocidentais dominadas pela industria musical norte-americana.

Vamos para uma breve amostragem do J-Rock:

 

  1. Wagakki Band

Criada em 2013, a grande marca desta banda é a mistura de instrumentos da música tradicional japonesa com os utilizados pelo rock ocidental. Além da excelente e belíssima vocalista Yuku Suzuhana (ex-miss Nico Nama), chama atenção para o ótimo trabalho de percussão, especialmente para o baterista Wasabi.

  1. Scandall

Criada em 2006, quando as integrantes ainda eram colegiais, e com 12 anos de carreira, Scandall é um dos grandes exemplos da presença feminina no j-rock, considerada por muitos como “o mais poderoso pop rock japonês feminino”. Destaque para a vocalista e guitarrista Haruna Ono (30 anos) e para a baterista Rina Suzuki (27).

3. Supercell 

Supercell é outra banda com mais de 10 anos de atividade e possui uma característica interessante que foi a utilização do sintetizador vocal Vocaloid (em 2007), muito presente em músicas de animes. Em 2011 o compositor principal da Supercell, Ryo, iniciou com a vocalista Chelly o projeto Egoist, em razão do anime Guilty Crown (a vocalista principal da Supercell é a jovem Koeda). No citada anime a protagonista feminina, Inori Yuzuhira (personagem que aparece na imagem dos clipes) usava o fato de ser vocalista da banda para representar os interesses da resitência contra o governo totalitário. O projeto Egoist teve tanto sucesso que também compôs a trilha sonora de outros animes relevantes, como os elogiados Kabaneri e Psyco-pass.

  1. Stereopony

Outra banda formada exclusivamente por mulheres, o trio Aimi, Nohana e Shiho. Possui um estilo mais pop do que Scandall.

  1. The Oral Cigarettes

Banda de Rock Alternativo criada em 2010, que tornou-se famosa pela trilha sonora do excelente anime Noragami. Formada por 4 integrantes do sexo masculino se destaca pelo ritmo acelerado das músicas, o que combina com cenas de batalhas coreografadas, como na ótima “Noragami Aragoto” (ou Noragami Guerreiro).

  1. Aya Hirano

Aos 30 anos, a eterna Haruhi Suzumyia é um dos nomes mais expressivos da música pop e do rock japonês. Seu trabalho compreende outros gêneres, sendo um dos principais nomes do anime musicial White Álbum, cantando baladas românticas. Hirano também é estrela de outros animes musicais, como K-On e Lucky Star, mas foi com “A Melancolia de Haruhi Suzumyia” e o excelente trabalho como Seyu (dubladora) e cantora que ganhou destaque internacional.

  1. LiSA

Aos 31 anos, Risa Oribe ou, simplesmente, Lisa, iniciou numa banda de indie rock antes de ingressar na carreira solo. Como Seyu fez uma das cantoras do anime Angel Beats (Yui), além de gravar os temas de abertura dos aclamados Sword Art Online e Fate/Zero (particularmente não gosto muito destes dois animes, mesmo que tenham uma legião de fãs, mas a qualidade musical é inquestionável).

  1. Masayoshi Ōishi

Aos 38 anos, ótimo compositor, é mais um represente do rock alternativo, embora também possua músicas do gênero metal (vide a ótima trilha sonora de Overlord). Um dos grandes traços da sua música é a capacidade de mesclar gêneros distintos, como rock, blues e jazz. Um exemplo é o rit Kimi Ja Nakya Dame Mitai, que mescla rock com jazz, dando destaque aos metais de sopro. Além do trabalho individual formou em 2015 com o grupo musical OxT, responsável pela trilha sonora de Overlord e outros animes.

Curiosidade, apesar do seu gênero principal ser o rock, é aclamado single One More Time, One More Chance, do anime Byōsoku 5 Senchimētoru, dirigido pelo gênio de Makoto Shinkai.

Sandro Ari Andrade de Miranda é advogado e mestre em Ciências Sociais e mantém o blog Sustentabilidade e Democracia.