A tarnsexual Lara Pertille, que é jornalista, autora de livro de poesia, e empresária em Paulínia (SP), região de Campinas, virou assunto nacional ao afirmar que iria revelar o nome de pessoas que defendem Bolsonaro nas redes sociais e saem com transexual.

Ela e suas amigas trans já tiveram relações sexuais e afetivas com eleitores e defensores do candidato homofóbico de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL).

Esta semana, Lara ficou inconformada com um ex-namorado que reverenciava Bolsonaro nas redes soiais. Ela gravou um vídeo no qual prometia expor outros simpatizantes e defensores de Bolsonaro com quem já havia saído.

“Assume que é machista e para de sair com trans. O que não dá é votar em uma cara desse e continuar saindo com a classe LGBT. É incoerẽncia”, afirmou em vídeo (Veja ao final do texto).

Veja alguns trechos:

Ameaças

Primeiro acho importante ressaltar que no vídeo eu nem falo o nome do candidato. As pessoas fazem a associação porque sabem que ele corresponde aos adjetivos. As ameaças são do tipo ‘vai aparecer com a boca cheia de formiga’, ‘tem que matar’, ‘Bolsonaro… (Lara faz uma pausa e depois comenta: “Nem gosto de falar o nome dele”) tem que ganhar para exterminar essa raça’. São coisas pesadas, ameaças de morte, que estão chegando a mim através dos comentários no vídeo.

Agressões

Desde que me assumi trans sempre soube que teria que lidar com agressões. Não falo apenas de agressão física. São as agressões diárias de um olhar, de entrar numa loja e ver uma pessoa cutucar a outra. Então quando digo que meu corpo é político é porque uso meu corpo para libertar outros corpos. Eu não teria nenhum problema em usar meu corpo de qualquer forma se souber que isso vai ajudar a libertar outras pessoas. Uso meu corpo, esse corpo que é tão visto e que as pessoas rejeitam durante o dia, mas que procuram de noite. Toda travesti transexual é militante quando coloca a cara no sol, por assumir um corpo diferente daquilo considerado normal pela sociedade.

Bolsonaro

Acho criminoso a justiça eleitoral permitir um candidato a presidente que solta frases como ‘filho meio gayzinho é só dar um couro que ele muda o comportamento’, ‘vizinho gay desvaloriza imóvel’, entre outras falas pesadíssimas. Isso é absurdo num país democrático. Acho incrível pessoas se sentirem representadas por isso. Acho que ele representa todas as opressões que eu sofro. Ele perpetua isso. E ainda tem um general como vice, os militares são os mais truculentos com a classe trans. Ele representa retrocesso e o fascismo que está na sociedade.

Esquerda e direita

“Nem direita nem esquerda ainda estão preparadas para dar visibilidade às trans. Os dois lados ainda têm medo. Por isso nessa eleição tenho candidatos que estão tanto na direita como na esquerda. Toda candidatura trans é um progresso para mostrar que não somos apenas um corpo ali na esquina. Que somos pensantes, que sabemos e queremos discutir políticas públicas. Queremos uma sociedade mais justa por estarmos cansadas de apanhar. Por isso não podemos deixar que o fascismo leve a melhor porque o país vai sofrer. (Veja entrevista integral no DCM)