Uma pesquisa divulgada no artigo “Associação entre malformações congênitas e a utilização de agrotóxicos em monoculturas do Paraná, Brasil”,  Lidiane Dutra e Aldo Pacheco Ferreira, pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp)/Fiocruz, trouxeram evidências de que o uso indiscriminado de agrotóxicos pode estar ligado ao aumento da malformação congênita de bebês, além de outros problemas como abortos espontâneos. Em outra pesquisa, problemas causados em adultos.

O  estudo analisou a associação entre o uso de agrotóxicos e as malformações congênitas (malformação durante a gestação) em municípios com maior exposição aos agrotóxicos no estado do Paraná, entre 1994 e 2014. Os dados comparativos usaram informações dos nascidos vivos (Sinasc/Ministério da Saúde), elaborando-se taxas de malformações ocorridas de 1994 a 2003 e de 2004 a 2014. “Este é um sistema de informação de base populacional que agrega os registros contidos na declaração de nascidos vivos, o que permite diversas análises na área de saúde materno-infantil”, afirmam em artigo científico.

Os pesquisadores relatam que foi encontrada uma tendência crescente nas taxas de malformação congênita no estado do Paraná, com destaque aos municípios de Francisco Beltrão e Cascavel. “Essas malformações congênitas podem ser advindas da exposição da população a agrotóxicos, sendo uma sinalização expressiva nos problemas de saúde pública”.

Em entrevista, a pesquisadora Lidiane Dutra, afirmou que ficou impressionada com a quantidade de agrotóxicos utilizados na região. “Por mais que soubesse ou suspeitasse de um alto uso de agrotóxicos pelo estado, verificar os dados acerca das toneladas de litros aplicados na região foi assustador. Quando se pensa que o estudo contabilizou apenas uma parte dos produtos utilizados, que existem subnotificações das vendas e que há tráfico destas substâncias, principalmente pelas fronteiras do Paraguai, a sensação é ainda mais aterrorizante”, disse.  Veja artigo no banco de dados Scielo.

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