isis utschNeste fim de semana, cerca de 400 mulheres, sendo 45 de Campinas, o que representa 11% das participantes, fizeram um protesto na BR-116 como ato político e de formação feminista. A manifestação aconteceu durante a IV Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), mobilização realizada a cada cinco anos em mais de 100 países e territórios onde está presente.

O ação aconteceu em Registro (SP), localizada no Vale do Ribeira. “O Vale do Ribeira foi o escolhido pela Marcha para receber a ação porque abriga, além das mulheres da área urbana, as mulheres de comunidades tradicionais, como as quilombolas, as indígenas, as camponesas e as ribeirinhas, que há mais de 30 anos resistem à construção de uma barragem no Rio Ribeira”, comenta Miriam Nobre, representante da MMM em São Paulo. De acordo com a ativista, a obra ameaça as comunidades de serem expulsas dos lugares onde sempre viveram e cultivam todas as suas relações, sociais e de trabalho.

O encontro tratou da formação feminista com conteúdos sobre violência de gênero, sexo e raça, especialmente doméstica, psicológica e financeira, a importância da autonomia da mulher sobre seu corpo, trabalho, sexualidade e reprodução, exploração sexual no entorno das rodovias e obras de infra-estrutura, entre outros. As alternativas da agroecologia como resistência a um modelo de produção não sustentável às comunidades da região também tiveram bastante espaço nas discussões.

“A ideia de abordar este tema é afirmar e fortalecer a economia solidária, a agroecologia, as experiências, o conhecimento e práticas cotidianas das mulheres da região como caminho alternativo para o modelo vigente de produção, reprodução e consumo”, explica Rosana Rocha, uma das organizadoras locais da ação.

Para a moradora da região, a agricultora Vera Lucia Oliveira, a ação foi um divisor de águas na vida das mulheres do Vale do Ribeira. “Temos muito pouco contato com conteúdos como o que tivemos neste fim de semana e eles são fundamentais para que possamos entender e interferir de maneira construtiva em nosso dia a dia, minimizando até podermos impedir a opressão em praticamente todos os espaços que convivemos, em casa, na roça, na rua”, comenta. (Carta Campinas com informações de divulgação)