São Paulo fora da lei. O assassinato de 12 pessoas na noite de domingo e início da madrugada desta segunda-feira, em vários locais de Campinas, provocou revolta na população que incendiou e atacou uma dezena de ônibus no Terminal Vila Nova, região do Ouro Verde.

Geraldo Alckmin
Alckmin e a população contra o Estado

A revolta contra o Estado (representado pelo transporte público)   indica que a população acredita que agentes do Estado, principalmente policiais, sejam os responsáveis pelas mortes. E essa é uma das hipóteses levantadas pela polícia civil.

A série de assassinatos ocorrida na última madrugada seria a vingança pela morte de um policial militar. A informação foi confirmada pelo diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter), Licurgo Nunes Costa. Por volta do meio dia de ontem (12), o policial foi morto ao reagir a um assalto. Entre as 23h de ontem e às 2h de hoje (13), foram registradas 12 execuções na mesma região, nas partes oeste e sudeste da cidade.

A maioria das vítimas foi morta em duas chacinas. Os relatos são de homens encapuzados, usando acessórios e botas de policiais, e que usaram pistolas 380 e 9 milímetros para efetuar disparos contra a cabeça e rosto das vítimas. Foram recolhidas 15 cápsulas do local, onde quatro pessoas, entre 17 e 30 anos, foram mortas no Recanto do Sol 2. No bairro Vida Nova, também na periferia de Campinas, cinco pessoas, entre 20 e 24 anos, foram mortas em um único ataque. As outras três vítimas foram mortas sozinhas.

Segundo Licurgo Costa, pelo menos seis das vítimas tinham antecedentes criminais por delitos como tráfico de drogas, homicídio e roubo de veículos. A Polícia Civil está procurando imagens de câmeras de segurança que tenham registrado o momento dos ataques. “É um desequilíbrio que houve, saiu do espectro normal de ocorrências em Campinas. Realmente é muito preocupante”, ressaltou Costa.

Ônibus incendiados

Três ônibus foram incendiados e sete depredados hoje (13) no Terminal Vida Nova, em Campinas, interior paulista. Segundo a Associação das Empresas de Transporte Urbano de Campinas, um grupo de 300 pessoas, muitos com rosto coberto, carregando paus e pedras, destruiu ainda duas cabines do terminal, que é administrado por uma empresa da prefeitura.

Após a ação, o terminal foi fechado e sete linhas deixaram de circular. As operações foram retomadas após as 15h30, quando a Polícia Militar garantiu a segurança para manutenção dos serviços, em reunião com a gerência da VB Transportes, empresa dona dos ônibus destruídos e responsável pelas linhas interrompidas.

O terminal depredado fica na região do Ouro Verde, periferia de Campinas, onde pelo menos 12 pessoas foram assassinadas na última madrugada. Segundo a Polícia Civil, os crimes ocorreram entre as 23h de ontem (12) e as 2h de hoje (13). A polícia investiga o caso, mas até agora não há informações sobre suspeitos. (Carta Campinas e Agência Brasil)