Vazou para a revista IstoÉ, na edição deste fim de semana, a sentença do juiz Sérgio Moro condenando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A publicação é precisa no furo: 22 anos de cadeia.

Segundo a IstoÉ, a sentença condenará Lula à prisão no caso do tríplex do Guarujá por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. “O petista vai pegar até 22 anos de cadeia – 10 anos por lavagem de dinheiro e 12 por corrupção passiva”, antecipa a reportagem assinada por Germano Oliveira.
Não é de estranhar que a sentença realmente seja essa, pois, no curso da lava jato, foram vários vazamentos seletivos da força-tarefa para a velha mídia golpista. O de maior repercussão, que ajudou no golpe de Estado e na queda da democracia, em março de 2016, foi aquele grampo ilegal da conversa entre Dilma Rousseff e Lula acerca da nomeação do ex-presidente na Casa Civil.
A relação promíscua entre o magistrado e a revista foi amplamente divulgada numa foto de dezembro de 2016 na qual Moro aparece sorridente ao lado do senador afastado Aécio Neves (PSDB), que, pelo critério da lavajatização, sabe-se lá por que ainda está solto.
Voltemos ao vazamento de dados.
Por muito menos, o ex-delegado e ex-deputado federal Protógenes Queiroz foi condenado por vazar informações sigilosas da operação satiagraha, expulso da Polícia Federal e condenado à prisão. Hoje, ele vive asilado na Suíça.
Em novembro do ano passado, ao CONJUR, Protógenes disse esperar invalidar a sentença contra ele porque “o juiz Sergio Moro, juiz que conduz a ‘lava jato’, vazou de forma ilegal, como já foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva e não foi punido por isso”.
O ex-delegado da PF foi condenado pela prática de violação de sigilo funcional qualificada, delito previsto no artigo 325, parágrafo 2º, do Código Penal.
Perseguição e tapetão
Ao longo desta semana, várias lideranças políticas se manifestaram acerca da politização excessiva da Lava Jato para condenar, também, a perseguição a Lula e o uso do tapetão para tirar o petista da disputa de 2018.
A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, foi ao cerne da questão: “o juiz Sérgio Moro, pelo Estado Democrático de Direito, observando o devido processo legal, só pode absolver Lula, não pode condená-lo”.
Pelo vazamento da sentença, talvez a dirigente petista pode ter sua esperança frustrada. E, se confirmados os 22 anos na condenação, haverá a prova cabal de que o juiz Sérgio Moro partidarizou sua decisão para ajudar um dos lados na corrida presidencial.
O mais grave nisso tudo é que Moro tende a condenar Lula com base em indício – essa besta que é prima-irmã da convicção. Ou seja, não haverá prova alguma para rechear a fundamentação do juízo da lava jato. Portanto, passível de anulação nas instâncias superiores.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mandachuva do PSDB, nesta sexta-feira (23), a seu jeito, igualmente se manifestou a respeito da perseguição a Lula.
“[Alguns dizem] ‘Ah, mas tem o Lula’. O Lula está por conta da Justiça. Eu não vou antecipar, não sei o que a Justiça vai fazer. Suponhamos que a Justiça diga que o Lula não fez nada. Ele é candidato –o único candidato possível do PT. Só resta vencer na urna. Ou então dar golpe. Eu sou contra golpe. Só resta vencer na urna. Só que não tem jeito. Preparemo-nos para isso. Para vencer”, afirmou FHC. (Do Esmael de Moraes)