A versão dada pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) sobre os depósitos de Fabrício Queiroz na conta da sua esposa, Michelle Bolsonaro, ficam sem sentido com as novas revelações do relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
O relatório, divulgado pelo jornal O Globo, mostra que as movimentações financeiras nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), são muito maiores do que o que foi divulgado em dezembro passado. Segundo o Coaf, elas somam R$ 7 milhões entre os anos de 2014 e 2017, aponta a reportagem.
Em dezembro, após a divulgação do escândalo da movimentação de Queiroz e de ser revelado depóstios na conta de Michelle Bolsonaro, o presidente eleito afirmou que os depósitos na conta de Michelle eram pagamentos de um empréstimo que ele fez para o amigo Queiroz. Mas parece sem sentido alguém que movimenta R$ 7 milhões em três anos pedir emprestado R$ 40 mil para pagar em dez prestações.
O presidente não apresentou nenhuma indício que comprovasse que o empréstimo realmente existiu, mas ainda poderá apresenta-la.
O mais agravante é que no esquema de repasse dos salários dos assessores para a conta de Fabrício Queiroz há uma personagem importante, a filha e Queiroz, Nathália Queiroz. Ela era funcionária do próprio Jair Bolsonaro e repassava seu salário para Queiroz.
Os investigadores podem entender seguir a linha de investigação de que os recursos de Queiroz para Michelle e Bolsonaro são na verdade a cota dos assessores do próprio Bolsonaro.
A investigação de Fabrício Queiroz pode atingir em cheio o presidente recém-eleito caso mais indícios e provas indiquem que o próprio Bolsonaro era um beneficiário das transações de Queiroz e do filho Flávio Bolsonaro.