O filósofo João Vicente Goulart Filho, filho do ex-presidente João Goulart, o Jango, participa nesta terça feira (29) na Câmara Municipal de Campinas de um seminário para debater as causas e os efeitos do golpe militar deflagrado no Brasil em 1964 e que acabou numa ditadura que perdurou por 21 anos.
Além de João Vicente, participam do debate o cineasta Paulo Henrique Fontenelle e o historiador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Caio Navarro de Toledo. O encontro será realizado a partir das 8h, no Plenário da Câmara.
O golpe militar estabeleceu no Brasil um regime de exceção que permaneceu até 1985 – período no qual houve supressão das liberdades políticas, prisões arbitrárias, inúmeros casos de torturas, banimentos, humilhações e mortes, além de censura a jornais e revistas e perseguição a artistas.
A carreira política de João Goulart foi vertiginosa. Em 14 anos ele passou de deputado estadual que se elegeu com pouco mais de quatro mil votos para a Assembleia gaúcha em 1947, a presidente da República, em 1961. Mais impressionante ainda foi sua queda. Em dezoito dias, o líder popular que prometia uma “revolução pacífica” com as “Reformas de Base”, perdeu o governo e teve que exilar-se no Uruguai para salvar a vida. Morreu 12 anos depois, quando se preparava para voltar e ser apenas um fazendeiro.
Em março de 1964, quando os militares tomaram o poder, Vicente era um menino de sete anos. Em entrevista, ele contou que na época, chegou a perguntar ao pai por que ele não era mais presidente. “O Congresso lá fez um decreto e me deixou sair antes do meu emprego”, teria respondido Jango.
Em 1973, com o golpe de Estado no Uruguai, a situação ficou ainda mais complicada. A família passou a residir na Argentina após convite do presidente Juan Perón. De acordo com a versão oficial, Jango morreu vítima de um enfarte fulminante, mas os parentes contestam e levantam a hipótese de que teria sido envenenado. Estas e outras histórias da deposição e da vida no exílio, João Vicente vai reviver no encontro na Câmara.
O encontro é aberto ao público. O acesso ao plenário poderá ser feito pela Av. Engenheiro Roberto Mange, 66 no bairro da Ponte Preta. O evento será transmitido ao vivo pela TV Câmara – Canal 4 da Net e pela internet – no endereço eletrônico www.campinas.sp.leg.br (Carta Campinas com informações de divulgação)
PROGRAMAÇÃO – PALESTRA “50 ANOS DO GOLPE MILITAR”
08:00 – 08:30 Recepção e café da manhã
08:30 – 09:00 Mesa abertura
09:00 – 09:30 Palestra historiador Caio Navarro de Toledo
09:30 – 10:00 Palestra cineasta Paulo Henrique Fontenelle
10:00 – 10:30 Palestra filósofo João Vicente Goulart (filho do ex-presidente João Goulart)
10:30 – 11:30 Debate e encerramento do evento
Creio que será muito interessante e de grande valia este debate com a participação do filho de João Goulart.
O golpe que derrubou o Jango foi vergonhoso e trouxe-nos 21 anos de atraso. A paranóia anticomunista americana era alucinante (Leia-se QUEM PAGOU A CONTA, de F. S. Sounders). O MaCartismo (comandado pelo senador ignorante Joseph Raymond McCarthy, do Wisconsin, que o diga). Promoveu uma verdadeira caça às bruxas que só perdeu para a das bruxas de Salém, no Massachusetts, por volta de 1870. Os militares brasileiros, leais à doutrina de Washington e devidamente adestrados na Escola das Américas (fundada em 1946) e, ainda, ansiosos por agradar o “grande irmão” tentaram, inicialmente, impedir a posse de Jango em 1961, quando foram repelidos por Leonel Brizola e o III Exército. Mas a longa e histórica tradição golpista de nossas forças armadas não pode deixar que ficasse por isso e tentaram, novamente, açulados pelo governo norte-americano e amparados pela força-tarefa capitaneada pelo Forrestal a derrubar João Goular em 1964, com sucesso. Os abusos dos golpistas, especialmente depois do AI-2 (cassações, sequestros, assassinatos, torturas) foram tamanhos que o próprio governo norte-americano procurou desvincular sua imagem da ditadura brasileira, na medida em que não prejudicasse os interesses comerciais americanos, é logico. Hoje, alguns defensores e saudosistas do golpe proclamam que os militares promoveram a anistia para ambos lados e que está havendo revanchismo (Comissão da Verdade). Examinando-se o assunto mais acuradamente percebe-se que os militares anistiaram quem lutou contra eles para que também se pudessem auto-anistiar, com receio do que poderia vir após a redemocratização do país, tal como aconteceu na Argentina. E, o que é pior, o Jango nem comunista era nem queria implantar o comunismo no Brasil. As “elites” nunca quiseram largar o osso e qualquer benefício em favor dos trabalhadores era taxada de “comunista”. E, diga-me, quem se der ao trabalho de ler estas poucas linhas: Alguém acha que a escravidão no Brasil acabou? Vá viver com o salário mínimo e sustentar família pagando aluguel de um barraco, luz, água, transporte, vestuário, alimentação, etc. e pense no assunto. Não à toa que um dos expoentes da ditadura João Batista Figueiredo respondendo a um repórter sobre o que faria se tivesse que viver com o salário-mínimo, respondeu: daria um tiro na cabeça. Enquanto existir esse abismo sócio-econômico-cultural em nosso país, nunca passaremos de uma vaca de presépio das nações que nos impõem suas condições e seus valores. Podemos começar, para corrigir isso, educando do povo.
Uma correção: Os episódios das bruxas de Salém ocorreram em meados do século 17.
Boa a colocação do Francisco. Gostaria de acrescentar que os EUA são o povo mais insidioso que existe na face da terra. Faz-nos duvidar da existência de Deus ser permitido que uma nação como essa cometa os abusos que comete em nome do capitalismo e da “livre iniciativa”. Há um livro, já que o Francisco citou um, chamado A PRESENÇA DOS ESTADOS UNIDOS NO BRASIL, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, }Editora Civilização Brasileira. É simplesmente inacreditável e inadmissível que o Brasil tenha sido ao longo de todos estes anos tão oprimido, humilhado, solapado em sua soberania, espoliado, roubado. É um povo que mente, promete e não cumpre, enfim, capaz dos atos mais vis para a consecução de seus propósitos: ganhar dinheiro e defender os interesses americanos em terra alheia. Recomento a todos os brasileiros lúcidos a leitura desta magnífica obra, dos anos 70 e ora reeditada (2007). Os EUA quis até meter-nos na Guerra da Coréia, com falsas promessas. É um dos grandes responsáveis pelo atraso e pela pobreza em que se encontra a maioria de nosso povo. Quem ler o livro verá que estou sendo extremamente moderado em meu comentário. Eles são bem piores. Tiveram bons mestres: Os Ingleses fizeram o que quiseram no Brasil no tempo do Brasil colônia, reino unido, primeiro e segundo reinados. Quem estiver interessado pode ler INGLESES NO BRASIL, de Gilberto Freyre. Como disse o Francisco, somente a EDUCAÇÃO pode tirar o Brasil do caminho em que se encontra atolado. Haja visto que um número reduzidíssimo da população tem conhecimento das coisas denunciadas nestes dois livros, apenas para mencionar estes dois. Há muitos outros.