
Um estudo realizado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que as chances de um bebê nascer antes de 37 semanas de gestação aumenta em áreas com menor cobertura vegetal.
Publicado na Revista de Saúde Pública, o artigo avalia também outros fatores relacionados à prematuridade, como o estado civil e o nível de escolaridade da mãe. Foram analisados mais de 166 mil nascidos. Dentre eles, 12,31%, equivalente a mais de 18 mil, eram prematuros.
Em geral, o período gestacional humano costuma durar 40 semanas, podendo chegar a 42. São caracterizados como nascimentos prematuros (ou pré-termo) aqueles que ocorrem antes do fim de 37 semanas. Quanto menor o período de gestação, maiores as chances de complicações na saúde dos bebês.
A prematuridade e o ambiente
Os pesquisadores Tiana Carla Moreira, Jefferson Polizel, Weeberb Réquia, Paulo Hilario Nascimento Saldiva, Demostenes da Silva Filho, Silvia Regina Dias Medici Saldiva e Thais Mauad chegaram a essa conclusão a partir da análise de dados estatísticos, relacionando a quantidade de nascimentos prematuros e a cobertura do solo na cidade de São Paulo.
O estudo “Efeitos da cobertura de solo e poluição do ar no risco de nascimentos prematuros” cruzou os dados de 2012 do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e imagens de satélite da cidade de São Paulo com o objetivo de encontrar relações entre casos de nascimentos pré-termo e concentrações de vegetação e de material particulado 2,5 (PM2,5) na cidade.
O PM2,5 é um tipo de poluente inalável composto por partículas muito finas que, segundo Tiana, é originado principalmente de veículos e está relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, respiratórias e, de acordo com estudos mais recentes, também tem mostrado sua relação com o declínio cognitivo.
Os resultados
A cobertura do solo, entre área verde e área construída, foi analisada dentro de quatro quartis (Q) — sendo as áreas categorizadas como Q1 as com menor proporção de determinada cobertura. Depois, as concentrações crescem progressivamente até o último, o Q4.
Os resultados do estudo mostram que regiões com menor percentual de áreas verdes e maior densidade de construções estão associados significativamente com maior chance de prematuridade.
Em relação ao PM2,5, não foi encontrada relação estatística significativa entre os níveis desse material e a taxa de prematuridade. Segundo o artigo, esse resultado é diferente do encontrado em pesquisas realizadas em outros países.
O texto explica que, pela análise do PM2,5 ter sido realizada a partir de imagens de satélite, “é possível que diferenças de exposição individuais não tenham sido captadas”. O material complementa que “este resultado aponta um efeito independente das áreas verdes sobre os resultados do nascimento”.
Fora os fatores ambientais, foram analisadas outras potenciais interferências no período gestacional adequado. A média de idade geral para as mães era de 27,7 anos. Na análise de dados, os partos de mães com mais de 35 têm mais relação com a prematuridade. Já com relação ao estado civil, solteiras e em união estável tinham mais chance de dar à luz bebês pré-termo do que as mães casadas. (Com informações de Maria Luiza Negrão/Agência Universitária de Notícias da USP – AUN)
Discover more from Carta Campinas
Subscribe to get the latest posts sent to your email.