Os 315 picaretas apareceram para proteger um investigado por organização criminosa

Crônica

Era uma vez um Reino que todos desconfiavam que havia no seu parlamento uns 315 picaretas, deputados que estão lá para fazer negociatas, propinas, defender privilégios e se proteger da Justiça com legislação corporativa.

E não é que eles apareceram numa noite de maio e fazem uma ramagem contra a corrente civilizatória. Desta vez, os 315 picaretas resolveram proteger um réu acusado na maior Corte do Reino de inúmeros crimes: organização criminosa; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

Os 315 picaretas são historicamente conhecidos, mas pouco identificados. Um candidato a presidente chamado Luiz Inácio afirmou em 1993: ‘De todos os deputados do Congresso Nacional, há pelo menos 300 picaretas. E eles foram eleitos, não caíram lá de paraquedas. São políticos que põem seus interesses acima de suas obrigações com a comunidade”.

A frase do candidato ressoou na sociedade pela identificação fotográfica com o Congresso Nacional, aquele sentimento antipolítico comum na população teve de repente uma explicação, uma identificação. São 300 picaretas. Hoje, parte da população se identifica com os picaretas e, por isso, eles sempre estão lá nessa quantidade.

Dois anos depois da frase, os Paralamas do Sucesso lançaram “Luís Inácio (300 Picaretas)”, canção composta por Herbert Vianna no EP Vamo Batê Lata, lançado originalmente em 1995.

Os 315 picaretas com anel de doutor sempre estão por lá, sai mandato, termina mandato. Os 315 picaretas são um patrimônio do Reino. Parabéns coronéis e pastores, vocês venceram outra vez.


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