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Enem 2022 lembrou que a prática da Justiça brasileira descumpre o artigo 6º da Constituição

O artigo 6º da Constituição brasileira garante direito à moradia, um direito fundamental e humanitário. Mas mesmo assim é comum a Justiça desrespeitar esse artigo, despejando e jogando famílias na rua quando ocupam imóveis abandonados, inadimplentes, irregulares ou sem função social.

( fotoTânia Regô/Agência Brasil -reprodução enem)

Uma questão do Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) de 2022, que relata sobre ocupações por moradia, mostrou a distância entre a Constituição e a prática da Justiça brasileira. Na resposta, o aluno deveria responder por que os movimentos sociais usam as ocupações de terrenos abandonados com estratégia. A resposta correta é a D: “para garantir o preceito constitucional”.

Mas no Brasil, o Poder Judiciário é tão violento que os magistrados preferem jogar crianças, adolescentes, mulheres e idosos na rua, em plena pandemia de Covid, do que indenizar um proprietário de terra. O problema da desocupação e o não cumprimento do artigo constitucional se agravou com o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PL).

Em apenas dois anos, a ação deletéria de Jair Bolsonaro contra as políticas sociais multiplicou por dez o número de famílias ameaçadas de despejo pelo Brasil. O levantamento mais recente da Campanha Despejo Zero, que reúne 175 organizações e movimentos populares, estima que subiu para 201,3 mil o número de famílias despejadas entre março de 2020 e outubro de 2022.

Desde o início da pandemia, a quantidade de pessoas na iminência de perder o teto cresceu 901%. O último levantamento da Campanha Despejo Zero, em maio de 2022, apontava a existência de 142.385 famílias sob despejo iminente. Nesse intervalo de quatro meses, o número de famílias na situação saltou 32%.

Entre as atuais 898.916 pessoas, cerca de 600 mil são negras, 154 mil são crianças e 151 mil, idosas. O estudo também revela que mais de 40% das famílias recebem até um salário mínimo (R$ 1.212). O estado com a maior população em risco é São Paulo, com cerca de 57 mil famílias, seguido pelo Amazonas, com 28 mil. (com informações da RBA)

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