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Verdade #09: as cotas sociais e étnico-raciais não alteram a qualidade da universidade pública

Após vários anos da implantação da lei de cotas sociais e étnico-raciais, as universidades públicas continuam com o mesmo prestígio entre os alunos e a mesma qualidade de ensino. Apesar das fake news espalhadas de que as cotas reduzem a qualidade do ensino nas universidades, as pesquisas feitas até agora não mostraram qualquer diferença e, em alguns casos, até mostram o inverso: a qualidade melhorou.

(foto antonio scarpinetti – unicamp)

Por trás desse ataque ao sistema de cota está um falso discurso meritocrático, que foi bem analisado pelo historiador e professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Sidney Chalhoub. (Link)

Uma pesquisa com alunos da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, realizada em 2017, comprovou que os cotistas da Medicina tiveram desempenho ao término do curso igual ao dos alunos que não tiveram o benefício. (Link)

Na pesquisa, os cotistas (ou beneficiários do Paais-Unicamp), apesar de apresentarem notas inferiores na prova do vestibular, ao longo da graduação fazem essa diferença desaparecer. “Durante o curso o desempenho dos dois grupos se equipara. No momento do exame para ingresso na Residência Médica, não há qualquer diferença entre eles”, afirmou Gláucia Moreira, que coordenou a pesquisa.

Com a Lei de Cotas implantada em 2012, as universidades federais passaram a reservar metade de suas vagas para alunos que vieram do ensino médio público. Isso já faz 7 anos, mas anos antes algumas instituições já estavam colocando em prática as ações afirmativas.

Desde então muita gente já se formou e o que os dados mostram é que há pouca ou nenhuma diferença no desempenho de quem entrou por cotas e os demais.

Outros estudos confirmam o que foi verificado na Medicina da Unicamp. Estudos, por exemplo, do Insper (LINK), da Universidade do Texas (LINK) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (LINK). Na pesquisa da UnB, a qualidade melhorou (LINK).

As universidades estaduais não entram na Lei de Cotas, mas muitas vêm criando políticas de inclusão. A Unicamp tinha o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais) implantado em 2005 e em 2017 aprovou as cotas étnico-raciais (LINK). Em 2018, a Unicamp realizou o primeiro vestibular indígena do Brasil. (LINK)

A USP, por exemplo, estabeleceu um sistema de reserva de vagas recentemente, o que está impulsionando o aumento da diversidade social e racial entre os estudantes, um aspecto muito valorizado por universidades de elite como Harvard e Yale.

Em 2019, com as políticas de vagas tanto no Sisu como na Fuvest, a USP atingiu o percentual de 40% alunos matriculados oriundos de escolas públicas – e a qualidade do ensino continua referência no País.

Em 2017, quando a reserva de vagas na USP ocorria apenas pelo Sisu, foi feito um levantamento mostrando que a média das notas de ingressantes não tinha diferença significativa em relação aos que tinham entrado pela Fuvest.

Em resumo, a verdade é uma só: a inclusão de qualquer modalidade de cota não tem impactos significativos na nota média dos aprovados. Essa ausência de impacto significativo ocorre porque há uma seleção dos alunos para as modalidades de cotas (ou seja, pobres, negros e de escola pública). Esses alunos têm boas notas antes de entrar na universidade pública e, mesmo que tenham sido prejudicados por um ensino médio de baixa qualidade, eles recuperam quando é dada a oportunidade. (Carta Campinas com informações da Unicamp e Jornal da USP)

Veja a Verdade #1 sobre as universidades públicas

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