Pelo menos desde 2012, sabe-se da lista e nada foi investigado até o momento. Uma das blindagens no judiciário pode estar relacionada à presença do nome do ministro do Supremo, Gilmar Mendes, como possível beneficiário do esquema de corrupção. Segundo a lista, ele teria recebido pelo menos R$ 185 mil quando era da Advocacia Geral da União (AGU), durante o governo tucano de FHC. O esquema foi denunciado pela revista Carta Capital.
A lista de Furnas já foi confirmada e citada várias vezes nas delações da Lava Jato, mas não há interesse em investigá-la. Como delatou o senador Delcídio do Amaral (PT e ex-PSDB), a briga entre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Dilma começou porque Dilma acabou com o esquema de corrupção em Furnas.
Mas não era só Cunha que recebia dinheiro de Furnas. Segundo delação da Lava Jato, Aécio Neves (PSDB) recebia um terço de toda a corrupção na empresa estatal de energia elétrica.
Parece razoável o ódio de Aécio, Cunha e Gilmar Mendes ao PT. Mesmo sendo ministro, Gilmar Mendes não esconde sua atuação política e partidária contra o PT em declarações e nos autos dos processos. Sua postura é muito diferente da do juiz Sérgio Moro, que participa de eventos tucanos, mas finge ser apartidário.
O problema de Rodrigo Janot é que, se aceitar a denúncia contra Aécio, automaticamente torna a Lista de Furnas como prova, o que colocaria Gilmar Mendes também como possível réu.
A Lista de Furnas está metodicamente organizada e foi já assunto de documentário.
Sob o enunciado “relatório de movimentação financeira da campanha da reeleição do governador Eduardo Brandão de Azeredo”, são perfilados em ordem alfabética doadores da campanha e os beneficiários dos recursos. Eduardo Azeredo (PSDB) foi condenado a 20 anos de prisão por corrupção.
A lista tem quase 30 páginas, escoradas em cerca de 20 comprovantes de depósitos que confirmam boa parte da movimentação financeira. Os repasses foram feitos por meio do Banco de Crédito Nacional (BCN) e do Banco Rural, cujos dirigentes foram réus do “mensalão” petista.