Depois de vários anos pagando salários para colunistas e jornalistas que destilam o ódio em suas páginas, parte da grande mídia brasileira conseguiu que o ódio saísse do armário. E ninguém retratou melhor o ódio do que Sebastião Salgado.
O documentário Sal da Terra, que foi dirigido pelo alemão Wim Wenders e pelo brasileiro Juliano Salgado, não tem cores partidárias. No entanto, tem todas as cores do ódio nas imagens em preto e branco de Sebastião Salgado. Indicado ao Oscar de melhor documentário na edição 2015, O Sal da Terra expressa menos o personalismo e muito mais a trajetória única de Salgado.
Nascido Aimorés, Minas Gerais, portanto, bem brasileiro, o fotógrafo percorreu o mundo registrando as consequências do ódio. Assim, fotografou o ódio na Ásia, no Oriente Médio, na África e, como ele diz, “no coração da Europa”, durante da Guerra na Bósnia/Iugoslávia.
Ou seja, o ódio se manifesta em qualquer sociedade, em qualquer tempo. Para isso, basta despertar seu potencial.
E parece que Sebastião Salgado tem a compreensão de que o ódio e a violência são uma expressão humana. Daí Salgado parece entrar em crise com a humanidade e só lhe restam dois caminhos: o Homem é ódio e violência ou o Homem pode ser ódio e violência. O documentário não diz isso, mas transparece.
Em meio a toda a desilusão, ao final é possível dizer que Salgado escolheu um caminho. E o Brasil?