Unicamp estende cotas para pessoas com deficiência aos colégios técnicos

Cotuca (foto divulgação)

Por Tote Nunes

Oito meses depois de ter sido adotada na graduação, a política de reserva de vagas para pessoas com deficiência será implantada também nos colégios técnicos ligados à Unicamp – o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e o Colégio Técnico de Limeira (Cotil). Aprovada na tarde de sexta-feira (27) pelo Conselho Universitário (Consu), a nova regra prevê a reserva de duas vagas por curso, ou 5% no caso de vagas adicionais. Os dois colégios contam hoje com aproximadamente 3 mil estudantes, distribuídos em 34 cursos.

Coordenador executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) da Unicamp, José Alves afirma que a política de cotas nasceu com o objetivo de melhorar os processos de inclusão em desenvolvimento nos colégios técnicos. “As pessoas com deficiência têm direito constitucional à educação básica, ou seja, ao ensino fundamental e médio; porém, os colégios técnicos têm outra natureza, por conta dos seus processos de seleção, e isso equivalia, muitas vezes, a impedir que os alunos tivessem acesso”, explica o professor.

“A política de cotas vem no sentido de garantir maior inclusão e uma oportunidade para que estudantes do ensino fundamental possam ingressar nos colégios técnicos. Além disso, esta política está em linha com as grandes propostas de Direitos Humanos e as características de inclusão previstas na Constituição Federal”, acrescentou.

A diretora da Diretoria Executiva de Educação Básica e Técnica da Unicamp (Deeduc), Cristiane Megid, diz que a universidade e as direções dos colégios têm acompanhado com muito interesse as discussões em torno de políticas de inclusão. “Já temos uma política de cotas muito bem estabelecida nos colégios”, disse ela. “Desde 2021, 70% das nossas vagas são reservadas para estudantes egressos de escolas públicas e 35% são reservadas para estudantes pretos, pardos e indígenas”, argumenta. A diretora explica que o sistema de cotas sociais adotado nos colégios acompanha o censo demográfico da região, ou seja, replica sua composição étnico-racial.

Reparação histórica

Para Megid, a adoção das cotas para pessoas com deficiência tem o aspecto de reparação histórica, necessária, segundo ela, em decorrência das dificuldades que essa população teve de enfrentar ao longo do tempo. “Mas precisamos pensar também pela perspectiva da qualidade do ensino – de uma escola inclusiva, pública, gratuita, referenciada socialmente. Estamos falando da qualidade da formação”, afirma a professora. “É preciso garantir a qualidade na formação para promover o ingresso mais qualificado dessa população ao mercado de trabalho”, finaliza. 

A decisão de adotar o sistema de cotas para pessoas com deficiência nos cursos de graduação da Unicamp foi tomada pelo Consu em 24 de setembro do ano passado e entrou em vigor a partir deste ano. As vagas foram disponibilizadas no Edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com possibilidade de participação tanto de candidatos de escolas públicas quanto de instituições privadas. A Unicamp é a primeira das universidades estaduais públicas do estado de São Paulo a adotar o sistema de cotas para Pessoa com Deficiência. (Do Jornal da Unicamp)


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