Em breve, as receitas com mandioquinha podem ser tão populares quanto as receitas com batata e o preço da hortaliça pode ficar mais barato.

Pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF) desenvolveram duas variedades de mandioquinha-salsa que se destacam por apresentar produtividade bem maior que a variedade atual.

As novas mandioquinhas foram chamadas de BRS Rúbia 41 e BRS Catarina 64. As pesquisas em campo mostraram que a grande vantagem da BRS Rúbia 41 e da BRS Catarina 64 está nos níveis de produtividade: de 60% a 80% maiores que a Amarela de Senador Amaral, que é comercializada atualmente.

De acordo com a pesquisa, nas lavouras em que o produtor colhia 100 caixas, com as novas variedades ele passou a colher até 180 caixas. Esse aumento de produtividade pode reduzir os custos de produção, aumentando a rentabilidade dos produtores rurais.

Ainda este mês, as novas variedades serão disponibilizadas ao mercado. Além de melhorar o desempenho da produção, os cientistas pretendem diversificar geneticamente as lavouras, hoje com hegemonia de uma única variedade.

O pesquisador da Embrapa Nuno Madeira, que coordena os trabalhos de pesquisa com da mandioquinha-salsa desde 2002, esclarece que a diversificação dos materiais é importante para a manutenção da cultura. “O domínio de uma única variedade, como era o caso da Amarela de Senador Amaral, fragiliza a cadeia produtiva ao torná-la suscetível a problemas, como surtos de insetos-pragas, doenças, nematoides ou à ocorrência de intenso calor ou frio”, explica o cientista.

As cultivares BRS Rúbia 41 e BRS Catarina 64 são resultado de policruzamento entre dez variedades, dentre elas a Amarela de Senador Amaral, cujas sementes foram coletadas em Santa Catarina e em Brasília. Elas fazem parte de uma coleção com 60 clones superiores, dentre os quais quatro se mostraram bem promissores, sendo que outros dois ainda estão em fase de teste com possibilidade de serem lançados como novas cultivares. O processo de experimentação e validação ocorreu no início da década com a parceria de agricultores de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Santa Catarina e das empresas de assistência técnica e extensão rural de Minas Gerais (Emater-MG) e de Santa Catarina (Epagri).

As duas variedades apresentam características desejadas, como formato cilíndrico, coloração amarela intensa, aroma e sabor característicos. Além do alto potencial produtivo, elas têm maior produção de mudas por plantas se comparadas com a Amarela de Senador Amaral.

O plantio é indicado para regiões com altitudes acima de 800 metros, preferencialmente acima de 1.000 metros, para as os estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal. Pesquisas anteriores também têm permitido ampliar o plantio para Santa Catarina e Paraná, que com os três primeiros estados citados são responsáveis pela quase totalidade da produção de mandioquinha-salsa no Brasil. (Carta Campinas com informações de divulgação)