Uma reportagem de Ana Maria Gonçalves, do The Intercept Brasil, mostra que a cidade da região de Campinas, mais precisamente Santa Bárbara D’Oeste, tem uma festa anual para comemorar os racistas dos estados do Sul dos Estados Unidos.

A festa, que aconteceu em abril deste ano, foi a 29ª Festa Confederada, e relembra os estados derrotados e que defendiam escravidão negra. A festa comemora o lado errado da história, com diz Ana Maria Gonçalves:

“Por “lado errado da história”, por mais que se tente amenizar ou mesmo mascarar a intenção dos estados do sul durante a Guerra da Secessão, deve-se entender: o lado que defendia a manutenção de uma economia baseada na escravidão.

Não é apenas nos Estados Unidos que o “lado errado da história” é celebrado e mascarado. Aqui no Brasil, em Santa Bárbara D´Oeste (SP), há mais de 30 anos acontece a Festa Confederada. Com patrocínio estatal e incluída no calendário oficial do Estado de São Paulo, a festa, segundo os organizadores, foi organizada para “manter viva a memória dos nossos ancestrais” – ou seja, os confederados que, depois de derrotados nos sul dos Estados Unidos, vieram procurar abrigo no Brasil, onde ainda havia escravidão.

A história desses ancestrais e de como chegaram a esta região do estado de São Paulo pode ser lida no livro “Brazil: the Home for Southerners” (“Brasil, lar dos sulistas”, em tradução livre), do reverendo Ballard S. Dunn. Na festa dos descendentes dos confederados brasileiros, assim como nas casas e nas manifestações dos supremacistas estadunidenses, a bandeira confederada está em todos os lugares: nas roupas, na decoração, nos uniformes, pintada no palco onde acontecem shows e apresentações.
(…)
Os descendentes dos confederados de Santa Bárbara D´Oeste, representados por uma associação chamada Fraternidade Descendência Americana, soltaram uma nota condenando e lamentando o atentado em Charlottesville. A nota contém trechos de uma mesma nota emitida em 2015, quando do atentado na igreja de Charleston, como podemos ver reportagem, e pode ser lida na íntegra aqui , mas da qual destaco:

“A Fraternidade Descendência Americana representa milhares de descendentes de imigrantes Americanos que escolheram o Brasil como novo lar após sofrerem os horrores da guerra da secessão. Este conflito resolveu todas as divergências filosóficas, políticas, econômicas e sociais, onde o lado vencedor ditou as regras para todos daquele país, cujos efeitos refletem no atual sistema de vida dos Norte Americanos. Nossos ancestrais encontraram no Brasil o abraço acolhedor e a paz para recomeçarem suas vidas, sendo seus descendentes os maiores demonstradores da integração entre raças e povos frutos dos casamentos inter-raciais que ocorrem desde das primeiras gerações de descendentes.”

E:

“Aproveitamos para ressaltar que o General Robert E. Lee é considerado um dos melhores generais da história dos EUA e que ele não possuía escravos e entendia que a escravidão era um grande mal. Ele liderou as tropas confederadas na sua luta pela independência. Desta forma, o General Robert E. Lee não representa os grupos extremistas de direita estadunidense.”

Há tantos problemas nestes dois parágrafos acima que fica difícil começar, mas vou me ater ao que se refere ao general Lee. Nenhum problema que os descendentes de confederados brasileiros queiram continuar reverenciando seus antepassados, mas que o façam com a verdade, em respeito à História e aos descendentes de escravizados. (Veja texto completo)