Por Cida Sepulveda

Vi uma apresentação de Juliana Amaral e Cia, do Estúdio Risco, que me encantou pela qualidade teatral. O grupo fez uma performance do livro de poemas Cena Absurdo, de Pedro Marques.

Cena Absurdo é um conjunto de poemas que retratam a realidade humana, em tom seco e cortante. Utilizando-se de fragmentos de cenas cotidianas, o poeta constrói textos que remetem a diferentes contextos da nossa cultura, desde o mais popular ao mais elitizado.

Quando os leio, me sinto uma observadora do mundo que enxerga o trágico através de lentes que fundem o superficial e o perverso, elementos tão característicos do nosso tempo.
Um diferencial da poesia de Pedro Marques é a simplicidade da linguagem que torna os textos apreensíveis à maioria dos leitores.

Simplicidade que resulta de combinações complexas de ideias e imagens. Jogos de palavras criam sonoridades, ritmos, climas, enfim, cenas comuns ou imprevisíveis.

Retratado em suas contradições e mazelas, através de suas próprias falas recombinadas, o leitor se dá conta de que o lixo humano, no caso, a linguagem marcada pela superficialidade, violência, escárnio, indiferença e uniformidade, serve para poesia.
Parabéns, Pedro, pelo árduo trabalho de burilar realidade e sonho.

CENA ABSURDO
Livro de poemas de Pedro Marques
Ateliê Editorial, 2016

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