ylvers ccEstudo apresentado pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, mostra que o país pode crescer mais se reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O estudo foi coordenado pelos professores Luiz Pinguelli Rosa e Emilio La Rovere, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A apresentação, na semana passada, mostrou os resultados da pesquisa Implicações Econômicas e Sociais: Cenários de Mitigação de Gases de Efeito Estufa (IES-Brasil). De acordo com o documento, a economia brasileira poderá gerar até R$ 609 bilhões a mais de Produto Interno Bruto (PIB) que o projetado no período de 2015 até 2030, caso o país adote medidas mais ambiciosas de redução das emissões de gases ligados ao processo de aquecimento global.

O estímulo à economia poderá ser alcançado por meio de ações de mitigação de emissões como o aumento no uso de biocombustíveis e de investimentos no setor de transportes. A pesquisa aponta, ainda, a agricultura de baixo carbono e o incentivo ao carvão vegetal na siderurgia como alternativas para alavancar uma economia verde no país. A presidente Dilma Rousseff (PT) apresentou na ONU uma meta de redução de emissão de gases em 43% até 2030.

Segundo os cientistas, medidas de mitigação não apresentam apenas custos, mas também podem trazer impactos positivos sobre diversos indicadores econômicos e sociais. Os resultados dependem da natureza e do alcance das medidas adotadas, assim como do modo como os instrumentos serão usados.

“A gente colocou essa ferramenta na mão de um conjunto de pessoas do governo, das [organizações não governamentais] ONGs, do setor produtivo, centrais sindicais e, com isso, a gente teve uma discussão para formular diversos cenários. O que emerge daí [do estudo] são conhecimentos importantes para o debate sobre o futuro da economia brasileira”, afirmou Emilio La Rovere.

O documento avalia os impactos dos cenários de redução de emissões sobre o PIB, a taxa de desemprego, o índice geral de preços, a taxa de investimento, o saldo da balança comercial e o consumo das famílias. Cada uma dessas variáveis foi projetada a partir de uma comparação entre os efeitos esperados das ações já em andamento com o que poderá ocorrer caso o Brasil adote medidas adicionais de mitigação.

Entre os cenários apresentados estão o de média ambição (MA1), que exigiria R$ 99 bilhões em investimentos entre 2015 e 2030; e o de alta ambição (MA2), em que o valor sobe para R$ 372 bilhões no mesmo período.

A elevação dos níveis de emprego e de consumo propiciaria um aumento do PIB que vai de R$ 182 bilhões no cenário MA1 a R$ 609 bilhões no cenário MA2, no acumulado de 2015 a 2030. “Um dos méritos desse projeto é mostrar que pode haver crescimento no país e aumento do nível de emprego em um cenário de economia verde, com redução da emissão de gases de efeito estufa. Um estudo análogo poderá ser aplicado em outros países para enfrentar o aquecimento global”, afirmou o professor Luiz Pinguelli Rosa.

“Nós trabalhamos essa questão de buscar a ciência para dialogar com o desafio que a área ambiental tem, que é expressivo, para desenvolver uma nova competência para o processo decisório de desenvolvimento. Hoje falta discutir nova governança do clima”, disse a ministra Izabella.

O IES-Brasil contou com a participação de representantes dos principais setores da economia e com o apoio institucional do governo federal e faz parte da iniciativa Maps – Mitigation Action Plans and Scenarios, um movimento internacional que conta com a adesão de diversos países do Hemisfério Sul, como África do Sul, Chile, Colômbia e Peru. (Agência Brasil / Marieta Cazarré)