assoc juizes federais CCNo mesmo dia em que a defesa de Lula anunciou que levou os abusos da Lava Jato à ONU (Organização das Nações Unidas) por violação dos direitos humanos – com vazamentos ilegais e prisões preventivas para obter delações -, a força-tarefa divulgou à imprensa um laudo da Polícia Federal sobre o sítio de Atibaia, indicando que Lula e sua esposa, Marisa Letícia, não só sabiam das reformas feitas pela OAS, como “orientaram” parte delas.

“Mediante os exames periciais realizados, constatou-se que as primeiras reformas do Sítio contaram com participação do engenheiro Frederico Horta, funcionário da empreiteira Odebrecht. Após concluída primeira fase das reformas, ainda no ano de 2011, algumas outras intervenções foram realizadas no Sítio ao longo dos anos seguintes. que mais se destaca pelo valor imobilizado foi instalação da Cozinha Gourmet, pelo valor estimado de R$ 252.000,00, cuja execução foi coordenada por arquiteto da empreiteira OAS, Paulo Gordilho, com conhecimento do presidente da OAS, Léo Pinheiro, com orientação do expresidente Lula sua esposa, conforme identificado nas comunicações do arquiteto da empreiteira de Fernando Bittar.”

No laudo, fica claro que a operação de busca e apreensão no sítio, realizada em março deste ano, foi feita com o objetivo de encontrar provas contra Lula. A delegada que pediu a diligência queria saber se Lula tinha objetos no local, se frequentava com assuidade e reformas foram feitas apenas para o usufruto de sua família.

 

Os peritos preferiram, no laudo divulgado nesta quinta (28), responder às questões que envolviam o ex-presidente Lula. Por exemplo: disseram que encontraram no sítio em Atibaia, adquirido por Fernando Bittar e Jonas Suassuna, em 2010, ao custo total de R$ 1,5 milhão, algumas pequenas reformas que batiam com notas ficais apreendidas na cara de Lula em São Bernardo do Campo. No caso, a compra de uma porta de correr e uma solteira de granito, ao custo de aproximadamente R$ 6 mil.

Pela análise de imagens de satélite e das notas fiscais, concluíram que a reforma no sítio começou em final de 2010, quando Lula ainda estava na presidência. Entre 2012 e 2013, a garagem teria passado por um processo de ampliação. Até meados de 2014, melhorias foram promovidas. O custo total estimado pela PF gira em torno de R$ 1,2 milhão.

Na casa de Lula teriam sido apreedidas notas fiscais, anexadas ao processo que corre em Curitiba, da compra de itens que coincidem com os que foram usados na reforma da “cozinha gourmet” do sítio. As notas somam R$ 170 mil. Isso, para a PF, comprova que Lula acompanhou a reforma do sítio.

 

A PF foi atrás da loja que teria executado o serviço de planejamento da cozinha e descobriu que o projeto foi feito com acompnhamento de Paulo Gordilho, engenheiro da OAS. Gordilho enviou para Fernando Bittar, dono do imóvel, um e-mail com a planta digital da cozinha e Bittar, por sua vez, encaminhou cópia para Sandro Luiz, filho de Lula.

A Lava Jato também usa a interceptação de mensagens para alegar que Lula sabia da reforma do local, pois Gordilho teria ido pessoalmente ao sítio conversar sobre isso com Lula e Marisa. Há foto de Gordilho com Lula na data em que ocorreu a conversa.

“Os peritos apontam para evidencias substanciais que Cozinha Gourmet foi reformada instalada entre o período aproximado de março e junho de 2014, tendo sido acompanhada por arquiteto da OAS, sob comando de Léo Pinheiro e, segundo consta nas comunicações do arquiteto da Construtora, com orientação do ex-presidente Lula sua esposa.”

A PF também apontou que a OAS criou um “centro” especial de custos para a reforma do sítio e uma segunda, identificada como “praia” – que poderia ter relação com o triplex no Guarujá, outro motivo para investigações contra Lula.

Pela análise inicial da PF, Bittar não tem renda compatível com a aquisição do sítio e reformas, embora seja necessária uma apuração mais detalhada sobre a sua evolução patrimonial. A Lava Jato suspeita que Lula é o dono oculto do sítio, e que as reformas foram feitas por empreiteiras como troca de favores.

O depoimento dos investigados, como Bittar e Léo Pinheiro, da OAS, dão conta de que as reformas foram feitas como cortesia a Lula, mas não há provas (nem delações) dizendo que Lula teria feito algo em troca. (Do GGN)