A violência contra as mulheres bateu novo recorde em 2024, com 1.492 vítimas de feminicídio, aumento de 0,7% em relação ao ano anterior, segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. As tentativas de assassinato de mulheres também aumentaram, em 19%, com 3.879 casos, assim como a violência psicológica, com crescimento de 6,3% e 51.866 registros. Os dados revelam ainda que, em 2024, foi registrado o maior número de estupros e estupros de vulneráveis desde o início da série história, em 2011. São seis casos a cada seis minutos.
Oito em cada dez mulheres foram mortas por companheiros ou ex-companheiros. Em 97% do total de crimes, os assassinos eram homens e 64,3% das mortes aconteceram em casa. A maioria das vítimas de feminicídio eram negras (63,6%) e tinham entre 18 e 44 anos (70,5%).
Em 2024, a Polícia Militar recebeu duas chamadas por minuto para atender casos de violência doméstica, com um total de 1.067.556 de ligações pelo 190. Mais de 555 mil medidas protetivas de urgência foram concedidas (aumento de 6,6%) e 101.656 foram descumpridas pelo agressor (elevação de 10,8%).
O anuário mostra que houve crescimento de 18,2% dos registros de stalking, o ato de perseguir ou assediar alguém de forma persistente e obsessiva, com 95.026 casos. O stalking foi tipificado como crime no Brasil em 2021, com pena de reclusão de 6 meses a 2 anos, além de multa.
A tendência de crescimento de assassinatos de mulheres, que têm aumentado ano a ano, vem na contramão dos dados gerais: as mortes violentas intencionais tiveram queda de 5,4%, com 44.127 casos. Quase 60% aconteceram em vias públicas e mais de 70% foram causadas por arma de fogo. O perfil da maioria das vítimas é de homens negros com até 29 anos.
Crianças e adolescentes são maioria entre vítimas de estupro
Em 2024, 87.545 pessoas sofreram estupros no Brasil, recorde histórico: 87,7% eram do sexo feminino, 76,8% das vítimas eram vulneráveis e 55,6%, negras. Uma média de seis a cada dez casos ocorrem dentro de casa, por familiares (45,5%), parceiros ou ex-parceiros (20,3%).
Entre as crianças e adolescentes vítimas de estupradores, 10,3% tinham de zero a 4 anos, 18,2% estavam na faixa dos 5 aos 9 anos, 32,9% na de 10 e 13 anos e 16,3% na de 14 a 17 anos. O número de meninas chegou a quase a 56 mil e 11 mil eram do sexo masculino. Isso significa que para cada menino vítima de estupro em 2024, cinco meninas foram vitimadas.
Outros crimes contra vulneráveis também aumentaram em relação a 2023, como abandono de incapaz, maus-tratos, agressão em decorrência de violência doméstica e produção e distribuição de material de abuso sexual infantil.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é elaborado a partir de informações das secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública. Veja abaixo outros dados do levantamento.
Policiais mataram mais de 6,2 mil pessoas em 2024
Apesar da queda do total de homicídios nos últimos anos, as mortes em ações policiais permanecem em níveis alarmantes, mostra o anuário. Em uma década, de 2014 a 2024, 60.394 pessoas foram mortas, mais de 6 mil apenas no ano passado. Em 2024, as mortes causadas por policiais representaram 14,1% do total de mortes violentas intencionais. Esse é justamente um dos motivos do crescimento de assassinatos de jovens entre 12 e 17 anos, na contramão do dado geral. Uma a cada cinco mortes violentas intencionais de adolescentes no país ocorreu em intervenções policiais. Além disso, o risco de uma pessoa negra ser morta por forças de segurança é 3,5 vezes maior que o de uma pessoa branca.
Aumento dos casos de racismo e injúria racial
O país também enfrenta um avanço significativo nos registros de crimes de discriminação e preconceito. Em 2024, os casos de racismo aumentaram 26,3%, enquanto os de injúria racial cresceram 41,4% em relação a 2023. Entre os estados com maior número de ocorrências de racismo por 100 mil habitantes estão o Distrito Federal (30), Rio Grande do Sul (22,1) e São Paulo (17,9), enquanto Santa Catarina (25,4), Distrito Federal (24) e Rondônia (18,9) lideram os casos de injúria racial, proporcionalmente.
Crimes contra população LGBTQIAPN+: falhas nos dados
O monitoramento da violência contra a população LGBTQIAPN+ ainda enfrenta desafios significativos, com dados inconsistentes ou ausentes em dez estados. Apesar de serem números parciais e limitados, em 2024, foram registradas 4.929 ocorrências de crimes contra pessoas LGBTQIAPN+, o que representa um aumento de 1,9% em relação ao ano anterior. O Rio Grande do Sul lidera em número absoluto de casos, com 1.004 registros de lesões corporais dolosas.
Cibercriminalidade aumenta, enquanto roubos caem
A criminalidade no país está migrando para o ambiente digital. Em 2024, foram registrados mais de 2,1 milhões de estelionatos, uma média de quatro golpes por minuto — crescimento de 408% desde 2018. As maiores taxas estão concentradas em São Paulo. Por outro lado, os roubos de veículos, a comércios, residências, pessoas nas ruas, de carga e em instituições financeiras vêm caindo consistentemente, com reduções que variam de 10,4% a 24,4%.
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