Rede Sustentabilidade lança Elo Negro, iniciativa para fortalecer a participação de pessoas negras na política partidária

(foto divulgação)

No próximo dia 22 de fevereiro, a Conferência Estadual da Rede Sustentabilidade, vai lançar o Elo Negro, uma iniciativa que visa promover e fortalecer a participação de pessoas negras na política partidária.

A criação do Elo Negro surge como resposta à urgência de enfrentar as desigualdades raciais que persistem na política brasileira. Apesar de mais de 56% da população se autodeclarar preta ou parda, a representação política desse grupo ainda é extremamente limitada. Dados recentes mostram que, mesmo com o aumento de candidaturas negras, as barreiras estruturais, como a falta de financiamento de campanha e o acesso desigual a redes de apoio político, continuam a dificultar a eleição de pessoas negras para cargos públicos.

De acordo com Alinne Motta, uma das idealizadoras do Elo Negro, “a sub-representação da população negra na política é um obstáculo central à democracia brasileira. O Elo Negro surge como um espaço de articulação e mobilização para garantir que as vozes e demandas das comunidades negras sejam ouvidas e representadas dentro do partido e na sociedade como um todo”.

O Elo Negro da Rede Sustentabilidade de São Paulo terá como objetivos principais:
1. Formação política para lideranças negras, por meio de cursos, oficinas e mentorias que capacitem futuros representantes em estratégias políticas e gestão pública;
2. Ampliação da presença de mulheres negras nos espaços de poder, enfrentando a dupla discriminação de gênero e raça;
3. Estruturação do coletivo, com a contratação de profissionais e a criação de núcleos regionais em todos os estados, garantindo a capilaridade das ações;
4. Desenvolvimento de projetos de impacto comunitário, como programas de educação política, capacitação profissional e apoio a empreendedores negros;
5. Promoção de campanhas de mobilização e engajamento da população negra, especialmente em períodos eleitorais;
6. Valorização da história e cultura afro-brasileira, por meio de projetos culturais e políticos que fortaleçam a identidade e a autoestima da população negra.

A proposta do Elo Negro está alinhada ao Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010) e à Resolução TSE nº 23.714/2021, que estabelecem diretrizes para o financiamento eleitoral equitativo e a promoção da igualdade racial. Além disso, o partido se inspira na teoria da justiça distributiva racial de Nancy Fraser, que defende a redistribuição material aliada ao reconhecimento simbólico como pilares para a construção de uma sociedade mais justa.

Camila Patrício, integrante do Coletivo Negro, ressalta que “a criação do Elo Negro é um marco na trajetória da Rede Sustentabilidade. É um passo fundamental para garantir que as políticas públicas antirracistas sejam efetivas e que a luta por equidade racial esteja no centro da agenda política do partido”.

Flávio Soares de Barros, que foi indicado pelo partido para se candidatar a prefeito em 2024, compartilhou sua experiência: “Foi minha primeira campanha. Aprendi muito no processo. O momento que mais me marcou foi ao ser abordado por uma mulher negra, ainda na pré-campanha. Ela não me conhecia e, depois de criticar os políticos da cidade, fez um pedido, enquanto estávamos nos despedindo. ‘Por favor, seja eleito’. Esse momento me emocionou. Se, dos 5.569 prefeitos no Brasil, apenas 108 (1,9%) se autodeclararam homens pretos, enquanto 20 (0,4%) se definiram como mulheres pretas (INESC-Common Data), a fala daquela mulher simples me fez intuir com clareza tudo o que estava implícito naquela frase. Representatividade, exclusão e tantos outros temas que discutimos tanto se tornaram quase palpáveis. Essas vozes precisam ser ouvidas e precisam ser o objetivo principal de nossa ação política, dentro e fora dos partidos.”

O lançamento do Elo Negro ocorre em um momento emblemático, no qual o Brasil assume um papel de liderança na promoção da igualdade racial no cenário internacional, com a proposta de criação do ODS 18 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) durante a Assembleia Geral da ONU em 2023, que coloca o combate ao racismo no centro da Agenda 2030. (Com informações de divulgação)


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