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Áreas verdes e com corpos d’água podem reduzir temperatura nas cidades em até 5 graus

Bosque dos Jequitibás, em Campinas (foto: rogério capela/prefeitura de campinas)

Um estudo internacional, com participação da Universidade de São Paulo (USP), mostrou os efeitos positivos de áreas verdes e corpos d’água na redução do calor urbano em todo o mundo. A partir da revisão de 202 artigos científicos, os pesquisadores verificaram que é possível conseguir um resfriamento de até 5 graus Celsius da temperatura do ar com as chamadas Áreas de Infraestrutura Urbana Verde-azul-cinza (GBGIs), que incluem jardins botânicos, parques verdes, rios e lagos, entre outros. Os resultados do trabalho foram publicados no artigo “Urban heat mitigation by green and blue infrastructure: Drivers, effectiveness, and future needs“, na revista científica “The Innovation”.

A pesquisa foi realizada em colaboração com a Universidade de Surrey, no Reino Unido, e coordenada pelo professor Prashant Kumar. “O trabalho integrou instituições de diferentes países, em vários continentes, que têm desenvolvido projetos em temas ligados à poluição do ar e outras questões da urbanização, como a ilha de calor urbana”, afirmou a física Maria de Fátima Andrade, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e uma das autoras do artigo. As ilhas de calor são locais onde a temperatura é mais alta do que em regiões rurais próximas, em cidades com elevado grau de urbanização.

“Em trabalhos anteriores, foram analisadas emissões em diferentes tipos de cozinhas em diferentes partes do mundo, e a exposição a poluentes produzidos por diferentes modais de transporte, como carros, ônibus e trens. A pesquisa atual teve o objetivo de fazer uma revisão de trabalhos publicados em diferentes países sobre o impacto da presença de vegetação ou água na mitigação do calor urbano”, explicou a professora. Além de Brasil e Reino Unido, o trabalho envolveu pesquisadores da Austrália, China e Estados Unidos.

As áreas de infraestrutura urbana são classificadas em verde, azul e cinza. A verde inclui parques, florestas urbanas, árvores, paredes e telhados verdes. A azul reúne rios, lagos e corpos d’água em geral e a cinza, construções como calçadas, edifícios, estradas e sistemas de drenagem. O trabalho de revisão abrangeu 202 artigos, a maioria da Ásia (51,1%), em especial da China (29,95%), seguida pela Europa (30,4%), Austrália (7,5%), América do Norte (7,0%), América do Sul (1,8%), África (1,8%) e Nova Zelândia (0,4%).

Dos jardins botânicos às plantas na varanda

A pesquisa analisou 51 itens, divididos em dez categorias, comparando os dados de resfriamento do ar. O maior impacto foi verificado em jardins botânicos, com máxima de 5 graus e mínima de 3,5 graus Celsius (°C), seguidos pelas áreas úmidas, entre 3,2 e 4,9°C, paredes verdes, de 4,1 a 4,2°C, árvores nas ruas, 3,1 a 3,8° C, e varandas com vegetação, de 2,7 e 3,8°C.

“O principal benefício ambiental dos GBGIs é o resfriamento de áreas urbanas, em especial as já afetadas pelas ilhas de calor urbano”, destacou Maria de Fátima Andrade. “Mas outro ponto importante é o papel da vegetação na absorção de gás carbônico (CO2) através da fotossíntese. Esse papel da vegetação pode ser determinado com medidas em superfície.” O CO2 é um dos principais poluentes atmosféricos nas cidades, lançado principalmente com a queima de combustíveis fósseis.

Entre as recomendações que são feitas para os governos, a pesquisadora inclui novos códigos para construções nas cidades, criação de campanhas mostrando a importância da vegetação e disponibilização de recursos financeiros nos planos de ação oficiais para a recuperação de áreas verdes. (Com informações de Júlio Bernardes/Jornal da USP)

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