Em São Paulo – O mês de setembro começa repleto de grandes espetáculos no Theatro Municipal de São Paulo e na Praça das Artes. Os destaques vão para as apresentações do Balé da Cidade, com a exibição de Sixty-Eight e Inacabada, e do Coral Paulistano com a Cantata de André Mehmari e Taverner a Taverner — Da Renascença à Atualidade, com regência de Isabela Siscari, todos apresentados no palco do Theatro Municipal. Já na Praça das Artes, acontecem o Esta Noite se Improvisa! – com participação da rapper Clara Lima e do expoente do reggae Kuky Lughon; a apresentação Latino-Americano, do Quarteto de Cordas, que traz em seu programa obras cubanas e argentinas; e a Camerata da Orquestra Experimental de Repertório apresentando Haydn.

(Foto: Stig de Lavor)

Em Sixty-Eight e Inacabada, o Balé da Cidade conta com a Orquestra Sinfônica Municipal em dois programas: Sixty-Eight, do compositor americano John Cage, com coreografia de Alejandro Ahmed, e Sinfonia número 8 em Si menor, Inacabada, do compositor austríaco Franz Schubert, com coreografia de Ihsan Rustem. As apresentações ocorrem na Sala de Espetáculos entre os dias 2, às 17h, e 11 de setembro, às 20h, com classificação de 18 anos e ingressos entre R$ 10 e R$ 80.

Mais sobre a programação de dança

A dança é o principal foco das apresentações do Complexo Theatro Municipal no mês de setembro. O brasileiro Alejandro Ahmed, conhecido por seu trabalho à frente da Cena 11 Cia. de Dança, apresenta uma coreografia que desafia espectadores – e bailarinos — ao interpretarem a música Sixty-Eight, de John Cage, enquanto o inglês Ihsan Rustem traz um trabalho cheio de mistério e poesia para a bela sinfonia Inacabada, de Schubert. Duas obras separadas em pelo menos um século desde que foram executadas pela primeira vez e que serão regidas pelo maestro Alessandro Sangiorgi.

“É uma alegria trazer a expertise e competência de coreógrafos como Alejandro Ahmed e Ihsan Rustem, com seus trabalhos consolidados tanto no que concerne às suas propostas artísticas, quanto às suas experiências”, diz Andrea Caruso Saturnino, diretora-geral do Complexo Theatro Municipal.

“Alejandro Ahmed tem um trabalho absolutamente marcante e estamos lisonjeados com esse intercâmbio com o Balé da Cidade”, afirma Cassi Abranches, diretora artística da companhia de dança do Theatro Municipal. No caso de Ihsan Rustem, desde “Deranged”, do austríaco Chris Haring, em 2018, o Balé não se unia a um coreógrafo internacional. Ihsan, que também atuou como bailarino em algumas das maiores companhias do mundo, conhecia o trabalho do Balé da Cidade e ficou feliz com o convite para coreografar a Inacabada, que será a sua segunda coreografia na América Latina”, completa Cassi Abranches.

O maestro responsável pela regência da Orquestra Sinfônica Municipal, Alessandro Sangiorgi, reforça como são especiais as escolhas musicais do programa: “É sempre um privilégio e uma alegria reger a ‘Inacabada’ de Schubert, uma das pérolas do repertório sinfônico”, afirma. Franz Schubert faleceu aos 31 anos e deixou essa sinfonia, como seu próprio nome assinala, sem conclusão. Sua primeira apresentação com uma orquestra aconteceu somente 43 anos depois de sua escrita e é a primeira criação em solo nacional assinada por Rustem.

Impermanência e mistério são alguns dos aspectos que povoam os intrincados e intrigantes movimentos dos 15 bailarinos em cena. A ideia tão humana do que não foi finalizado, do que não foi dito e até mesmo do que não permanece perpassa as diferentes situações apresentadas na coreografia, cuja criação contou com processos dos bailarinos explorando situações pessoais vividas relacionadas ao tema do inacabado e do impermanente, que remetem a finais e perdas. Na tônica da coreografia, movimentos exploram ao máximo a fisicalidade musical de Schubert. “Eu gosto de ver a música nos dançarinos”, resume Rustem, que explora ainda a parceria intrincada e possibilidades teatrais em cena. Figurinos inspirados nos séculos XIX e XX se apresentam muitas vezes incompletos, numa leitura contemporânea dos trajes de época assinados por Cassiano Grandi. A iluminação fica a cargo de Caetano Vilela.

Já Sixty-Eight é uma obra musical escrita por John Cage no início da década de 1990, uma obra sem uma proposição inicial explícita de ser trazida ao universo da dança. O maestro Sangiorgi explica: “É uma obra na qual a indeterminação é a palavra-chave. Trata-se de uma sequência de 15 notas, cada uma delas durando entre zero e dois minutos. E essas notas, qualquer que seja o músico designado a tocar, têm uma variação de quando começam e quando terminam, contanto que se obedeça a orientação de tempo desejada pela partitura. Ou seja: temos notas com texturas diferentes provocando alguma harmonia, já que a cronometragem as encavala umas com as outras. Numa obra como essa, juntar música e dança dá uma dimensão muito diferente e especial.

Ahmed complementa: “É uma coreografia que se auto-organiza através de um consenso de restrições que a gente estabelece e que faz com que as possibilidades não sejam simplesmente pré-determinadas pela autoridade do coreógrafo”, explica Ahmed, que trabalha pela primeira vez com a companhia de dança do Theatro Municipal. “Ela aborda o atravessamento das liberdades de escolha vinculadas a um consenso coreográfico comum que a gente estabeleceu, suscitando reflexões sobre a coletividade. É como um objeto que você reconhece o que é, mas está sempre em transformação”, afirma.

No trabalho coreográfico, 12 bailarinos em cena se distribuem em rampas, executando livremente uma partitura ou jogo matemático de regras a partir de um metrônomo-luminoso criado pelo artista Diego de Los Campos. Esse metrônomo, que cria compassos de entradas e saídas dos bailarinos em cena, está programado de acordo com um sistema digital. Dessa forma, há uma certa randomicidade, que resulta numa obra artística única a cada dia, e reflete sobre os conceitos de autonomia e coletividade.

Os figurinos são assinados por Karin Serafin com a assistência de Juliana Laurindo. Por vezes com o uso de máscaras, por vezes com a ausência total de qualquer adereço, são apresentadas possibilidades de extensão tecnológica e biocultural da roupa – adereço que protege, mas, também, transforma a percepção do movimento. A iluminação é de Mirela Brandi.

As apresentações têm duração total de 1h20, com intervalo de 20 minutos e acontecem nos dias 2/9 (20h), 3/9, 4/9 e 7/9 (17h), 8/9 e 9/9 (20h) e 10/9 e 11/9 (17h). A classificação indicativa é 18 anos e os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 80.

BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL
Alessandro Sangiorgi, regência

JOHN CAGE
Sixty-Eight*
Alejandro Ahmed, coreografia

* Editor: Ed. Peters. Representante exclusivo Barry Editorial

FRANZ SCHUBERT
Sinfonia em Si menor, Inacabada
Ihsan Rustem, coreografia

2/9 (20h), 3/9, 4/9 e 7/9 (17h), 8/9 e 9/9 (20h) e 10/9 e 11/9 (17h)

Local: Theatro Municipal – Sala de Espetáculo

Capacidade: 1503 lugares
Classificação: 18 anos
Duração: aproximadamente 60 minutos
Ingressos: R$ 10,00 a R$ 80,00

Outros destaques da programação

O Coral Paulistano também tem presença marcante nas apresentações para o mês de setembro. Nos dias 17 e 18, o concerto Cantata chega ao Theatro Municipal para encantar os amantes da música de coral, contando com a regência de Maíra Ferreira e programa com a assinatura do compositor e pianista André Mehmari, que estará ao piano junto da clarinetista Paula Pires. No dia 29, é a vez do Taverner a Taverner — Da Renascença à Atualidade, apresentação do Coral Paulistano que compara canções escritas por compositores antigos e contemporâneos. Realizado no Salão Nobre, a regência será feita por Isabela Siscari e contará com o programa de Thomas Tallis (If ye love me (3’)); Philip Stopford (If ye love me (4’)); J. Taverner (Kyrie Le Roi (7’)); J. Taverner (Birthday Sleep (6’)); J. Taverner (Quemadmodum (5)); J. Taverner (Butterfly dreams (13’) e The Lamb (4’)); J. Taverner (Ave dei Patris Filia (14’)).

(Foto: Flávio Charchar)

A Cantata com André Mehmari será realizada sempre às 17h, com classificação livre e ingressos a R$ 30. Já o Taverner a Taverner acontece no dia 29, às 20h, com classificação livre, duração de 60 minutos e ingressos a R$ 30.

No dia 13, é a vez da Ópera Domitila, que faz parte do projeto Fora da Caixa, que leva montagens de récitas para fora da caixa cênica. Realizada nas escadarias do Municipal, a ópera será apresentada em um ato e conta a história por meio das cartas de amor trocadas entre Dom Pedro I e a Marquesa de Santos. A ópera Domitila celebra os 200 anos da Independência do Brasil, celebrado em 2022, e foi escrita no ano 2000 por João Guilherme Ripper a convite do CCBB do Rio de Janeiro para uma soprano – em destaque nesta montagem Gabriella Pace, um piano, um violoncelo (Rafael Cesario), e clarinete, além de contar com André Heller na direção cênica. A classificação é livre e vai contar com ingressos a R$ 50.

No final do mês, mais especificamente dia 30, estreia a ópera O Amor das Três Laranjas – “L’Amour des Trois Oranges”, de Sergei Prokofiev. A trama cômica e de origem complexa é um conto do século 17 escrito por Giambattista Basile, adaptado para o teatro por Carlo Gozzi no século seguinte, traduzido para o russo por Meyerhold e adaptado em francês para o libreto pelo próprio compositor e por Vera Janacópulos, soprano brasileira de primeira importância em sua época por divulgar nomes com Villa Lobos na Europa.

O enredo, que flerta com o surrealismo fantástico, narra a saga de um rei para curar a melancolia de seu filho. Para tal fim, ele convoca uma série de entretenimentos, personagens oriundos da Commedia dell’Arte, magos, bruxas e uma musicalidade radiante que se coloca entre a música russa e a tradição romântica (como não lembrar da célebre marcha?). A ópera, que contará com a participação da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coro Lírico, terá na direção cênica o ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos, o maestro Roberto Minczuk na regência e na direção musical, além de Alessandro Sangiorgi, também na regência. Com 2h30 de duração, a obra tem classificação livre e os ingressos variam entre R$ 10 e R$ 120.

No dia 4, às 11h, a Orquestra Experimental de Repertório apresenta a obra Sinfonias Fantásticas VII. Com a regência do maestro Jamil Maluf, o repertório traz a PREMÊ arr. (São Paulo São Paulo (4’)), do compositor brasileiro Nelson Ayres; o Concerto para Piano em Fá Maior (31’), do compositor e pianista George Gershwin e a Sinfonia nº 9, Op. 95 em Ré Menor. (40’), do compositor tcheco Antonin Dvorák. Com 75 minutos de duração, a classificação é livre e os ingressos variam entre R$ 10 e R$30.

Além dessa apresentação, integrantes da Orquestra Experimental de Repertório se reúnem na Camerata que irá se apresentar no Espaço de Convivência da Praça das Artes, no dia 17, às 17h. Com a regência do maestro convidado, Dario Sotelo, a apresentação acontecerá na cerimônia de premiação do Concurso Jovens Solistas da Camerata da Orquestra Experimental de Repertório. A apresentação contará com a regência de Thiago Tavares e com Matheus Colares no oboé, apresentando as músicas Concerto para Oboé em Ré menor (18’), do compositor alemão Ludwig August Lebrun e Sinfonia n.1 em Dó Maior (27’), do compositor francês Georges Bizet.

O corpo artístico ainda apresenta, na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal, um concerto com os vencedores do concurso Jovens Solistas. A apresentação, que acontece no dia 25, às 11h, traz o regente Lucas Araújo como convidado e apresenta o programa Noturno, do compositor brasileiro Carlos dos Santos. A classificação é livre e com ingressos entre R$10 e R$30.

Para os amantes do violino, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo fará múltiplas apresentações no mês de setembro. O primeiro concerto, Latino-Americano, será apresentado no dia 15, às 19h, na Sala do Conservatório, tendo no programa o Quarteto nº 3, do cubano Leo Brouwer e o Quarteto nº 1, do compositor argentino Alberto Ginastera. O segundo concerto, Percussão e Cordas, será nos dias 28 e 29, ambos às 19h, também na Praça das Artes e vai contar com o reforço da percussão de dois grandes nomes: Ari Colares e Edu Ribeiro. Os dois concertos têm duração de 60 minutos, possuem classificação livre e os ingressos serão vendidos a R$30.

Os versos tomam conta da Praça das Artes em diversas apresentações artísticas gratuitas e abertas ao público no mês de setembro. No dia 14, às 20h, o vão da Praça das Artes recebe mais uma vez o Esta Noite se Improvisa!. Na série, o MC Max BO, ex-apresentador do programa Manos e Minas e uma das maiores referências em freestyle do Brasil, irá interagir com os artistas presentes, convidando-os à arte do improviso. No dia 21, às 19h, acontece no vão, o Sarau na Praça, que reúne os principais saraus da cidade de São Paulo na Praça das Artes.

Para mais informações sobre os espetáculos e ingressos acesse a página do Theatro Municipal de SP.

Theatro Municipal
Praça Ramos de Azevedo, s/nº
Sé – São Paulo, SP
Capacidade Sala de Espetáculos – 1530 pessoas

Praça das Artes
Avenida São João, 281
Sé – São Paulo, SP
Capacidade Sala do Conservatório – 200 pessoas

(Carta Campinas com informações de divulgação)